quinta-feira, 28 de abril de 2011

Livro: A Menina Que Roubava Livros de Markus Zusak

Liesel Meminger era uma menina, cuja mãe a abandonou para que ela não morresse na mão dos nazistas, assim como tinha morrido há pouco, o seu irmãozinho.

Foi em 1939 que Hans e Rosa Huberman ficaram sendo os pais adotivos de Liesel. Quatro anos depois, em 1943, Liesel já tinha encontrado a morte e escapado dela, pelo menos três vezes, e ainda assim ela continuava roubando livros...

Assim começa a excelente história da menina que roubava livros, do craque  Markus Zusak, australiano, escritor de sucesso aos 31 anos de idade. No Brasil sua única edição é este A Menina que Roubava Livros ou The Book Tief, no original. No idioma inglês ele publicou, também, Fighting Ruben Wolfe, Getting The Girl e I Am The Messe.

Autor Markus Zusak
 O mais inusitado da "A Menina que Roubava Livros" é que a narrativa é feita pela morte embora não se trate de livro de terror ou suspense. O livro surpreende logo no prólogo, que vai transcrito em seguida.

A história da Liesel guarda certa semelhança com o "Diário de Anne Frank", embora o Markus Suzak seja um talentoso e excelente contador de casos. A semelhança com o Diário de Anne Frank, escrito pelo ghost-writer Meyer Levin, está no fato do personagem central ser uma criança abandonada, que além de sobreviver às angústias, tristezas e miserabilidades próprias da guerra, encontra ânimo e coragem para se alegrar e se divertir com coisas bem simples, do dia-a-dia. Tais fatos, quando contados com talento, emocionam os leitores, porque crianças - mesmo frágeis e dependentes - se divertem e se alegram a despeito das vicissitudes, mesmo quando se encontram nas situações muito adversas.

Aquilo que abala qualquer adulto passa incólume na visão e na vida da criança. Criança é assim mesmo, as vezes ela nem percebe as dificuldades que apavoram os adultos.

Liesel Meminger, órfã de pai e mãe é uma garotinha pré-adolescente, que durante a 2ª Guerra Mundial mora nas proximidades de Munique e tem o hábito de roubar coisas. Livros, por exemplo.

Com a ajuda de seu padrasto ela aprende a ler e dividir os livros - e outros objetos que rouba - com os seus vizinhos. Liesel é muito apegada a um judeu, que perseguido pelos seus próprios amigos "puros alemães", se refugia num sótão, durante os bombardeios que, constantemente, são feitos sobre a cidade.

A Menina que Roubava Livros é história reveladora, simbólica, divertida e abstrata, contada pela morte, mas é também um autentico libelo que o Zusak faz contra a vilania, a moleza, o comodismo, a covardia, o medo e a morte, usando como arma principal a linguagem da veneração pelos livros. As vezes ela usa só a palavra. Encante-se. Leitura fácil e gostosa Na livronautas o livro (fazer link para o livro) tem o conceito máximo: excelente. Não comece a ler se você tiver compromisso no mesmo dia.
Da última capa do livro tiramos esta frase: "Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler"...

Leia este pequeno trecho do livro: (prólogo) "...Morte e Chocolate Primeiro, as cores. Depois, os humanos. Em geral, é assim que vejo as coisas. Ou, pelo menos, é o que tento. Eis um pequeno fato: "Você vai morrer". Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo. Reação ao fato supracitado."Isso preocupa você? Insisto - não tenha medo. “Sou tudo, menos injusta.” - É claro, uma apresentação. Um começo. Onde estão meus bons modos? Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente. Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos. A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu? Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo - o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar. Uma pequena teoria. " As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas. No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los." Já que aludi a ele, o único dom que me salva é a distração. Ela preserva minha sanidade. Ajuda-me a agüentar, considerando-se há quanto tempo venho executando este trabalho. O problema é: quem poderia me substituir? Quem tomaria meu lugar, enquanto eu tiro uma folga em seus destinos-padrão de férias, no estilo resort, seja ele tropical, seja da variedade estação de inverno? A resposta, é claro, é ninguém, o que me instigou a tomar uma decisão consciente e deliberada - fazer da distração minhas férias. Nem preciso dizer que tiro férias à prestação. Em cores. Mesmo assim, é possível que você pergunte: por que é mesmo que ela precisa de férias? De que precisa se distrair? O que me traz à minha colocação seguinte. São os humanos que sobram. Os sobreviventes. É para eles que não suporto olhar, embora ainda falhe em muitas ocasiões. Procuro deliberadamente as cores para tirá-las da cabeça, mas, vez por outra, sou testemunha dos que ficam para trás, desintegrando-se no quebra-cabeça do reconhecimento, do desespero e da surpresa. Eles têm corações vazados. Têm pulmões esgotados. O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando esta noite, ou esta manhã, ou seja lá quais forem a hora e a cor. É a história de um desses sobreviventes perpétuos - uma especialista em ser deixada para trás. É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre outras coisas: " Uma menina " Algumas palavras " Um acordeonista " Uns alemães fanáticos " Um lutador judeu " E uma porção de roubos Vi três vezes a menina que roubava livros.

Este, além de muitos outros livros excelentes estão disponiveis no Livronautas através do site: http://www.livronautas.com.br/

terça-feira, 26 de abril de 2011

Livro: Comprando Ações e Vendendo Opções de Alexandre Wolwacz

Comprando Ações e Vendendo Opções é um livro que explica o que é uma opção e como surgiu esse papel na Bolsa de Valores, destinado ao trader que objetiva aprender táticas e operações para maximizar suas oportunidades e minimizar os riscos no mercado financeiro.

O autor deste livro, que trata do mercado financeiro é Alexandre Wolwacz conhecido nos fóruns online pelo nick Stormer, Alexandre atua como trader e analista técnico há 10 anos, sendo fundador e diretor da Leandro & Stormer. Autor do livro Táticas Operacionais de Posição em Ações, já na segunda edição, é professor de cursos avançados de análise técnica. Ele é médico cirurgião-plástico formado pela UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Isto é para provar que você pode ter qualquer profissão: médico, dentista, jornalista, artista, administrador, padre, industriário, comerciário ou político mas sempre poderá aplicar dinheiro em ações na bolsa de valores. Livronautas é assim: tem livros comentados sobre quase todos os assuntos. 

Autor Alexandre Wolwacz
Comprando Ações e Vendendo Opções é mais um, entre centenas de cursos à distância que o leitor pode fazer para entrar no mercado de ações, funcionando como uma apostila de estratégias para investir bem o capital na Bolsa de Valores. Nada muito sofisticado, nem nada muito fácil de entender para os não iniciados. Bom livro.

Para encontrar mais informações sobre este livro e autor e muitos outros, acesse o site http://www.livronautas.com.br

Lista de livros muito bons - Clique Aqui

Biografia de Alexandre Wolwacz e seus livros - Clique Aqui

domingo, 24 de abril de 2011

Livro John Lennon - A Vida de Philip Norman

A vida completa, ou em partes, do beatle John Winston Lennon foi exageradamente falada, escrita, discutida, filmada e comentada durante sua curta existência de 40 anos, e muito mais depois de 1980, quando morreu assassinado.

Agora, a editora Companhia das Letras , pelas mãos de Roberto Muggiati, traduziu John Lennon – The Life, escrito com o talento do jornalista Philip Norman.

Num livrão de 839 páginas o autor narra a biografia de Lennon de uma forma razoavelmente equilibrada sem grandes dramas, nem sensacionalismo e menos ainda, sem o endeusamento de fã, comum em qualquer biografia, memória ou reportagem sobre os Beatles.

Neste livro John Lennon não virou bonzinho porque morreu. Norman vai passando a infância, a adolescência e a fase adulta de Lennon com um incrível detalhismo, que – por vezes – torna a leitura monótona. Ele praticamente disseca o talento do compositor e do cantor, assim como disseca os motivos que o levaram a compor com Paul MacCartney, ou individualmente toda a imensa discografia, detendo-se em minudências sem fim.

Na vida pessoal descreve cada baseado, cada ácido ou porre que Lennon tenha usado. Na vida sexual fala dos arranjos amorosos ou apenas dos encontros casuais, em cada cama, beco ou lugar que tenha acontecido, tanto com as mulheres conhecidas como Cynthia ou Yoko, sem poupar alusões de incesto ou de homossexualismo. Chega a enjoar. O mesmo acontece na vida familiar e social onde Norman escancara as taras, as manias, as idiossincrasias, as manifestações de amor, as besteiras e até os atos de pequenez ou de grandeza.

O leitor fica com a impressão de que Norman tivesse acompanhado tudo de muito perto, inclusive seu assassinato à queima-roupa por um rapaz seriamente perturbado. Mas em qualquer circunstância o autor ilumina a personalidade as vezes surpreendentemente insegura e contraditória de Lennon. Não sobrou nenhum demônio íntimo que Philip Norman não tivesse perpassado. O resultado é bom, a leitura flui como um romance grande. Ao final fica a certeza de que John Lennon era autoritário, grosseiro, soberbo, machista, egoísta, doce, violento, egocêntrico, antipático, sarcástico, pedante, inseguro, carente, caseiro, inteligente, rebelde e criativo. Tudo ao mesmo tempo. Como compositor e cantor, simplesmente gênio. Gênio, e como todo gênio, imortal.

John Lennon - A Vida
 O autor, Philip Norman é britânico, nascido em 1943.
Jornalista famoso trabalhou no Sunday Times e Daily Mail. Nos EUA já publicou livros sobre a vida de Rolling Stones e Elton John.
No Brasil seu livro de estréia é: John Lennon - A Vida

Se voce desejar poderá mandar seu comentário sobre este livro para http://www.livronautas.com.br/ . O conceito do livro – até aqui – é Muito Bom. Em seguida confira um trecho do livro.

