sábado, 20 de agosto de 2011

A Casa dos Budas Ditosos - Pecado Luxúria de João Ubaldo Ribeiro

A surpreendente historia da vida de uma senhora de 68 anos de idade que viveu plenamente a luxúria e ao mesmo tempo, um grande mistério, porque em verdade, não se sabe se ela realmente existe ou existiu. O autor diz que encontrou os originais em sua caixa postal, local onde estavam depositadas todas as orgias, peripécias e aventuras sexuais daquela senhora que provoca a libido e a imaginação de todos os leitores e leitoras.

O livro faz parte da coleção dos 7 pecados capitais: gula, ira, luxúria, inveja, preguiça, avareza, vaidade ou soberba. Cada um dos títulos representa um pecado tão grave que sobre estes não há perdão possível, segundo os ditames da igreja católica. A luxúria é classificada como pecado capital desde a idade média. Ao cometer um pecado capital, o cristão tem a sua alma condenada à danação eterna. Existem, ainda, duas outras categorias de pecados: os veniais e os mortais. Ambos são cometimentos, cuja pena é um castigo menor que a danação eterna. A Casa dos Budas Ditosos é uma história de luxúria gostosa e inteligente. A narrativa se alterna entre chocante, irônica, instigante e libidinosa, mesmo sem ser agressiva nem dissoluta. O João Ubaldo neste livro foi mais que excelente.

João Ubaldo Osório Pimentel Ribeiro, baiano de Itaparica, nasceu em 1941.
Escritor de nomeada e muito sucesso de bilheteria.
Além de ter recebido incontáveis prêmios literários brasileiros e estrangeiros é membro da Academia Brasileira de Letras.
Seus livros foram traduzidos para o alemão, dinamarquês, espanhol, francês, hebraico, inglês, italiano, iugoslavo e sueco.

Seus livros principais:

1 - A Vingança de Charles Tiburone
2 - Arte e Ciência de Roubar Galinha
3 - Livro de Histórias
4 - Miséria e Grandeza do Amor de Benedita
5 - O Conselheiro Come
6 - O Sorriso do Lagarto
7 - Política: Quem Manda, Por Que Manda, Como Manda
8 - Sargento Getulio
9 - Sempre aos Domingos
10 - Setembro Não Tem Sentido
11 - Vence Cavalo e o Outro Povo
12 - Vida e Paixão de Pandomar
13 - Vila Real
14 - Você Me Mata, Mãe Gentil


Trecho do Livro:

Isso pode resvalar para o saudosismo, os bons tempos e semelhantes asnices, não há bons tempos, só há tempos. Nada de saudosismo, saudosismo é uma espécie de masturbação sem verdadeiro prazer, uma inutilidade atravancadora, que no máximo pode ser empregada para brincadeiras, mas geralmente é perda de tempo mesmo. Nãoi, nada disso. Aqueles tempos tinham seu charme, mas eram duros também, cada tempo temn sua dureza, com mil perdões pela filosofia de botequim. Tomar nas coxas, de que eu já felei tanto, exige know-how, para ser desfrutado decentemente.

