sexta-feira, 3 de maio de 2013

Papel na cabeça

Na contramão dos e-books, o site Clube de Autores expande seus negócios vendendo livros impressos sob encomenda.

Isto E Dinheiro - Por João VARELLA – 05/04/2013.

Numa época de ebulição dos e-books, com gigantes como Amazon, Apple e Google travando uma batalha feroz por esse mercado, uma empresa digital brasileira colhe bons resultados com o livro de papel. Criado há quatro anos pelos empresários Índio Brasileiro Guerra Neto e Ricardo Almeida, o Clube de Autores é um site que imprime obras sob encomenda para escritores independentes. O sistema funciona da seguinte forma: sem custo algum, a ferramenta permite a qualquer usuário diagramar seu livro, a partir de formatos pré-produzidos, e colocá-lo à venda no site. Se alguém comprar o produto, o Clube de Autores debita o custo de impressão do material, já com seu lucro embutido, e deposita a diferença na conta do escritor.

Por esse sistema, o autor tem total controle sobre seu trabalho, pois é ele quem determina o preço final do produto. “O Clube também não fica com nenhum direito autoral e o escritor pode sair do sistema quando quiser”, afirma Guerra Neto. Desde sua criação, a empresa já imprimiu livros para 21 mil clientes diferentes, numa tiragem total de 280 mil exemplares. Esses números atraíram a atenção do Fundo Santa Catarina, que acaba de investir R$ 1,8 milhão no site. Essa companhia é gerida pelo fundo Fir CapitalBZPlan, que, por sua vez, é controlado pela empresa brasileira Fir Capital. Os sócios da Fir Capital têm histórico de investimentos em companhias de tecnologia no Brasil, como a empresa de buscas Akwan Technology, vendida em 2005 para o Google. 

Entre seus acionistas está o Draper Fischer Jurvetson (DFJ), um dos maiores gestores de venture capital do mundo, com mais de US$ 5,5 bilhões em sua carteira de investimentos e participação em cerca de 550 empresas, entre elas Hotmail, Skype e Baidu. O dinheiro investido será usado no reposicionamento do Clube de Autores. O site se tornará a partir de agora também uma espécie de classificados para revisores e diagramadores, entre outros profissionais do mercado livreiro. “E isso independentemente das inovações tecnológicas pelas quais passar o objeto livro, pois em breve trabalharemos com arquivos multimídia”, afirma Almeida. Para o Fundo SC, criado em julho de 2011, o aporte representa o fim de um ciclo.

“Agora é esperar quatro ou cinco anos para receber o retorno do investimento”, diz Marcelo Wolowski, gestor do fundo. Além do Clube de Autores, a companhia – que já investiu R$ 12 milhões em start-ups – tem participação em outras quatro empresas brasileiras de tecnologia, como a Catamoeda, que faz máquinas coletoras de moedas que dão bônus aos clientes em compras em lojas, e a Axado.com.br, um comparador de preços de fretes de encomendas. No caso do Clube de Autores, Wolowski explica que a confluência entre tecnologia e mercado editorial foi determinante para a definição. “Os negócios nessa área têm crescido muito no País atualmente”, diz.

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