As várias ondas de misticismo da década de 1960 exerceram profunda influência sobre COX. Durante sua estada conjunta na Dinamarca, ele apresentou a John e Yoko o americano Don Hamrick, uma das principais luzes de um culto intitulado Os Arautos. Os dois se submeteram a hipnose com Hamrick numa tentativa de curar seu pesado hábito do fumo e, secundariamente, reviver suas existências anteriores. Ele também alegava estar em comunicação com outros mundos e, com um companheiro de culto, havia proposto trazer óvnis genuínos ao Festival da Paz de Toronto. Embora permanecesse amigo de Hamrick, Cox havia desde então avançado espiritualmente, convertendo-se, entre todas as coisas, ao movimento da Meditação Transcendental, do Maharishi Mahesh Yogi. No decorrer do tempo, sua opinião sobre John mudou radicalmente, de "grande sujeito" e apoiador em potencial este passou a ser um viciado em drogas e ameaça ao bem-estar moral de sua filha (embora ele tenha ficado satisfeito em filmar John e Yoko fumando maconha com Michael X enquanto Kyoko brincava na mesma sala). Cox passou então a dificultar cada vez mais o acesso à menína e, por fim, em meados de abril, sem qualquer aviso, abandonou com Melinda e Kyoko o apartamento londrino em que viviam.


Inicialmente não houve nenhuma pista sobre seu paradeiro ou suas íntenções. Então, seu amigo Arauto Don Hamrick deixou escapar que ele estava freeqüentando um curso de Meditação Transcendental na ilha espanhola de Maiorca, onde o Maharishi agora tinha uma casa. Com Dan Richter e o advogado espanhol Cesar Lozano, John e Yoko voaram em jato fretado até Maiorca e tiraram Kyoko do jardim-de-infância em Cala Ratjada onde Cox a havia matriculaado. Antes que pudessem escapar, Cox soube do ocorrido e chamou a polícia. John e Yoko foram detidos na sua suíte no Hotel Meliá, em Palma de Maiorca, de novo separados de Kyoko, e levados à delegacia de polícia.
Kyoko ainda relembra com nitidez o ciclo de suas emoções naquele dia entre o sol e as flores: do choque de ser arrancada da sala de aula ao prazer de rever John e Yoko, ao medo do que seu pai poderia dizer e ao temor de que os adultos tivessem outra de suas brigas aos gritos. Uma audiência sumária sobre o caso foi convoca da no tribunal de Palma, começando à meia-noite e prosseguindo quase até o amanhecer. O juiz ordenou que Kyoko fosse levada à sala onde estavam detidos John e Yoko e depois à outra sala onde seu pai injuriado aguardava com Melinda.


John com Paul McCartney
 Num eco arrepiante do que acontecera com John mais ou menos à mesma idade, pediram a ela então que dissesse com quem preferia ficar. Acostumada com os cuidados de Cox, Kyoko o escolheu. Cox deixou o tribunal às pressas com ela nas costas e os dois foram levados embora de carro a toda velocidade. Poucos dias depois, os adversários deram uma entrevista coletiva e anunciaram que todo o episódio havia sido um infeliz mal-entendido. Kyoko teve até a permissão de voltar com sua mãe a Tittenhurst Park.
John e Yoko foram liberados, mas sob a condição de voltarem a Maiorca no fim do mês para responder novas interrogações sobre o "seqüestro". A data da audiência, porém, conflitava com a do Festival de Cinema de Cannes, onde iriam estrear os filmes Apotheosis e Fly (o primeiro debaixo de vaias, o segundo sob uma ovação do público em pé). Depois, tiveram de honrar uma promessa feita meses antes, de visitar Michael X no seu exílio em Trinidad. Assim, enquanto Richter ia tentar resolver as coisas em Palma, eles passaram uma semana lealmente na companhia do demagogo em desgraça e de sua família no condomínio fechado perto de Port of Spain onde ele planejava agora - com o patrocínio de John - fundar uma "universidade alternativa".
Em 24 de maio foi lançado no Reino Unido o segundo álbum solo de Paul McCartney. Intitulado Ram, era creditado a "Paul e Linda McCartney" em uma aparente imitação de John e Yoko. A capa mostrava Paul como um tosador escocês, agarrando os chifres torcidos de um carneiro lanoso. Embora mal recebido pela crítica, alcançou o primeiro lugar na parada americana e o segundo na Grã-Bretanha, gerando ainda um single de sucesso, "Uncle Albertl Admiral Hallsey". Incluía também uma faixa intitulada "Too Many People", claramente uma alusão ao fato de John ter ficado com Yoko em detrimento dos Beatles. "Aquele foi o seu primeiro erro", dizia o refrão. ''Você pegou sua chance e a rompeu pelo meio."
Por mais suave e oblíquo que fosse o comentário, pareceu atingir John em cheio no coração. Somado ao questionário enviado junto com o álbum McCarttney e o processo legal, era como o ponto sem volta de um casal que se divorciava, assinalando a transformação do amor numa hostilidade selvagem e sem limites. De fato, a raiva magoada de John mais parecia a de um ex-cônjuge que a de um ex-colega, reforçando as suspeitas de Yoko de que os sentimentos dele por Paul fossem bem mais intensos do que em geral se supunha. A partir de comentários casuais que ele fizera, ela depreendeu que houve um momento em que - segundo o princípio de que os boêmios deviam tentar de tudo -, ele até havia considerado a possibilidade de um caso com Paul, mas fora dissuadido pelos irredutíveis sentimentos heterossexuais deste. Nem, aparentemente, fora Yoko a única a ter detectado isso. Na Apple, pelo que ela ouvira, Paul às vezes era chamado de a "princesa" de John. Ela ouvira certa vez uma fita de ensaio em que a voz de John chamava "Paul... Paul..." de maneira estranhamente suplicante e subserviente. "Eu sabia que havia alguma coisa ocorrendo ali", lembra ela. "Da parte dele, não de Paul. E ele ficou tão furioso com Paul, não pude deixar de pensar o que haveria de fato naquilo."

Naquele momento, porém, o acerto de contas com Paul tinha de ficar em segundo plano diante da continuação da saga de Tony Cox e Kyoko. Depois de uma pequena trégua logo após o episódio de Maiorca, Cox sumiu de novo com a filha e Melinda, mais uma vez sem deixar vestígios. Em junho, os advogados de John receberam informação de que o trio estava agora nos Estados Unidos. Ele e Yoko voltaram a Nova York, na expectativa de retomar a pista de Cox, mas a missão foi infrutífera. Ironicamente, naquela semana a mãe aflita de Kyoko e John subiram ao palco com os Mothers of Invention, que gravavam um álbum ao vivo no auditório do Fillmore East.
De volta a casa, também, outra convocação urgente mobilizava a linha de ajuda "agitprop" de John e Yoko. Em maio de 1970, a revista underground Oz publicara um "número infantil", editado por estudantes do primário, cujo elemento mais chocante era uma tira de quadrinhos pornográficos com cabeças do ursinho Rupert superpostas aos personagens. Em conseqüência, Richard Nevillle,Jim Anderson e Felix Dennis, os três editores da Oz, foram acusados de "conspiração para corromper a moral pública", dando início ao mais longo e hilariante julgamento por obscenidade na história da Justiça britânica. John divulgou uma declaração em apoio à Oz, e ele e Yoko participaram de uma manifestação de protesto contra o absurdo rigor da acusação.

Por volta de julho, enquanto os "Três da Oz" estavam no banco dos réus, John ansiava por fazer um novo álbum. Para acicatá-lo, havia mais agora do que o álbum de George, All Things Must Pass, e o de Paul, Ram. Em abril, Ringo connseguira um êxito maciço com o single "It Don't Come Easy", co-escrito e produzido por George, que também tocou a guitarra principal, com Klaus Voormann no baixo e Stephen Stills no piano. Ninguém ficou mais feliz do que John ao ver Ringo começar a obter sucesso sozinho, mas ainda assim não podia reprimir uma ponta de competição. Havia feito sua terapia; agora era a hora de buscar o êxito comercial.

O estúdio em Tittenhurst Park fora afinal concluído, permitindo-lhe trabalhar como sempre quisera, livre das perturbações burocráticas de Abbey Road e da Apple, com todo o conforto caseiro à mão, perto de seus amados jardins. Uma vez mais, o álbum seria creditado conjuntamente para ele e a Plastic Ono Band, e co-produzido por Yoko, ele e Phil Spector. Mas, desta vez, a antiga formação espartana de Klaus Voormann e um baterista foi acrescida de músicos estelares, entre os quais George Harrison, o pianista Nicky Hopkins e o lendário saxofonista King Curtis, que havia tocado com Buddy Holly. Para dar a "camada de chocolate" que John desejava, havia até uma seção de cordas, intitulada os Flux Fiddlers.

As sessões de gravação foram filmadas como parte de um diário cinematográfico que ele e Yoko vinham mantendo desde alguns meses antes. Estas filmagens em cores, rodadas no estúdio, na casa e no terreno da propriedade, mostram um senhor e uma senhora Lennon muito diferentes de seus hirsutos quase-sósias de seis meses antes.John mergulhou de corpo e alma na moda da década de 1970, raspando a barba (embora mantendo costeletas longas para esconder a cicatriz do seu acidente de carro), adotando um corte de cabelo espigado, trocando as túnicas militares de brim por suéteres de lã curtos, calças com bocas de sino bem larrgas, e sapatos com salto-plataforma. Yoko passou a prender o cabelo, desnudando o rosto, e a usar jaquetas e calças justas, boinas francesas vistosas e extravagantes botas de salto alto. Ambos, na verdade, pareciam dez anos mais jovens. O único detalhe inalterado é a nuvem da fumaça de cigarro os envolvendo.
Enquanto servia de lar provisório para os músicos e o pessoal técnico participantes da gravação, Tittenhurst voltou a se tornar um santuário para oprimidos políticos. Os três acusados da Oz a essa altura tinham sido condenados e sentenciados a penas de prisão exageradamente severas. Enquanto aguardavam o resultado de seus recursos (que seriam bem-sucedidos), dois deles, Richard Neville e Jim Anderson haviam voado para o exterior, deixando seu colega menos abonado, Felix Dennis, para encarar sozinho o rescaldo da mídia. Quando souberam de suas dificuldades, John e Yoko ofereceram-lhe acomodações junto a Les Anthony no chalé da portaria.