A mulher tem que treinar a postura, para estar segura de que vai atingir um orgasmo, ainda mais quando o homem é semi-adolescente e goza em dois décimos de segundo. Era preciso também tomar cuidado com o pessoal do "só a cabecinha", todo mundo manja esse pessoal, embora ele exista mais no folclore do que na vida real, eu mesma só encontrei uns três. Tive até vontade de dar para um deles, cheguei a começar a abrir as pernas, encostada no pára-lama do carro do pai dele. Mas algo me disse que não. Algo quase sempre mente, mas, mesmo assim, manda a boa paranóia sadia que se dê atenção a ele. Pois é, Algo me disse que não desse, nem nesse dia nem nos subseqüentes, embora adorasse me agarrar com esse rapaz, ele devia ter uns feromônios extraordinários. Ficava ralado de tanto botar nas minhas coxas e eu fazia tudo com ele, exceto deixar que ele metesse, fosse na frente, fosse atrás. Atrás, bem que eu tentei, a primeira vez em pé, encostada no muro do farol da Barra, que, aliás, é meio inclinadinho, e a gente fica mais ou menos reclinada de bruços, grande farol da Barra. Ele passou cuspe, eu me preparei toda ansiosa e, quando ele enfiou, não consigo imaginar dor pior do que aquela, uma dor como se tivessem me dado dezenas de punhaladas, uma dor funda e lacerante, que não passava nunca, me arrepio até hoje. E as tentativas posteriores foram todas desastrosíssimas, experiências humilhantes e acabrunhantes, passei anos traumatizada e decidida a tornar aquilo território perpetuamente proibido e mesmo execrado. Até que Norma Lúcia me ensinou uma coisa. Não. Duas coisas. Não. Três coisas. Primeira coisa: no começo, na iniciação, por assim dizer, tem que ser de quatro, requisito

absoluto para a grande maioria. Segunda coisa: tem que dizer a ele que venha devagar. Ou, melhor ainda, dizer a ele que espere a gente ir chegando de ré devagar, sempre devagar. Terceira e mais importante de todas: relaxar, relaxar, mas

relaxar de verdade, soltar os músculos, esperar de braços abertos, digamos. É um milagre. Foi um milagre, na primeira vez em que eu segui essa orientação simples. Daí para gozar analmente - não sei nem se é gozo propriamente anal, só sei que é um gozo intensíssimo - foi só mais um pouco de vivência, with a little help Eram my Eriends, ha-ha. Quem não sabe fazer isso nunca fez uma verdadeira suruba, nem pode fazer, nunca vai poder comer direito um casal, enfim, vai ser uma mulher incompleta, acho que qualquer um concorda com isso. Não sei se você sabe, mas as hetairas, as cortesãs da Grécia antiga, davam a bunda, preferencialmente. Apesar de já haver métodos anticoncepcionais, o mais seguro era mesmo uma enrabação, é uma arte milenar que não pode ser perdida, e toda mulher que, sob desculpas inaceitáveis e ditadas pela ignorância, preconceito ou incapacidade, não conta com isso em seu repertório permanente é uma limitada, não importa o que ela argumente. Acho até que todas as refratárias na verdade sabem que são limitadas e procuram negar essa condição através de mecanismos para mim pouco convincentes. Depois que aprendi, naturalmente que tive de procurar esse namorado meu esqueci o nome dele agora, Eusébio, qualquer coisa por aí e dar a bunda a ele, não podia morrer sem fazer isso. Dei numa festa de aniversário da então namorada dele, num sítio onde é hoje Lauro de Freitas, eu também era levadinha.

E por que eu não deixei que ele me comesse na frente também? Bem, primeiro porque achei que não estava pronta ainda, embora me sentisse profundamente lesada em meus direitos elementares, por não poder dar tudo o que era meu e de mais ninguém. Mas, para consolar, eu já tinha me desenvolvido extraordinariamente em outras áreas, já desfrutava tomar na bunda e nas coxas com grande competência, já gozava

