terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O fantasma de Khomeini na cola de Rushdie

Autor de ‘Versos satânicos’ desiste de festival literário na Índia após ameaça de morte!

Ameaças de morte fizeram o escritor indiano-britânico Salman Rushdie cancelar sua participação em um festival de literatura em sua terra natal. Mas não calaram a obra do autor de Versos satânicos — cuja publicação, há 24 anos, rendeu-lhe uma condenação à morte pelo então líder supremo do Irã, aiatolá Ruhollah Khomeini, que viu no romance um insulto ao profeta Maomé e ao Islã. Rushdie desistiu do Festival de Literatura de Jaipur, o maior da Ásia, mas dois proeminentes autores indianos, Hari Kunzru e Amitava Kumar, leram trechos do livro controverso em público, em sinal de apoio a Rushdie. As recentes ameaças contra Rushdie, de 65 anos, começaram no início do mês, quando os organizadores do festival anunciaram a participação dele.

Autor do livro “Deus, um delírio” afirmou que espera ver a morte completa da religião

Um dos ateus mais conhecidos do mundo, o biólogo e escritor Richard Dawkins, fez declarações polemicas sobre a religião em uma entrevista dada durante o Festival de Literatura em Jaipur, na Índia.

Dawkins tem 71 anos e é autor do best-seller “Deus, um delírio”. Na última segunda feira o biólogo deu declarações afirmando que espera que aconteça logo “a morte completa da religião organizada”, ele afirmou esperar que isso aconteça ainda durante sua vida.

Segundo o The Times of India o biólogo falou ainda da ausência do escritor Salman Rushdi no festival, fato que ele chamou de uma “desgraça lamentável”. Rushdi não viajou para a Índia para participar do festival porque está recebendo ameaças de morte de grupos religiosos fanáticos.

Salman Rushdi é autor do polêmico livro “Versos Satânicos”, no qual critica os muçulmanos pela perseguição a fiéis de outras crenças. Esse livro é o motivo pelo qual em 1989 o aiatolá Khomeini, do Irã, ofereceu dinheiro ao muçulmano que matasse Rushdie.

Residente na Grã-Bretanha o escritor precisou passar alguns anos sob proteção da polícia por causa das ameaças. Apesar de a fatwa (manifestação de uma autoridade religiosa com base Islã) do aiatolá iraniano ter sido suspensa, nas vésperas do festival de Jaipur líderes muçulmanos voltaram a defender a morte de Rushdie.

Dawkins comparou a perseguição sofrida pelo colega com um episódio que ocorreu no século 16, quando católicos escreveram a uma autoridade do Vaticano para saber se poderiam matar a rainha Elizabeth I por ter levado milhões de fiéis para a Igreja Anglicana. O cientista disse que, na ocasião, o Vaticano respondeu que seria um ato “louvável”.

Dawkins criticou ainda um suposto salvo-conduto que os líderes religiosos têm para pregar o ódio, e disse que, por isso, é preciso combater “o vírus da fé”.

Para saber mais informações sobre o livro: Deus, um delírio - Clique Aqui

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ameaças forçam Rushdie a desistir de festival de literatura

O escritor Salman Rushdie renunciou hoje à sua participação num festival de literatura na Índia, afirmando que temia pela sua vida. Radicais muçulmanos criticaram abertamente a sua presença no evento e fizeram ameaças de morte.

"Fui informado pelos serviços de informação (...) que assassinos a soldo de Bombaim poderiam estar a caminho de Jaipur para me tentar matar", afirmou o escritor num comunicado em que renuncia à sua participação no Festival Literário de Jaipur. Via Twitter, declarou-se "muito triste por não estar em Jaipur. Foi-me dito que a máfia de Bombaim deu armas a dois atiradores para me "eliminarem".

A presença de Salman Rushdie no festival reacendeu a controvérsia em torno do "Versículos Satânicos", livro considerado blasfematório por alguns muçulmanos e que esteve na origem de uma fatwa decretada pelo ayatollah Khomenei em fevereiro de 1989, incentivando a morte do escritor, nascido em Bombaim numa família muçulmana e naturalizado britânico.

A polémica reacendeu-se nas últimas semanas quando o líder da universidade islâmica Darul Uloom, berço do pensamento muçulmano pediu ao governo para impedir a entrada de Rushdie na India.

Na sequência das ameaças, o ministro de estado do Rajastão, onde está localizada a cidade de Jaipur, aconselhou Salman Rushdie a evitar a entrada no país por razões de segurança.

As ameaças ao escritor fizeram várias vítimas. O tradutor japonês de Salman Rushdie foi esfaqueado até à morte em 1991 e um mês depois o tradutor italiano foi espancado e esfaqueado por alguém que queria o endereço do escritor. Em 1993, foi o editor norueguês que foi alvejado, tendo ficado seriamente ferido.

Fonte: DN Globo

Link Original: http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=2253248&seccao=%C1sia