À medida que as novas canções tomavam forma, Klaus Voormann via pouuca semelhança deste com o John "despirocado" que havia desabafado no berro a angústia e fúria de sua infância um ano antes. Ele parecia feliz e descontraído e, como todo mundo que está emergindo da terapia, ansioso para falar da confuusão que costumava ser. Em ''Jealous Guy", ele admitia o lamentável ciúme de que havia sofrido desde o início do namoro com Cynthia e a baixa auto-estima que estava por trás disso: "Eu me sentia inseguro ... Você poderia deixar de me amar ... Eu estava tremendo por dentro ... Eu engolia minha dor". Na metade da canção, o solo que assobiava, quase ofuscado pelo acompanhamento, era de certo modo ainda mais pungente do que suas palavras. "Oh My Love" era um novo hino de gratidão para com Yoko, cantado com sua voz de julia, porque "pela primeira vez em minha vida ... minha mente é capaz de sentir". "Oh, Yoko" admitia sua necessidade de estar constantemente perto dela ("no meio de um banho", até "enquanto faço a barba") em uma canção country-and-western de alegria contagiante e com um vibrante solo de gaita-de-boca. "Yoko teve uma incrível influência positiva em todo o álbum", lembra Dan Richter. "Ela ficava apenas sentada ao fundo, uivando de vez em quando. Ela era capaz de ler e escrever partitura musical. Se houvesse algum problema, digamos, em relação à harmonia, Yoko muito provavelmente vinha com a solução."

Aqui e ali, a camada de chocolate mal ocultava um cerne rançoso. Um pequeno número esperto ao estilo caipira, por exemplo, era chamado "Crippled Inside" ('Aleijado por dentro"). O tristonho e acusatório "I Don't Wanna Be a Soldier" era um rock, com um baixo à la Link Wray e um "We-ell" eco ante como se fosse Gene Vincent em "Be-Bop-a-Lula". "Gimme Some Truth" escolhia um estilo quase de canção de show da Broadway para zombar dos "políticos cabeça-de-porcos neuróticos e psicóticos", e até mencionava o presidente americano Richard Nixon através de seu velho apelido de Tricky Dick ("Dick truqueiro").
Uma faixa, porém, não fazia nenhum esforço para dourar a pílula. "How Do You Sleep?" era uma réplica a Paul McCartney por aquele afrontoso comentário no álbum Ram. Seu título sinalizava a violenta reação que viria, pois embora Paul possa ter sido egoísta e desleal do ponto de vista de john, na verdade nada fizera que tirasse o sono de alguém. Enquanto seu ataque fora suave e indireto, o de John era brutal e direto, um míssil nuclear em resposta a uma alfinetada. Acusava Paul de se cercar de "quadrados" bajuladores e de ser dominado por Linda ('Jump when your Mamma tell you anything" ["Pule quando a Mãezona lhe der uma ordem"]). Chamava-o de "rostinho bonito" e inconseqüente, e fustigava suas músicas como "Muzak para os meus ouvidos". Insistia em referências
ao rumor de "Paul está morto" veiculado em Sgt. Pepper (''Those freaks was nght when they said you was dead" ['Aqueles doidaços estavam certos quando disseram que você estava morto"]) e, mais injustamente do que tudo, provocava "The only thing you done was Yesterday" ['A única coisa que você fez foi Yesterday"].

Felix Dennis, que estava por perto quando a letra adquiriu forma, lembra que os colegas músicos de John, incluindo Ringo, ponderaram que ele estava indo longe demais. Na versão original, o verso que vinha após a referência a 'Yesterday'' era ''Você provavelmente roubou essa porra também". Foi só quando o álbum estava sendo masterizado em Nova York que Allen Klein o convenceu a eliminar o verso, argumentando que Paul provavelmente o processaria. Em vez disso, Klein sugeriu "And since you're gone you're just another day" ("E desde que foi embora você não passa de outro dia") numa referência ao recente single solo de Paul. Até mesmo o arranjo de "How Do You Sleep" era sutilmente insultuoso, um soul-funk melodramático sugerindo que algum risível Gênio do Mal poderia aparecer através de um alçapão a qualquer momento. George Harrison tocou guitarra-slide, endossando assim cada palavra.
O insulto final tinha como alvo a nova vida rústica de Paul e Linda. Parodiando a capa de Ram, John se fez fotografar numa pose idêntica mas montado num porco. A foto foi transformada num cartão postal a ser inserido em cada exemplar do álbum. "Na época não me pareceu um exagero", diria mais tarde. "Não era uma vendeta terrível, cruel, horrível... Aproveitei meu ressentimento, e o distanciamento em relação a Paul e aos Beatles, e a relação com Paul para compor uma canção. Não fico pensando nessas coisas o tempo todo ... Na realidade estou atacando a mim mesmo. Mas lamento a associação - ora, o que há para lamentar? Ele sobreviveu àquilo."
É parte do incessante paradoxo de John que ele podia se permitir tais baboseiras pueris num instante e, no momento seguinte, criar uma canção encarada para todo o sempre como sua obra-prima. Graças ao diário filmado do álbum, podemos acompanhar tal desenvolvimento, desde uma versão-rascunho falada ao redor da mesa da cozinha ("Imagine no possessions ... da-da-de-dah...") até a primeira demo da banda e, afinal, à interpretação filmada na comprida sala de estar branca de Tittenhurst - uma transição sem esforço, porque inconsciente, do ridículo ao sublime.
"Imagine" é, em muitos aspectos, uma de suas menos inventivas canções.
Conforme admitiria, ela nasceu dos "poemas instrutivos" que Yoko vinha compondo desde o início dos anos 1960 - muitas vezes uma exortação com uma única palavra, como o "Respire" que o havia transfixado na exposição da galeria Indica. Ele também partiu para compor algo assumidamente "espiritual" em resposta ao "My Sweet Lord" de George e, também, ao "Let it Be" de Paul.
A visão que ele elaborou pode ser facilmente descartada como banal e mal pode ser considerada atraente. Somos convocados a imaginar um mundo dessprovida de sua antiga crença tanto no céu como no inferno e livre da religião organizada, da guerra e da fome, com todas as fronteiras nacionais abolidas para criar "uma irmandade do Homem"- um panorama de brandura purgatorial que, na verdade, teria provavelmente deixado o próprio John morto de tédio em cinco minutos. Tampouco a letra se aproxima do nível que alcançou em, por exemplo, "Norwegian Wood". Com Paul ainda olhando por cima do seu ombro, não podemos imaginá-lo rimando "isn't hard to" com "no religion, too", ou repetindo a mesma palavra no refrão (not the only one ... world will be as one"). O pequeno falsete "You-hoo" que usa como transição para o refrão parece pop demais - Beatle demais - para um tema tão elevado.
No final, contudo, nada disso importa. "Imagine" comoveria milhões enquanto ele estava vivo, e bilhões depois de sua morte, com sua paixão melancólica, seu otimismo e sua completa falta de pretensão, presunção ou pregação. E também o faria o clipe de John interpretando a canção em seu piano de cauda branco - os acordes esfuziantes, a jaqueta tão anos setenta cravejada de estrelas e os óculos com lentes amareladas, aqueles lábios finos cuidadosamente modelando "Imagine all the pee-pul", enquanto Yoko vai abrindo uma a uma as cortinas que vão do teto ao chão e pouco a pouco a sala é inundada pela luz do dia. À medida que a canção termina, ela se senta ao lado dele, os dois trocam um sorriso irônico e, no momento final, um pequeno beijo casto. O rock nunca foi tão poderoso, simples ou triste.
Mesmo lidando com esse tipo de tema, John ainda resistia a todas as tentativas de tratá-lo como um líder ou um visionário. O filme Imagine também o mostra conversando com um fã americano que foi apanhado dormindo no seu terreno e levado à sua presença como um invasor diante do grande proprietário rural. Dessa vez, o fã é totalmente inofensivo, um remanescente dos hippies da década anterior, com um estranho ar de Cristo, o que torna ainda mais patética a sua crença messiânica em John. "Sou só um cara, amigo, que escreve canções", protesta John. "Você pega palavras e as junta umas às outras para ver se fazem algum sentido ... Estou dizendo 'tive um lance legal hoje e foi o que me ocorreu hoje de manhã e eu amo você, Yoko'." Por fim, quando a exasperação se transforma em piedade, podíamos quase ouvir a severa e hospitaleira tia Mimi. "Está com fome? Mm?" o garoto abaixo das costeletas do homem acena tristemente com a cabeça. "oK, vamos dar-lhe alguma coisa para comer."

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Livro Deus um delírio de Richard Dawkins

A dica www.livronautas.com.br é o livro, de conceito excelente, que traz a demonstração inteligente e quase científica de Richard Dawkins num texto sagaz, sarcástico e as vezes divertido que ensina, com invejável simplicidade e muito fundamento, o que ele considera um dos grandes equívocos da humanidade: a fé em qualquer entidade divina ou sobrenatural, seja Alá, seja o Deus católico, evangélico ou judeu.

Richard Dawkins foi estrela de primeira grandeza na FLIP em 2009. Ele não tem nenhum parentesco com o também cientista Charles Darwin. Delirantemente aplaudido quando se apresentou na FLIP, é um enérgico defensor do ateísmo e do ceticismo. Deus Um Delírio é um de seus best-sellers.