chupando, gozava até quando chupavam meus peitos bem chupados, gozava no dedo, gozava apertando as coxas, não sentia, enfim, falta de muita coisa e tinha realmente terror de ficar grávida. Segundo, e mais relevante, é que eu tinha uma fantasia de meu desvirginamento, que eu acho que tirei da biblioteca de meu avô, um livro grossão sobre a vida sexual, que trazia as fotografias de um homem e uma mulher, ambos nus de frente, ambos em posição de sentido, tudo altamente neutro. Mas eu não conseguia deixar de mirar os peitos e os pentelhos dela e o bigode e o pau dele, passava horas entretida nisso e lendo a descrição de um desvirginamento, feita pelo autor. Não sei de cor, mas é como se soubesse, até hoje sou capaz de repetir essas palavras, do jeito que ficaram em minha cabeça: "E então chega o momento tão ansiado. Sem pronunciar uma palavra, ele fecha a boca da donzela com um beijo decidido entre seus bigodes másculos, insinua seus quadris, delicada mas firmemente, entre as coxas dela e dirige a glande inturgescente para o hímen, então trêmulo e lubrificado pelos fluidos naturais da vagina. Resoluto, ele se assegura, às vezes com a ajuda das mãos, de que está no ponto certo e então, enquanto ela dá um gemido abafado, entre a dor e o prazer da fêmea que finalmente cumpre o seu destino biológico, penetra-a com um só impulso vigoroso, abre-lhe mais as pernas, inicia um movimento de vai-e-vem profundo e, finalmente, derrama-lhe nas entranhas o morno líquido vital, sem o qual ele não é nada, ela não é nada." Essa era minha fantasia, até hoje é, sempre foi um dos meus temas de masturbação favoritos e, não sei se de alguma forma por isso, passei grande parte da vida preferindo homens mais velhos, só depois é que comecei a gostar de homens mais novos, depois que descobri que os mais velhos são putas velhas iguais a mim, não valem nada. E, depois, burro velho, capim novo, verdade inegável. Hoje, sinto prazer em seduzir e treinar um jovem bonito; é estimulante, revitalizador, faz bem ao ego.

Claro que eu, mesmo gostando irracionalmente da cena, ou seja, da maneira mais forte possível, não tinha idéia de que ia acontecer comigo exatamente dessa maneira, ou quase exatamente. Ainda nem sonhava em conhecer José Luís. José Luís foi meu professor de prática de Penal, ninguém ligava para ele, mas Penal é ótimo, porque tem aqueles papos de estupro presumido, sedução, atentado ao pudor, rapto etc., tudo excelente para puxar conversas de sacanagem aparentemente inocentes e técnicas, mas assim mesmo as meninas pouco ligavam para ele, não tinham intuição ou experiência para avaliar adequadamente o potencial dele. As poucas que se interessavam por ele não alimentavam planos, porque ele era casadíssimo, caxiíssimo, ordeiríssimo, reprovadoríssimo, de maneira que ninguém achava que valia a pena o trabalho, mesmo diante da tenebrosa escassez de homens aproveitáveis, aquele elenco deprimente de coçadores de baixios e primitivos neandertalescos. Parêntese. Falando em neandertalesco, me apareceu este parêntese, talvez injustiçando um pouco o homem de Neandertal. É difícil acreditar neste parêntese, mas é a pura verdade, não resisto a contá-lo. Verdade, verdade, fiquei pasma na ocasião e continuo abismada. Uma conhecida minha era noiva, de aliança no dedo, de um rapaz muito conhecido, com quem todo mundo simpatizava, um rechonchudinho corado, gentil, educado, aberto, simpático mesmo. Eles eram um casal de pombinhos, todo mundo se referia a eles como pombinhos, um chamego e um carinho que chamavam a atenção, só apareciam juntos, aos beijinhos e alisadinhas. Namoro padrão, na Bahia. Pois bem, pois um belo dia acabaram. Foi um susto geral, dezenas de hipóteses e especulações e ninguém conhecia a versão correta. Muitas e muitas voltas do mundo depois, nós duas estávamos tendo uma espécie de caso passageiro, e ela me contou, na cama, o que de fato havia acontecido. lnimaginável, mas acho que até hoje continua acontecendo. Ela me contou que mantinha a virgindade com ele, mas, de resto, faziam uma porção de coisas, na verdade, agora ela sabia, uma porção de meras perfumarias. E ele foi o primeiro na vida dela, a única experiência que ela tinha. E aí estão os dois namorando numa balaustrada deserta na Barra, já escurecendo, ele sentado, ela em pé, recostada entre as pernas dele, quando sentiu o pau dele duro lhe roçar na bochecha. Ela então ficou esfregando a cara para lá e para cá, por cima do pano da calça. E então, me contou ela, que não tinha razão nenhuma para mentir e parecia até estar precisando daquele desabafo, ela foi seguindo um curso natural, sem nem pensar no que estava fazendo. Abriu a braguilha dele e deixou que o pau pulasse fora. Era a primeira vez que o via assim, cara a cara, e ficou quase hipnotizada, se sentindo como nunca se sentira antes, uma falta de fôlego, uma ânsia, uma vontade de agarrar tudo de uma vez, as costas fibrilando de alto a baixo. Daí para pôr o pau dele na boca foi um instante e aí acabou o namoro. Ele de repente empurrou a cabeça para trás e deu um murro nela. Não um tapa, disse ela, mas um murro que lhe deixou o queixo roxo. Que era que ela estava pensando? Em que puteiro aprendera aquilo? Achava que mulher dele era para fazer aquela coisa nojenta, própria,das mais baixas prostitutas? Se ele quisesse aquilo, ia procurar uma vagabunda na rua, não sua própria mulher. E que desenvoltura era aquela, onde ela havia aprendido aquilo, com quem já fizera aquilo? Nunca mais a beijaria na boca, não queria chupar homem nenhum por tabela. Casaria com ela, sim, porque já estavam comprometidos, mas nunca mais a beijaria na boca. Ela, que tinha caráter, decidiu que acabaria tudo naquela mesma hora. Na ocasião, não conseguiu dar a descompostura nele que pretendia, mas nunca mais quis saber dele, mesmo quando ele tomou corno de uma outra namorada e veio atrás dela no proverbial rastejar, mordido de arrependimento.