Autor Richard Dawkins
Richard Dawkins, ou Clinton Richard Dawkins, africano, nasceu em Nairobi, Quênia em 1941. Criado na Inglaterra graduou-se zoologia, com mestrado e doutorado em biologia e etologia. Professor em Oxford, recebeu prêmios científicos e literários, entre eles: Silver Madal, Michel Faraday, Shakespeare, Kelvin Medal e Kistler Prize.

Em biologia Dawkins estabeleceu um postulado ligado ao código genético do organismo, chamado de fenótipo estendido.
Intelectual polêmico, cientista e ateu, é defensor do evolucionismo do gênero humano. Ao respeito sua mais famosa frase: “Para não acreditar na evolução você deve ser ignorante, estúpido ou insano.”

Seus principais livros publicados no Brasil, são:
1 - A Escalada do Monte Improvável
2 - A Grande História da Evolução
3 - Desvendando o Arco-íris
4 - Deus Um Delírio - Clique para Ler
5 - O Capelão do Diabo
6 - O Fenótipo Estendido
7 - O Gene Egoísta
8 - O Maior Espetáculo da Terra
9 - O Relojoeiro Cego
10 - O Rio que Saía do Éden

Ainda existe vida inteligente no planeta. O biólogo Richard Dawkins, respeitado intelectual de Oxford, em Deus Um Delírio demonstra a irracionalidade de se acreditar em Deus, e os terríveis danos que as religiões causam à humanidade e como têm alimentado guerras e fanatismos. Sabe-se que discutir com pessoas religiosas não dá certo. Simplesmente não funciona.

Elas não conseguem ouvir uma argumentação lógica que busque a verdade dos fatos. Talvez a leitura, calma, tranqüila e didática de Dawkins possa – ao menos – fazer raciocinar ao leitor de Deus Um Delírio, embora sabendo o leitor, que a verdade em si não é absoluta, e que cada um tem sua verdade, ou, cada um busca a verdade que lhe convém.

No seu brilhante livro, Dawkins usa a teoria de memes, que são idéias que agem como os genes. Usa, também, a teoria darwinista – mais palatável aos líderes religiosos - para explicar a tendência das pessoas de acreditarem num ser superior. E com base na teoria das probabilidades, vai desmoronando cada um dos argumentos que defendem a perniciosa existência de Deus.
Não se sabe como o autor, um respeitado cidadão inglês, passou incólume à ira dos muçulmanos que anteriormente condenaram Salman Rushdie à morte e o caçaram durante muito tempo por toda a Europa, porque em muitas passagens a narrativa parece agressiva. Uma que pode parecer agressividade é o trecho que compara a educação religiosa nas escolas ao abuso sexual de crianças. Para Darwkins, falar de criança católica, muçulmana, evangélica, ortodoxa, protestante ou espírita é como falar de “criança neoliberal” — não faz sentido. Desde Nietzsche, provavelmente, que filósofos, cientistas e escritores não atacavam a figura de Deus com tanta veemência, tanta lógica e tanta inteligência.

O livro tem passagens espetaculares, em compensação, em alguns trechos a leitura é cansativa, porque repetitiva. Ao final se descobre que limites não existem, pois ainda vemos e vivemos em muitas partes do mundo, a selvageria dos ataques terroristas por motivações religiosas. A sociedade ainda considera o ateísmo uma prática de “exóticos infiéis condenados ao fogo do inferno”. O autor é excelente e o livro também, apesar de polêmico.

Trecho do livro: “Se Deus não existe porque ser bom?
Apresentada assim, a pergunta soa realmente ignóbil. Quando uma pessoa religiosa dirige-a desse jeito para mim (e muitas fazem isso), minha tentação imediata é lançar o seguinte desafio:
"Você realmente quer me dizer que o único motivo para você tentar ser bom é para obter a aprovação e a recompensa de Deus, ou para evitar a desaprovação dele e a punição? Isso não é moralidade, é só bajulação, puxação de saco, estar peocupado com a grande câmera de vigilância dos céus, ou com o pequeno grampo de dentro da sua cabeça que monitora cada movimento seu, até seus pensamentos mais ordinários". Como disse Einstein, "se as pessoas são boas só porque temem a punição, e esperam a recompensa, então nós somos mesmo uns pobres coitados". Michael Shermer, em The science of good and evil, acha que a pergunta encerra o debate. Se você acha que, na ausência de Deus, "cometeria roubos, estupros e assassinatos", revela-se uma pessoa imoral, "e faríamos bem em nos manter bem longe de você". Se, por outro lado, você admite que continuaria sendo uma boa pesssoa mesmo quando não estiver sob a vigilância divina, você destruiu fatalmente a alegação de que Deus é necessário para que sejamos bons. Suspeito que boa parte das pessoas religiosas realmente ache que a religião é o que as motiva a serem boas, especialmente se elas pertencem a uma daquelas crenças que exploram sistematicamente a culpa pessoal.

A mim me parece que é preciso uma dose muito baixa de auto-estima para achar que, se a crença em Deus desaparecesse repentinamente do mundo, todos nós nos tornaríamos hedonistas insensíveis e egoístas, sem nenhuma bondade, caridade, generosidade, nada que mereça o nome de bondade. Acredita-se que Dostoiévski fosse dessa opinião, supostamente devido a algumas declarações que ele colocou na boca de Ivan Karamázov:
"[Ivan] observou com solenidade que não existia absolutamente nenhuma lei da natureza que fizesse o homem amar a humanidade, e que, se o amor realmente existia e havia existido no mundo até então, não era por causa da lei natural, mas só porque o homem acreditava em sua própria imortalidade. Ele acrescentou, num adendo, que era exatamente aquilo que constituía a lei natural, ou seja, que uma vez que a fé do homem em sua própria imortalidade fosse destruída, não seria só sua capacidade para o amor que se esgotaria, mas também as forças vitais que sustentam a vida neste planeta. Além do mais, nada seria imoral, tudo seria permitido, até a antropofagia. E, por fim, como se tudo isso não bastasse, ele declarou que para cada pessoa, como eu e você, por exemplo, que não acredita nem em Deus nem em sua própria imortalidade, a lei natural está destinada a transformar-se imediatamente no exato contrário da lei baseada na religião que a precedia, e que o egoísmo, mesmo levando à perpetração de crimes, não seria somente permissível, mas seria reconhecido como a raison d'être essencial, mais racional e mais nobre da condição humana.
Talvez por ingenuidade tendi para uma visão menos cínica da natureza humana que a de Ivan Karamázov. Será que realmente precisamos de policiamento - seja feito por Deus ou por nós mesmos - para que não nos comportemos de modo egoísta e criminoso? Quero muito acreditar que não preciso dessa vigilância - nem você, caro leitor. Por outro lado, só para enfraquecer nossa convicção, leia a experiência sobre a desilusão de Steven Pinker numa greve policial em Montreal, descrita por ele em Tábula rasa:
"Quando eu era adolescente, no orgulhosamente pacífico Canadá, durante os românticos anos 1960, era um defensor fiel da anarquia de Bakunin. Ria do argumento de meus pais de que se o governo entregasse as armas o caos tomaria conta de tudo. Nossas previsões concorrentes foram postas à prova às oito horas da manhã do dia 17 de outubro de 1969, quando a polícia de Montreal entrou em greve. Às onze e vinte, o primeiro banco tinha sido roubado. Ao meio-dia a maioria das lojas do centro da cidade havia fechado as portas por causa dos saques. Algumas horas depois, taxistas incendiaram a garagem de um serviço de aluguel de limusines que concorria com eles por passageiros do aeroporto, um atirador assassinou um policial da província, baderneiros invadiram hotéis e restaurantes e um médico matou um ladrão em sua casa, no subúrbio. No fim do dia, seis bancos haviam sido asssaltados, cem lojas haviam sido saqueadas, doze incêndios haviam sido provocados, quilos e quilos de vidros de vitrines haviam sido quebrados e 3 milhões de dólares em prejuízos haviam sido registrados, até que as autoridades da cidade tiveram que chamar o Exército e, é claro, a polícia montada para restabelecer a ordem. Esse teste empírico decisivo deixou minha política em frangalhos [... ]

Talvez eu também seja uma Poliana por acreditar que as pessoas permaneceriam boas se não fossem observadas nem policiadas por Deus. Por outro lado, a maioria da população de Montreal supostamente acreditava em Deus. Por que o medo de Deus não as conteve quando os policiais terrenos foram temporariamente tirados de cena? A greve de Montreal não foi uma ótima experiência natural para testar a hipótese de que a crença em Deus nos torna bons? Ou talvez o sarcástico H. L. Mencken tivesse razão quando disse: "As pessoas dizem que precisamos de religião, mas o que elas realmente querem dizer é que precisamos de polícia".

Acesse www.livronautas.com.br e leia mais trecho do livro Deus Um Delírio.

Livro Resistência de Agnès Humbert

No primeiro momento o leitor www.livronautas.com.br tem a impressão de que se trata de mais um livro sobre a 2ª Guerra Mundial. A produção literária de autores, principalmente judeus, sobre este tema inundou o mundo entre os anos 50 e 60. Inclusive no Brasil. Consta que a Livraria Amazon, dos EUA, catalogou a existência de 54.673 livros sobre a 2ª Guerra Mundial.

O leitor poderá achar curioso que o livro de Agnès Hubert possua 69 páginas de “Post Facio”. Assim, Resistência, livro muito bom no conceito livronautas pode parecer mais do mesmo. Essa mesmice é um tanto difícil de ser entendida, revivida ou bem compreendida pelos brasileiros porque - com exceção de uns poucos combatentes – o Brasil não sofreu os horrores da guerra, salvo pelos “pracinhas” que foram enviados à Itália quase no final da guerra. Mandar brasileiros para a 2ª Guerra Mundial foi um acerto político que Getúlio Vargas – o ditador de plantão – fez com o Presidente Roosevelt. Naquela ocasião, os americanos aprovaram uma lei chamada Lend-Lease Act, que era um instrumento “legal” pelo qual os Estados Unidos forneceriam ajuda econômica, financeira e tecnologica aos países que declarassem guerra à Alemanha. Armado o negócio, o Brasil tomou o financiamento para montar a fábrica “Companhia Siderurgica Nacional” e mais uns outros financiamentos para a infraestrutura industrial do país. Negócios, sempre negócios.

Mas, na Europa, principalmente na França e Inglaterra a história era outra. Lá o povo sofreu de verdade, passou necessidades, fome e muitos morreram lutando nas frentes de batalha, nos massacres e assassinatos em massa quando os alemães invadiam suas vilas e cidades, ou ainda, através dos assustadores bombardeios da aviação alemã.

Resistência é a transcrição das anotações que fez a autora, logo após o final da guerra (originalmente foi editado em 1946) é um comovente diário, que se inicia em Paris, no dia 7 de junho de 1940 e termina em 11 de junho de 1945. O relato é cru, brutal e nojento tanto na descrição dos massacres dos prisioneiros, como pelo desmoronamento da falsa eficiência nazista. Por vezes se parece com a narrativa do Jonathan Littel, em As Benevolentes. Só que Littel fez uma obra de ficção, enquanto Agnès Humbert escreveu a história de seu próprio sofrimento e da maior parte de sua existência.

O livro começa quando da invasão da França pela Alemanha de Hitler. Daí em diante muda totalmente a vida da historiadora de arte e de seus colegas de profissão que trabalham no Museu do Homem em Paris. Agnès fundou um dos primeiros grupos de resistência francesa, que foi o jornal Résistance. Em 1941 todo o grupo é traído por um espião infiltrado no grupo e eles são presos e entregues à Gestapo.

Os homens foram fuzilados e as mulheres foram deportadas para a Alemanha como trabalhadoras escravas. A narrativa fala também das humilhações sofridas pelos soldados franceses aprisionados e tratados como animais. Todo o livro é um testemunho vigoroso da oposição à ocupação nazista da França e dos desdobramentos trágicos que culminaram em prisão, deportação e mesmo execução daqueles que militaram contra o governo de Vichy. Governo de Vichy foi a denominação do governo do Primeiro-Ministro Philipe Pétain, com sede em Vichy. No prefácio da edição brasileira de Resistência, assinado por Marina Colassanti consta que as mulheres sempre perdem a guerra. Agnès Humbert provou o contrário.

Autora Agnès Humbert
As memórias de Agnès Humbert começam no Palácio Chaillot em 7 de julho de 1940 na época da invasão de Paris pelo exército de Adolf Hitler, que acabou por dividir o território Francês em duas partes. Uma parte era administrada pela Alemanha, com sede em Paris e a outra pelo Primeiro-ministro Philipe Pétain, com sede em Vichy. Agnès, historiadora da arte e etnógrafa, junto com uns poucos intelectuais criou o movimento chamado Resistência. Em meio caminho de sua atividade foi presa pela polícia alemã, condenada e enviada para trabalho escravo em território alemão, onde permaneceu até a chegada dos aliados, em 11 de junho de 1945.

Pouco antes de morrer, Agnès Humbert, mulher que só trabalhou no Museu de Belas Artes da França, foi condecorada com a Medalha de Guerra, como reconhecimento do Governo Francês pelo seu sacrifício pessoal, sua inteligência, valentia que ela demonstrou em favor de seu país. E aqui no Brasil, no período entre 1964 e 1985, uma mulher que sofreu torturas físicas, foi presa durante três anos sob acusação de subversiva e terrorista, porque tinha idéias politicas opostas ao militares ditadores. Em 20011 ela é a Presidenta do país. Se Agnès Humbert tivesse se candidatado ao governo da França teria vencido as eleições contra o Marechal De Gaulle? Os 29 livros de ciência política, 56 livros de história, 24 de jornalismo e 18 de sociologia todos com resenha e comentário no www.livronautas.com.br darão embasamento ao leitor para conhecer melhor a história da vida recente no mundo.

Livros de História - Clique para Visualizar
Livros de Sociologia - Clique para Visualizar
Livros de Ciência Política - Clique para Visualizar

Resistência, livro que tem conceito “muito bom” da Livronautas, relata uma história brutal e triste, mas de muita emoção onde o leitor constata que sempre vale a pena acreditar nos sonhos, nos ideais e que se deve ter coragem para viver e para vencer.

Conheça mais sobre este e outros livros acessando www.livronautas.com.br

Livro Uma Breve História do Século XX de Geoffrey Norman Blainey

Breve Historia do Seculo XX não é nenhum best-seller, mas é um livro – digamos – bom. Ele conta a história – abreviada - do século XX, passando pelas duas guerras mundiais, a “debaclé” de muitas monarquias, o despencar da bolsa americana em 1929 e o “tsunami” que isso provocou, a ascensão e queda dos regimes comunistas, o declínio dos grandes impérios da Europa e outras fascinantes histórias dos 100 anos – talvez - mais importantes da humanidade.

Autor Geoffrey Norman Blainey 
Geoffrey Blainey, Geoffrey Norman Blainey é australiano de Melbourne, nascido em 1930.  Historiador, professor e escritor graduado pelas universidades de Harvard e Melbourne escreveu cerca de 30 livros, obtendo sucesso mundial com “Uma breve história do Mundo”. Para o mercado livreiro do Brasil, já foram editados: Uma Breve Historia do Mundo e, este Uma Breve História do Século XX.

Blainey disse numa entrevista que o seu livro é “como ver a paisagem pela janela de um trem em movimento”. Todavia o leitor não pode esperar nenhuma revelação histórica que não seja do domínio público, mas por certo, ficará empolgado com a maneira elegante e agradável com que o autor desenvolve seu livro ao longo do século. Mesmo assim, Geoffrey Blainey, em sua narrativa, mais parece um parlamentar brasileiro, porque ele nunca é contra nem a favor, muito antes pelo contrário. Blainey não é contundente, não faz juízos de valor sobre os maiores nomes da história, como o americano Rooselvet, o inglês Churchil, o alemão Hitler, ou o russo Stalin; nem classifica os movimentos políticos ou militares de acordo com seus propósitos, objetivos nem ideologias. Já os movimentos econômicos e tecnológicos são explicitamente classificados como bons e uteis para toda a humanidade.

Os movimentos sociais, assim como a arte, a literatura e os movimentos culturais não recebem maiores referências. Contudo a leitura é leve, boa, fácil, mas o livro em si não passa de mediano. Conheça mais comentários sobre Geofrey Blainey no www.livronautas.com.br. Evidentemente que ninguém sabe quando se dará a queda do império americano, nem a partir de que data os chineses serão os imperadores. Mas a leitura de Breve História do Século XX poderá melhor embasar esta teoria, que não parece completamente ficcional.

O leitor também poderá buscar no site Livronautas outros livros de história, ciência política ou sociologia que narram a ascensão e queda de outros impérios.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Livro: Antes do 174 de Janda Montenegro

Na cidade de Paraty circulam pelas pedras do Centro Histórico artistas de rua, poetas, autores independentes, contistas, cronistas, repentistas, autores iniciantes, a malta underground e desconhecidos, apesar da discreta repressão. Volta e meia passa alguém vendendo livros, manifestos da contracultura e jornais alternativos. Em meio a tanta literatice não há como deixar de apoiá-los, pois faturar é preciso. A maioria busca uma oportunidade para ser notado e se colocar no mercado.
De repente esbarrei com Janda Montenegro. Bonita, elegante, crachá à vista, cabeça e nariz erguido, postada na esquina da Tenda dos Artistas, me perguntou se eu era escritor. Respondi que era apenas leitor. Para não me obrigar a comprar mais um livro acrescentei que não gostava de poesia nem de conto.
Antes do 174, não é livro de poesia nem conto, disse-me a autora.
Então, comprei.
É curioso que Janda Montenegro logo no seu livro de estréia tenha escolhido demonstrar os pensamentos que teria tido um bandido,  momentos antes do cometimento de um crime. A trama arquitetada pela autora é ficcional, mas o bandido, o crime, o seqüestro, os reféns, as mortes foram absolutamente reais. Reais, tristes, lamentáveis e agressivas. A barbárie repercutiu mundo afora de tal maneira que rendeu um documentário em 2002 (Ônibus 174) e um filme (Última Parada 174) do Bruno Barreto em 2008. Em tamanha calamidade, ainda faltava alguém imaginar o que se passou na cabeça doentia do bandido-personagem Sandro Barbosa do Nascimento. Foi isso que fez Janda. Ela disseca os problemas da sociedade, especialmente a sociedade carioca, e as conseqüências sociais, educacionais e de cidadania que podem atingir pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. “Antes do 174” é quase um ensaio sociológico.