Então você vê. Não só os homens tinham medo de deflorar as moças, mesmo quando elas imploravam, como ainda existia esse tipo de selvageria. Era crucial ser uma navegadora hábil, nesse mar de babaquice, cheio de armadilhas inesperadas. Mas eu sempre tive um faro superior, uma capacidade de percepção mais aguçada que o comum, talvez. Talento, por que não? Por exemplo, descobri o potencial de Zé Luís num estalo, foi repentino mesmo. Eu estava no saguão da faculdade, quando me veio um clarão, clarão é a única palavra apropriada. Mas... Mas estava na cara! Zé Luís, Zé Luís ali dando sopa, e ninguém à altura de aproveitar. E então ele subiu a escada sem me olhar, mas eu sabia que ele estava me vendo e então eu falei comigo mesma que Deus é grande e tudo estava maravilhosamente às ordens, a vida é simples e a gente não repara. Cego é mesmo o que não quer ver e agora eu vou contar La grande sédution.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cultura e arte aquecem a semana no Festival de Inverno de Bonito 2011

A cidade das águas cristalinas de Mato Grosso do Sul vai se encher de arte e cultura, de 27 a 31 de julho, com o 12º Festival de Inverno de Bonito – A Natureza das Artes te Chama. O evento que tem patrocínio da Petrobras, maior empresa brasileira e maior incentivadora das artes e da cultura nacional, terá a participação de artistas regionais e músicos de renome da MPB brasileira, além de apresentações de teatro e mostra de artes plásticas.

O Festival terá na sua abertura, a apresentação dos cantores Sul-matogrossenses Almir Sater e Erasmo Carlos. Já no dia 28 de julho, Ney Mato Grosso sobe ao palco com o show “Beijo Bandido”, intepretando clássicos da música nacional. No fim de semana, Bonito ainda recebe Marcelo Camelo, Mart´nalia, Falcão, Loucomotivos e a banda mineira Jota Quest. As entradas serão francas em algumas apresentações , e em outras, serão vendidas a preços populares.