Janda Montenegro é carioca nascida em 1984. Graduada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro é escritora e guia de turismo. Antes do 174 é seu livro de estréia. A história do que teria pensado Sandro Barbosa do Nascimento, supostamente drogado e armado com um revolver calibre 38, momentos antes de assaltar, no bairro Jardim Botânico o ônibus urbano, da empresa Amigos Unidos, que fazia a linha 174. Passageiros foram mantidos como reféns durante quase 5 horas. Era o dia 12 de junho de 2000, segunda-feira, e os relógios marcavam 14 horas na cidade do Rio de Janeiro. O bandido foi uma das vítimas da “Chacina da Candelária” que ocorrera na madrugada de 23 de julho de 1993.
O conceito é de livro mediano. A leitura é boa: a linguagem é crua, mordaz, mas intensa. O final é lógico, mas não esperado. Como livro de estréia, está bom demais.
Será que a tragédia da Escola Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, quando no dia 7 de abril de 2011 foram assassinadas 12 crianças é uma versão – revista e ampliada -  do que narrou a Janda Montenegro no seu livro sobre a tragédia do ônibus da Linha 174 ?
Trecho: Inferno. Já haviam lhe dito essa palavra algumas vezes em sua pouca não-existência. Disseram até que você tinha feito um pacto com o diabo. Talvez fosse verdade, deve ser. Se você tem esse papo todo de que esse tal de Deus não existe, deve ser porque fez um pacto com o demo. Ou talvez digam isso, porque conseguiu sobreviver a tal chacina, onde quase dez morreram e não sei quantos ficaram feridos. Acho que só mesmo o diabo para segurar as pontas em momentos como esse, não é? Tem de ser forte como o diabo, esperto como o diabo, sagaz como o diabo. Tudo bem, você não era nada disso, mas sobreviveu. Talvez tenha sido coisa desses repórteres que ficam fazendo não sei quantas mil perguntas para forçá-lo a se contradizer, para ver se estava mentindo. Não, você não mentiu. Você não mente.
Mas esse negócio todo de diabo é só uma forma de se proteger, de se fazer de forte para os outros. Você sabe disso. Você nem sabe qual a diferença entre o Deus que você desacredita e esse diabo que você tenta fortalecer. Sem conhecer a diferença, como saber em quem ou no que acreditar? Mas pacto com diabo é forte, é estratégico, mete medo e você gosta. Uma vez lhe disseram isso, que você tinha feito uma espécie de trato com o coisa-ruim e, por isso, estava na situação em que se encontrava agora - ou seja, sem nada, nem ninguém. Você não gostou do que ouviu na hora, mas depois pensou melhor e achou que devia estar certo, porque, senão, não falariam aquilo. Assim, começou a frisar isso por onde passava, fazendo as pessoas que existiam acreditarem no que você queria. E, com certeza, hoje à tarde, você frisaria isso uma vez mais, para dar mais peso ao seu plano.

Você lembra daqueles momentos em frente à igreja.
Lembra agora por que está dentro desta igreja, é a primeira vez que você entra em uma desde aquela madrugada do dia 23 de julho. Desde aquele dia, você nunca mais quis entrar em uma igreja. Já não gostava delas antes, agora, menos ainda. Não havia motivo para entrar e, agora, muito menos ainda. Igrejas provocam sentimentos contraditórios em você, um misto de sufoco e opressão. Talvez porque não tenham janelas ou todos entrem ali por algum motivo - e você, não. Sim, tem algo de estranho que acontece ali dentro, mas talvez você nunca venha a descobrir por que está condenado a ficar do lado de fora. Como em tudo.

Os tiros. Os tiros daquela noite parecem voltar agora, você ainda se lembra deles. Sete anos se passaram e não há qualquer diferença entre aquela noite e agora. Tudo é igual, ao menos para a sua pouca existência. É indescritível o som daqueles tiros. Você já ouviu outros tiros antes e depois daquela noite, mas não são iguais aos daquele dia 23. Aqueles foram quase gritos, ou misturados a gritos, sufocados pelo choro de quase setenta alminhas que se desgarraram naquele momento. Um único momento. Quase dez desfeitas. Outras tantas mutiladas para sempre. E você entre elas.
Dá quase vontade de chorar. O impulso vem, dá para sentir. Mas você não sabe o que é chorar, acha que é uma coisa de quem tem rosto. Acha que, para chorar, é preciso beber muita água e água limpa, e você quase nunca bebe água. Bebe refrigerante e outras sobras que consegue por aí. Água só quando você está mais para lá do centro da cidade, onde tem um filetinho que escorre onde os transportadores de água abastecem os caminhões. Ali escorre um pouquinho quando fecham a torneira e você aproveita. Sabe que ali não dá para beber muito, mas não há como escolher, e você bebe mesmo assim. Dependendo da fila, às vezes, dá até para tomar banho. Tudo depende de quanto os outros sem rosto estarão cobrando pela lasquinha de sabão do lado de fora.

Mas você não chora. Porque não quer, porque não pode, porque não consegue. Não chora. Lembrar daquela noite dá mais ânsia de vômito do que vontade de chorar. Você sente, em seu estômago vazio, a revolta e o nojo, sensações típicas dos poucos que sobreviveram àquela noite. Os jornais chamaram aquela madrugada de "chacina”. Você nunca havia escutado essa palavra antes, mas agora tem certeza de ter medo dela. Nunca sentiu medo de nada antes, mas hoje sabe do medo dessa palavra. E nunca, até hoje, sentira tanto asco, tanta vontade de botar para fora tudo o que nesses últimos sete anos foi-se acumulando no vazio do lado de dentro. Mas não vomita. Não tem o que vomitar. É vazio aqui.

Mais informações sobre este livro e autora acesse: http://www.livronautas.com.br/

segunda-feira, 18 de abril de 2011


Autora Mônica Buonfiglio
  Mônica Buonfiglio é escritora desde 1995.
Seus livros foram bem editados para o mercado do Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Venezuela, Peru, Colômbia, Estados Unidos e Portugal. Seus principais titulos, até ano passado foram:

1 - A Espírita Marginal
2 - A Magia dos Anjos Cabalísticos
3 - Almas Gêmeas
4 - Almas Gêmeas - Aprendendo a Identificar
5 - Amor, Bondade e Inspiração
6 - Anjos Cabalísticos - Clique para Ler
7 - Enciclopédia, História, Dicas e Mágicas
8 - Jesus, Palavras de Fogo
9 - Parcival e a Lenda do Graal
10 – Proteção
11 - Sabedoria, Milagre e Magia
12 – Salmos
13 - Sonhos, Virtude e Natureza
14 - Terurgia - Dicionário dos Anjos
15 - Torot dos Anjos
16 - Uma Mensagem Angelical
17 - Virgem Maria a Rainha dos Anjos

Anjos Cabalísticos livro de maior sucesso da autora, conta sobre anjos de guarda, suas origens, nome de cada um deles, características de quem nasce sob sua proteção, a influência que o gênio contrario pode exercer na vida de cada um e a sua importância para a humanidade.


É um livro péssimo. Péssimo porque – para começar - foi escrito "exotericamente", que segundo Mônica Buonfiglio, é a forma contrária de "esotericamente" e significa a transmissão de ensinamentos a todos, sem nenhuma restrição.

Linda frase de efeito, que não significa absolutamente nada, pois não há como saber, muito menos, como controlar o aprendizado de qualquer leitor.

Seria muito engraçado se livros fossem editados com paginas, ou trechos, contendo avisos como os que se encontram em algumas empresas: "Área Restrita. Não entre sem equipamento de proteção". "Área restrita aos funcionários". Nos livros seria assim: "leitura restrita aos iniciados" ou "não passe desta página" ou "daqui até a página 438, leitura permitida somente aos pós-graduados". "Se você é menor de 18 anos, pule as 16 páginas seguintes e não olhe as fotos da página 120" ou "os ensinamentos constantes das páginas 48 a 91 não podem ser assimilados por pessoas não autorizadas".

Anjos cabalísticos, embora pareça um livro angelical, é mais uma sandice para alimentar a crendice absurda e ridícula dos desavisados. Cabalisticamente este é o conceito de Anjos Cabalísticos: péssimo livro. Embuste cultural. Um trecho de leitura católica diz: "um anjo anunciou a Maria e ela concebeu do Espírito Santo". Nos anos 90, quem concebeu foi a Mônica Buonfiglio, e ganhou uma incalculável fortuna em dinheiro, coletada dos leitores mais trouxas do continente sul americano.

Para não parecer que o conceito “péssimo” seja impróprio ao livro, leia um pequeno trecho do livro Anjos Cabalísticos.

Anjos da Qualidade Dominação. Nith-haiah. Nome do anjo em letras hebraicas - noun/taulhe/yod/he. Nome do anjo em números - 14/22/5/10/5. Carta do Tarot - A força. Número de sorte - 11. Mês de mudança - novembro. Exerce domínio sobre - os magos. Planeta - Saturno. Hora - 8:00 às 8:20 da manhã. Salmo - 9 Este anjo ajuda a descobrir a verdade nos mistérios esotéricos, domina as revelações, influencia a paz através do conhecimento da verdade. Gosta de práticas "mágicas", seguindo as leis divinas. Quem nasce sob esta influência, possui serenidade, moderação, equilíbrio, autocontrole, harmonia e paciência. Assim, consegue com mais facilidade que os outros, estabilidade emocional, profissional e material. Benevolente mesmo com os inimigos, vive de maneira plena, tem alegria e prazer em viver. Sua vida não tem travas ou limites. Geralmente um autodidata, é bem informado sobre qualquer assunto. Poderá possuir um grande poder paranormal e inspiração para dominar as ciências esotéricas. Terá curiosidade sobre a ciência do mal, para poder atacá-la através do bem e da bondade. Saberá entender e conjurar as orações para os elementais, fazendo revelações através do seu carisma, influenciando assim o comportamento das pessoas. Amará a paz, a solidão, a contemplação e os mistérios da natureza. Desde criança entenderá o significado das coisas, não sendo nunca um questionador, mas sim, um observador. Terá forte proteção dos ancestrais. Profissionalmente, poderá fazer sucesso como psicólogo, escritor, cientista ou em qualquer atividade ligada ao esoterismo. Gênio contrário - domina a magia negra (cultos a satã), a prostituição e a maldade. A pessoa sob a influência deste gênio contrário poderá usar as forças do mal para vingança, usar animais em rituais de sacrifício, ser autor de fórmulas de encantamento, causar mal à natureza (homens, animais e produtos da terra) e fazer pactos com o demônio.

Para mais informações e outros livros acessem http://www.livronautas.com.br/

domingo, 17 de abril de 2011

Livros 1808 e 1822 de Laurentino Gomes

Autor Laurentino Gomes
De tanto ver o sucesso do autor saltando pelas portas e prateleiras das livrarias, comprei os dois sucessos do Laurentino Gomes: 1808 e 1822.