Estrutura - Este ano o evento conta com uma estrutura maior. A Praça da Liberdade recebe os artesanatos, galerias de arte além da praça de alimentação. As apresentações musicais acontecem no palco Fala Bonito e o Palco das Águas as apresentações de Teatro e dança. Um túnel cenográfico será projetado para ligar a Praça da Liberdade à Praça do festival e a Galeria Bonito é Criança, espera desenvolver o gosto pela literatura, utilizando as produções regionais para fortalecer a conscientização ambiental. Para mais informações acesse http://www.festivaldebonito.com.br/

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segunda-feira, 25 de julho de 2011

DIÁRIO DE BUENOS AIRES

Flip hermana

Todos repetirão que a cultura está em festa

DAMIÁN TABAROVSKY
tradução CLARA ALLAIN

FALTA MUITO para setembro? Setembro é o mês da primavera, em que os parques florescem, os passarinhos cantam... É tempo de Filba (Festival Internacional de Literatura de Buenos Aires), empreendimento privado, com pouca tradição entre nós -esta será apenas sua terceira edição-, que ainda não encontrou sua identidade, por sorte, eu diria.
Porque, convenhamos, o que são estes festivais literários globais imensos, como o britânico Hay Festival? Uma forma discreta de animação de festinhas infantis? Um curso acelerado para ensinar as pessoas a fazerem papel de bobas? Não sabemos.
O que sabemos, sim, é que, em setembro, J.M. Coetzee, o Nobel famoso... bem, famoso por ser Nobel, virá ao Filba. E haverá também uma seção dedicada à boa literatura brasileira, com autores como João Gilberto Noll, Santiago Nazarian e Joca Reiners Terron. Certamente haverá muito público, e os jornais dirão que a cultura está em festa. É o que sempre dizem.

LITERATURA K Segundo informa o "Ñ", o suplemento cultural do "Clarín", os cinco ensaios mais vendidos nas últimas semanas são: "La Audacia y el Cálculo", de Beatriz Sarlo; "El Flaco", de José P. Feinmann; "Él y Ella", de Luis Majul; "Zonceras Argentinas y Otras Yerbas", de Aníbal Fernández; e "Economía 3D", de Martín Lousteau.
Os três primeiros são sobre Cristina e Néstor Kirchner (dois contra, um a favor); o quarto foi escrito pelo atual chefe de gabinete de Cristina; o último é de um ex-ministro da Economia da presidente. Como se faz com os santos, as grandes editoras deveriam acender uma vela para os governos Kirchner! De que viveriam se não fosse por eles?
Vale lembrar que as eleições presidenciais serão em outubro -tudo indica que Cristina ganhará-, de modo que, até lá, nós, leitores, amargaremos a ignomínia do filão "K" (apenas o livro de Sarlo se salva), que com certeza vai se alastrar para as posições seis, sete, oito, nove e dez do ranking.
Num gesto entre o delicado e o preguiçoso, o "Ñ" se limita aos cinco primeiros. Estamos gratos a ele.

ESPANHOL IMPORTADO "Hubo un tiempo que fue hermoso" (houve um tempo que foi belo), canta Charly García em uma das canções mais famosas do rock argentino. O mito do tempo passado, sempre melhor do que o presente, abrange também a cultura, em particular a história da tradução nas bandas portenhas. Ou seja, os anos 1940, 1950 e 1960, quando Buenos Aires era a capital das traduções para a língua espanhola. Nos anos 1970, tudo se inverteu: na Argentina, a ditadura, entre muitas outras coisas, matou o mercado editorial, enquanto na Espanha o fim do franquismo e a bonança econômica converteram o país no centro das traduções para o castelhano.
Hoje, a maior parte dos direitos de tradução ao espanhol é negociada em Barcelona (que fala catalão!). O resultado é que os livros chegam à periferia no espantoso espanhol da metrópole.
Mas Buenos Aires continua a traduzir (entre outros, muitos autores brasileiros), mesmo que seja nas margens. Não faz muito tempo, foi fundado o Clube de Tradutores Literários de Buenos Aires, que organiza reuniões, mesas-redondas e ciclos de debates sobre questões teóricas e práticas ligadas à tradução. É o que de melhorzinho acontece na cidade.