Laurentino Gomes é paranaense de Maringá e nasceu em 1956.
Graduado em Jornalismo pela UFP. Pós-graduado em administração na USP e especialização em Cambridge. Como jornalista trabalhou na editora Abril para a revista Veja e também no jornal O Estado de São Paulo. È membro da Academia Paranaense de Letras. Ganhou o prêmio Jabuti em 2008 pelo livro 1808 e também foi premiado no mesmo ano pela Academia Brasileira de Letras.
O livro conta a história da fuga da família real portuguesa para o Brasil no ano de 1808. É nessa leitura que se fica sabendo como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão Bonaparte e se esconderam no Brasil, até a data da morte de Bonaparte na ilha de Santa Helena em 1821.

Da chegada da família real ao Brasil em 1808 só conhecemos a história oficial. Esta, como se sabe, serve aos interesses do governante de plantão. De resto, toda a história do Brasil, desde a invasão pelos europeus em 1500, até os anos finais da primeira república em 1930, só se sabe a parte oficial da história. Esta nebulosidade histórica talvez seja o motivo de fundo para explicar o sucesso instantâneo do livro de Laurentino Gomes que se utilizou do jornalismo investigativo para compor sua obra. E o fez com talento e estilo, muito embora o livro prometa mais do que apresenta, ainda que procure embasar as citações em fontes que menciona em mais de 50 páginas. Da leitura resulta o surgimento de uma história da corte lusitana no Brasil cujos protagonistas – principalmente a família real – passam a ter uma dimensão mais adequada aos papéis que desempenharam.
O livro ainda mostra um D. João um pouco diferente daquele que conhecemos. Mostra-nos também de onde vieram os vícios e mazelas dos nossos homens públicos. A pesquisa do autor foi minuciosa. A linguagem é leve e fácil de entender. Leitura imperdível. Livro ótimo.

Para mais informações acesse o nosso site Livronautas: http://www.livronautas.com.br/

Livro  1808 - Clique para Ler
Livro  1822 - Clique para Ler


sábado, 16 de abril de 2011

Autor e Escritor William Boyd

Ótimo autor. Ótimo escritor. William Boyd nasceu em Gana no ano de 1952, onde passou a infância. Depois foi viver na Escócia. Graduado em jornalismo pela Universidade de Nice, França, foi também professor. Convidado da Flip participou da mesa “Chá Pós Colonial”, juntamente com a Guianesa Pauline Melville. Ambos fizeram  sucesso. Ele mais do que ela. Wiiliam Boyd é um autor muito premiado.
No Brasil seus principais livros são:

1 - A Fascinação
2 - A Guerra do Sorvete
3 - A Praia de Brazzaville
4 - A Tarde Azul
5 - Armadilho
6 - As Aventuras de Um Coração Humano
7 - As Novas Confissões
8 - Fuga
9 - O Destino de Natalie X Outras Estórias
10 - Tempestades Comuns - Clique para Ler


Tempestades Comuns
de William Boyd
 William Boyd era um dos menos festejados (pela mídia) autores estrangeiros, convidados da Flip. Lá os autores mais festejados se apresentam na quinta feira. William parece que tinha menos prestigio que outros convidados porque a mesa em que ele se apresentaria estava marcada para as 15h30 de sexta feira. Um horário não nobre, logo após o almoço. Mas, surpreendentemente a sua apresentação foi aplaudida de pé. A fila para "apanhar" seu autógrafo foi tão grande que no horário da mesa seguinte, ainda havia muitos leitores na fila para cumprimentar William Boyd. Comprar “Tempestades Comuns” era simples conseqüência. Evidentemente o livro não foi autografado.

Tempestades Comuns narra a história de Adam Kindred, profissional do segmento da geografia física, que trata das variações do tempo e climas em quase todos os canto da terra. Num dia comum de sua rotineira vida - se vê enredado num crime - e para não ser responsabilizado nem processado, foge. Em conseqüência da fuga ele fica sem casa, carro, amigos, credibilidade, documentos, dinheiro, cartões de crédito e celular. Acaba se enredando no submundo do crime envolvendo-se com prostitutas, bandidos, traficantes e toda sorte de pessoas problemáticas.

Neste romance Wiiliam Boyd mostra seu talento numa história atual, com trama factível de acontecer a qualquer executivo das grandes empresas e que vivem nas grandes cidades. Embora alguns atos de Kindred possam parecer exagerados, a leitura chega a dar a impressão de um roteiro de filme, aliás, gênero que o autor também é craque. Apesar da velocidade do conto, o leitor se depara com passagens amorosas, de enorme desespero, de terrível perversidade, e também, de jogadas inteligentes e outras de muito bom humor, como é típico dos escritores ingleses. Kindred, o personagem central, se envolve com prostitutas, escroques, policiais decentes, traficantes, corruptos e assassinos. O final não é previsível. O título adotado em português retrata bem a narrativa.

Leia um pequeno trecho: ...Na manhã do dia seguinte, à primeira luz da madrugada, ele desceu até a pequena praia para encher a garrafa d'água. Havia um outro pneu enterrado pela metade na lama, numerosas garrafas de plástico quebradas, alguns pedaços de madeira e um enovelado de cordão de nylon azul. Adam pegou o cordão - pensando vagamente que aquele era o tipo de material descartado útil que um náufrago poderia usar - e calculou que tivesse pelo menos sete metros de comprimento. Que desperdício. Que barqueiro ou marinheiro irresponsável atirara aquilo por sobre a amurada? Pássaros marinhos poderiam ficar presos nele, hélices enroscadas. Ele olhou ao redor; a luz estava linda, cor de pêssego e cinza, e o ar meio frio. Os pássaros do rio já começavam a voar e a pairar: gaivotas, corvos, patos, cormorões. Adam viu uma garça passar, batendo as asas sem elegância, na direção do parque Battersea e suas árvores altas. Sabia que no rio também havia gansos canadenses, e de repente a expressão "cozinhar o ganso" lhe veio à cabeça. Ele olhou para a praia - a maré estava virando - talvez em meia hora já estivesse claro demais e ele corresse o risco de ser observado. Então subiu de volta pelas correntes até o triângulo.
Não levou muito tempo - raspando suas latas vazias, ele reuniu um punhado de feijões frios. Pegou o caixote de madeira e, num instante, desceu para a praia. A armadilha que construiu era muito rudimentar, mas ele tinha fé de que a coisa funcionaria: levantou uma das extremidades do caixote e calçou-a com um pedaço de madeira que viera com a correnteza, atando ali sua nova aquisição, o cordão azul de nylon. Arrumou sobre uma pedra lisa um pequeno cone de feijões cozidos frios e colocou esta pilha debaixo do caixote já levantado. Depois subiu de volta pelas correntes, com a ponta do cordão presa nos dentes, e sentou-se para esperar atrás de um arbusto. Não estava levando muita fé que um ganso fosse cair na armadilha, mas esperava um pato - um pequeno pato gordo viria a calhar - e ficaria feliz se apanhasse um reles pombo londrino. Ficou esperando, dizendo a si mesmo para ser paciente, reunir a calma do caçador à paciência inabalável, se conseguisse. Esperou e esperou. Cormorões seguiam rio abaixo com a maré vazante, e depois mergulhavam. Dois corvos voaram até a praia e ficaram bicando as pedrinhas da beira d'água, sem mostrar qualquer interesse pelos feijões. Então Adam ouviu um zunir seco de asas, como se fosse um anjo acima de sua cabeça, e uma grande gaivota branca e cinzenta passou perto, fez uma curva brusca, pairou no ar e pousou, imaculada e delicadamente, com um cuidado quase ostensivo. Os corvos ignoraram a ave, revirando as pedrinhas meticulosamente e bicando os pedaços de alga. A gaivota seguiu direto para os feijões cozidos, curvando-se para dentro da extremidade levantada do caixote ... Adam puxou o cordão, o suporte saltou fora e o caixote caiu.
- Mais fácil dizer do que fazer - comentou Adam em voz alta, enquanto contemplava o caixote, já mexendo para lá e para cá agitadamente na praia lodosa, enquanto a gaivota apavorada batia as asas e andava dentro da armadilha. Mais fácil planejar do que executar. Mas ele estava faminto; apanhara sua presa, tinha combustível, uma faca, e carne assada era aquilo pelo qual ansiava. Não havia segredo - ele meteu a mão rapidamente debaixo do caixote e agarrou a gaivota por uma perna. O duro bico amarelo da ave atingiu violentamente seu antebraço, tirando sangue, até que Adam nocauteou a gaivota com a madeira de apoio do caixote. Depois lavou o braço no rio - mais ferimentos, quem se importava? - e voltou para pegar a gaivota amolecida e morta, as largas asas brancas abertas. Ao fazê-lo, viu uma grande barcaça carregada aparecer debaixo da ponte Chelsea,seguindo rio acima. Havia um homem de pé na proa, olhando para ele. Adam colocou a gaivota atrás do corpo e acenou, despreocupadamente. O homem não acenou de volta.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Livro: Pornopopéia de Reinaldo Moraes

Livro bom é assim. Faz – ou não – sucesso. Se não faz, não adianta nada colocar na mídia, escrever em blog, twiter ou orkut. Se fizer, faz e ponto. Assim é Pornopopéia. O nome que o autor adotou é uma mistura de pornografia com prosopopéia. E assim é o livro de Reinaldo Moraes. Não é uma história beatnick, que pudesse ter surgido pela influência de Kerouac, aquele do “On de The Road”. Pelo contrário, o personagem central é Zeca. Nada mais prosaico que alguém se chamar Zeca, mesmo em se tratando de um personagem que é um ex-roteirista e assina o filme Holisticofrenia. Zeca não busca a transformação da humanidade, das pessoas que vivem à sua volta, nem de ninguém. Ele quer – e pratica – sexo com muita droga e mais nada. É assim. Só vive o mágico agora, sem se importar com o que passou ontem e o que virá amanhã. Num certo sentido Pornopopéia é uma crônica – ácida, mas real – da vida underground paulistana. A linguagem é chula sim, mas muito bem elaborada, inventiva e recheada de um finíssimo humor. Pornopopéia é visceral e diametralmente oposto ao livro da Bruna Surfistinha, mas ao longo da leitura, tamanha é a devassidão que não há como não comparar os dois livros. A novela em que se transforma a encomenda de um pequeno filme institucional sobre embutidos de frango é coisa de escritor divertido e muito bom de imaginação: puro talento. Pornopopéia não é literatura marginal, embora machista, politicamente incorreta e socialmente desajustada. O final é muito bom.