GPS NA BLOGOSFERA Algumas semanas atrás, o "New York Times" informou que, pela primeira vez, há mais blogs sendo fechados do que criados. A moda do blog teria acabado?
Difícil saber, mas é bem simples citar quais são os blogs portenhos mais interessantes. Um é o Tomas Hotel (tomashotel.com.ar), a cargo do jornalista Maximiliano Tomas: bússola da atividade cultural -em especial , livros e jornalismo cultural- escrita em prosa sóbria, mas não destituída de ironia sutil.
Outro é o Cippodromo (cippodromo.blogspot.com), do ensaísta Rafael Cippolini. Ali, a escrita (e as imagens que a ilustram) é exuberante, barroca e erudita. Uma reflexão sobre o estado da cultura, com viés futurista. Eu os leio sempre: roubo ideias deles, mas, é claro, jamais admito.

Fonte: Folha de S. Paulo

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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Escritores lançam 'Space Opera' em Paranapiacaba

Os escritores Hugo Vera e Larissa Caruso irão participar do "Projeto Canto e Conto na Serra", que faz parte da 11ª edição do Festival de Inverno de Paranapiacaba. Eles vão apresentar a palestra "Space Opera e Literatura Fantástica", no dia 31 de julho, às 14h.

Sobre a Literatura Fantástica - que envolve ficção científica, fantasia e terror -, eles vão abordar as origens e vertentes do gênero. Além disso, os escritores vão divulgar o livro "Space Opera - Odisseias Fantásticas Além da Fronteira Final".

A publicação, que já está na segunda edição, teve esgotados os exemplares disponibilizados nos lançamentos realizados em São Paulo e no Rio de Janeiro. A editora já anunciou que o segundo volume do livro sairá em 2012.

A Space Opera é um subgênero da Ficção Científica que trata de aventuras espaciais, muitas vezes com heróis e cenários exóticos.

Space Opera e Literatura Fantástica
Data - 31 de julho, às 14h.
Endereço - Rua Schnoor, 405 - Vila de Paranapiacaba (prédio da Padaria do Mens).

Texto original - Clique Aqui

Erasmo Carlos faz show de abertura do Festival de Inverno de Bonito no dia 27

Para comemorar os 70 anos do cantor Erasmo Carlos, o "tremendão" se apresenta na quarta-feira (27), na Grande Tenda, logo após o show de Almir Sater, na Praça da Liberdade, durante o primeiro dia do Festival de Inverno de Bonito. O show na Grande Tenda será com entrada franca. Erasmo Carlos é o maior ícone do rock brasileiro. "Rock’n’Roll" é tudo que o público sempre esperou dele. Rock básico, sessentista, com romantismo e humor são as características básicas da obra do cantor. "Eu era muito cobrado pelos fãs que encontrava na estrada e me davam esporro, dizendo que estava usando muito teclado e pediam as guitarras. E eu também cobrava isso de mim mesmo. Tudo aquilo ia ficando na cabeça até que a hora se apresentou de fazer o disco", conta Erasmo que nos últimos dois anos acumulou uma leva muito boa de músicas.
Com o tema “A Natureza te chama”, será realizada a 12ª edição do Festival de Inverno de Bonito. Durante o tradicional evento, que acontece entre os dias 27 e 31 de julho serão apresentados shows musicais regionais e nacionais, incluindo apresentações teatrais, danças, cinema, artes plásticas, fotografia e artesanato em geral.
Para a edição de 2011 o evento conta com a Praça da Liberdade, onde serão apresentadas atividades como feira de artesanato, o Palco Fala Bonito, onde ocorrerão as apresentações musicais dos artistas sul-matogrossenses e nacionais, o Palco das Águas, um espaço dedicado às apresentações de teatro e dança, a galeria de arte, a praça de alimentação e apresentações de rua.
Para as crianças será criada a “Galeria Bonito é Criança”, espaço que tem o objetivo de desenvolver o gosto pela leitura e pela produção literária e plástica, utilizando a literatura regional para estimular o público infantil a desenvolver o interesse por atividades culturais.
O Festival de Inverno de Bonito é realizado anualmente e por ser um dos maiores eventos da cidade é aguardado com ansiedade por moradores local e de toda a região. “Quase metade do público que freqüenta o evento, cerca de 40% é de Campo Grande”, diz o prefeito de Bonito, José Arthur, que marcou presença no lançamento do evento.