Autor Reinaldo Moraes
Guarde o nome Reinaldo Moraes. Ele é escritor e não apenas autor. Reinaldo Moraes apresentou-se no primeiro dia da Flip, numa mesa chamada “Fabulas Contemporâneas” juntamente com Ronaldo Correia Brito e Beatriz Bracher. Reinaldo se destacou. Muito. Não só comprei o seu livro Pornopopéia como entrei na fila de autógrafos. Se você não é íntimo do autor, eu acho que entrar em fila para autógrafo é coisa trouxa e tosca. Só que desta vez não resisti. Ele escreveu “Pro Márcio, um grande abraço do Reinaldo Moraes”. Fotografei o autor na mesa dos autógrafos e postei no site Livronautas. Descobrir Reinaldo Moraes é uma grande dica e uma nova experiência literária com nome e sobrenome. Pornopopéia é a história de um ex-cineasta marginal, paulistano, de nome Zeca. Roteirista frustrado, Zeca também criava, por razões financeiras, roteiros para filmes de publicidade. Suas aventuras ou desventura pelos subterrâneos da noite paulista é contada pelo Reinaldo Moraes, com muito talento, mas também, com muita devassidão, regada a muita droga, muito sexo, pouco dinheiro, e pouco rock-on-roll. Livro ótimo foi conceito atribuído ao Pornopopéia. Leitura muito boa.

Trecho: Acordei daquele sonecão pós-peixada nadando em suor, com uma vaga dor de cabeça e soltando petardos genocidas. Meu corpo sozinho me levou ao mar. Eu já tinha dado duas nadadas antes do almoço, a primeira de uma hora singrando as águas piscinosas do Pontal, pra além da arrebentação forte que tem lá, numa trajetória mais ou menos paralela à praia. A segunda tinha sido ali mesmo, na frente da Chapéu-de-sol. Mas nada como um mar depois do outro. Nadei e boiei de papo pro ar, abandonado àquela momidão placentária, no embalo das vagas, mirando um céu que já tinha sido bem mais azul de manhã. Me sentia pleno - pleno de peixe, camarão, cerveja e cachaça. Tive também uma aguda urgência urinária e dei uma bela mijada dentro d'água. Da água vieste, à água retomarás. Sentia os músculos ainda repuxentos da natação matinal, mas depois de alguns minutos me bateu um repentino ânimo olímpico e desatei em braçadas enérgicas mar adentro como se fugisse da bocarra de um tubarão ou fosse ao encontro duma sereia a me acenar do fundo da enseada. Quando dei por mim, tava eu lá no fundão, longe da praia.

Logo ficou claro que eu devia era ter ficado ali pelo rasinho mesmo, boiando ao sabor das marolas refrescantes, esquecido da vida. É isso que eu devia ter feito. Quando vi, porém, já tinha ultrapassado a raia imaginária onde eu tinha nadado pela manhã, a uns cem metros da rebentação, talvez duzentos, sei lá, é difícil calcular distâncias no mar, o metro ali flutua, cresce, encurta, dança e serpenteia ao sabor das vagas, e, se você embarca numa correnteza rumo ao mar aberto, acabam sobrando muitos metros debaixo do seu metro. Eu devia ter voltado assim que cheguei ao fundão. Em vez disso, e para me convencer de que eu poderia nadar até o fim do mundo, dei mais umas vigorosas braçadas em direção à Àfrica ocidental. Comecei, então, a me esbodegar pra valer. Aí parei. Parei, boiei, respirei e logo constatei que a correnteza me arrastava pra direita, pra depois do Pontal, ou seja, pro "mar de fora", como eles dizem aqui. Um pouco mais, estaria fora do âmbito da enseada de Porangatuba, bem longe da terra. Achei melhor me livrar logo daquela correnteza-expresso a caminho de Cabo Verde e sentei os braços no mar de novo pra retomar. Só que o caminho de volta no mar é sempre mais longo que o de ida, se você não é uma tartaruga marinha. Logo vi que não ia ser fácil a empreitada. Estava exausto. As braçadas de crawl me saíam cada vez mais fracas e eram ignoradas pela correnteza, que continuava me arrastando pra casa do caralho de Netuno. Tava na cara que eu ia precisar de mais força que aquilo pra me tracionar na água. Se eu parasse pra boiar e relaxar, ia ser arrastado pra longe e acabar danndo uma cabeçada num petroleiro em alto-mar. Tentei compensar a tibieza dos braços com umas pernadas vigorosas. Tão vigorosas que - CRAU! Cãimbra. Puta cãimbra do caralho. Soltei um berro ouvido apenas pelos vagalhões que me cercavam de todos os lados, abutres líqüidos rodeando a carniça extenuada.

Mais informações sobre esse livro e o autor acesse nossa página: http://www.livronautas.com.br/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Livro: A Casa dos Espíritos de Isabel Allende é muito bom

Isabel Allende, com sua beleza e divertida palestra, seduziu a Flip.

Isabel Allende na Flip
 Ela foi interrompida diversas vezes por aplausos. Na Flip, as palestras, ou mesas, se realizam com dois ou três escritores e um mediador. A “mesa” ou palestra intitulada ”Veias Abertas” foi programada exclusivamente para Isabel. Naquela mesa não poderia caber outro ator, nem outro escritor. O palco estava "rempli de soi même".

Pude fotografá-la, mas a fila de autógrafos dava voltas ao quarteirão. Ela leu um trecho do seu livro mais famoso e ainda falou bastante sobre diversos assuntos. Disse que era jornalista antes de ser escritora. Mas como jornalista ela foi muito ruim porque mentia muito. Falou em alto e bom tom que se casou em San Francisco, USA, com o último heterossexual que existia na cidade. Não pude deixar de comprar seu principal sucesso.

A Casa dos Espíritos” é um livro bom. Isabel Allende conta a história da família de Esteban Trueba, jovem ambicioso, que pretende casar com Rosa, e para isso vai trabalhar numa mina. Rosa morre repentinamente, conforme previra a sua irmã Clara, um ótima clarividente. Esteban deixa o emprego na mina e vai explorar uma fazenda abandonada, tornando-se um latifundiário rico, prepotente e arrogante, quando se casa com Clara. Tiveram os filhos Blanca, Jaime e Nicolas.


A casa dos espiritos
 A narrativa segue o estilo de saga familiar, de certa forma baseada na história política do Chile e que abrange o período de quase um século. Esteban Trueba, o personagem central que, de modesto mineiro se transforma num grande político nacional. São tantos e tão diferentes os personagens, todos meio aparentados do patriarca. Sem contar as mulheres clarividentes e seus espíritos. Magia, amor e tragédia colorem a história. As passagens da repressão da ditadura militar aparecem no final do livro. A autora – além de sobrenome famoso - tem estilo, luz e inteligência própria. A leitura comove. O final do livro surpreende de alguma forma. No livronautas o conceito atribuído foi de “livro mediano”. Certamente não é um conceito que tenha a unanimidade dos leitores.

Até bem pouco tempo eu era daqueles leitores que ao ouvir o nome da escritora imaginava que ela fosse filha de Salvador Allende. Isabel Allende, ou Isabel Allende Llona é peruana de Lima, nascida em 1942. Seu pai trabalhava no serviço diplomático do Governo Chileno e era primo do Presidente da República. Logo após o nascimento de Isabel a família retornou para o Chile, onde passou a infância e juventude. O parentesco com o Presidente ajudou a autora em dois sentidos: foi perseguida pela ditadura do General Pinochet, mas também contribuiu para alavancar sua fama de escritora, porque sempre pairou alguma dúvida se Isabel era parente distante ou filha escritora do Presidente Salvador Allende. O Presidente foi morto pelo exército quando do golpe de estado que instalou a ditadura no Chile, em setembro de 1973. Após a morte do tio presidente Isabel foi para a Venezuela e posteriormente para os EUA.
Graduada em jornalismo Isabel é considerada, pela crítica, uma das principais revelações da literatura latino-americana da década de 80. A Casa dos Espíritos, editado em 1982 foi seu grande best seller, tendo virado tema de um filme de igual sucesso.

Seus principais livros editados no Brasil

1 - A Casa dos Espíritos - Clique aqui para Ler
2 - A Cidade das Feras
3 - A Cidade dos Deuses Selvagens
4 - A Floresta dos Pigmeus
5 - A Ilha Sob o Mar
6 - A Soma dos Dias
7 – Afrodite
8 - Cartas a Paula
9 - Contos de Eva Luna
10 - De Amor e de Sombra
11 - Filha da Fortuna
12 - Inês da Minha Alma
13 - Meu País Inventado
14 - O Reino do Dragão de Ouro
15 - Plano Infinito
16 - Retrato Em Sépia
17 – Zorro

Entre agora no http://www.livronautas.com.br/ que tem muito sobre livros e escritores. É grátis. Em breve o site livronautas estará emprestando livros para leitores de cidades onde seja carente o serviço de bibliotecas, ou de livrarias.