Fonte: Valquíria Oriqui - Capital News (http://www.capitalnews.com.br/)

Coordenador de Turismo de Campina Grande (PB) vem conhecer Festival Cubatão Danado de Bom

Os municípios devem se tornar cidades-irmãs. Artesãos paraibanos vão expor e ministrar oficinas durante o Festival cubatense, em novembro

Dentro da série de ações para tornar o Festival Cubatão Danado de Bom deste ano ainda maior, a Prefeitura de Cubatão recebeu o coordenador de Turismo de Campina Grande (PB), Gustavo Pontinelle, nesta quarta-feira (13/7). A cidade paraibana realiza o que é considerado hoje o maior São João do mundo, e uma das festas mais importantes do Nordeste. A reunião aconteceu a partir de um convite da prefeita Marcia Rosa, que foi representada neste encontro pelo chefe de gabinete, José Carlos Ribeiro dos Santos.

A troca de experiências agrega valor à organização da segunda edição do Cubatão Danado de Bom, que agora faz parte do calendário oficial da cidade. A prefeita Marcia Rosa ressalta que o festival é uma grande homenagem à cultura e ao povo nordestino. O chefe de gabinete destaca que a cidade tem convênios de cidades-irmãs com municípios de vários estados e até de outros países, mas não com a região do Nordeste: “Será um prazer termos Campina Grande como cidade-irmã e a partir de agora selamos um compromisso de que isso será feito para deixar o nosso festival ainda mais bonito”, afirmou.
Já o coordenador de Turismo de Campina Grande comentou que as cidades têm muito em comum e por isso será gratificante firmar essa parceria em breve. “Eu vejo um futuro maravilhos para o Cubatão Danado de Bom, porque realizar essa festa já é uma ideia extremamente rica e feliz. Com certeza, o ‘Danado de bom’ já pode ser considerado o maior festival nordestino fora do Nordeste”, afirmou Gustavo Pontinelle. A partir disso, o festival cubatense vai contar com a presença de artesãos, escultores e artistas plásticos paraibano que participam do São João de Campina Grande através de uma futura parceria entre os dois municípios.
Essa proposta teve início quando o secretário de Cultura de Cubatão, Welington Borges, foi conferir o evento paraibano, que acontece sempre entre os meses de junho e julho e este ano, durou 31 dias, atraindo mais de 2 milhões de pessoas. Para o secretário, diversas iniciativas bem sucedidas, adotadas em Campina Grande, devem ser compartilhadas no festival de Cubatão. A cenografia e a decoração, já consagradas no evento paraibano, devem servir de inspiração ao Danado de Bom 2011.
Durante a visita de Welington Borges à Paraíba, o prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital, elogiou a iniciativa de criação do Festival Danado de Bom, garantindo, inclusive, sua participação na 2º edição do evento: “Acredito que toda manifestação que divulga a Cultura Nordestina é importante. Fico feliz ao ver que Cubatão valoriza o Nordeste através da festa e de seus moradores. Creio que através dessa identificação, os dois municípios passam a ter muito em comum, inclusive, um vínculo afetivo através da Arte”, disse Veneziano.
A previsão é de que o Cubatão Danado de Bom 2011 receba cerca de 70 mil pessoas, em 35 horas de atrações e com a participação de 120 artistas das mais diversas vertentes – entre eles Zé Ramalho, Daniela Mercury e Cavaleiros do Forró. Este ano, haverá homenagem ao cearense Chico Anysio, que terá uma cidade cenográfica com seus personagens mais conhecidos passeando por lá.
Outros cinco nordestinos, que vivem há mais de 30 anos em Cubatão, também vão ter reconhecimento no Festival. São eles: Camarão do Forró, Agulhão do Mar, Seu Raimundo, Chapéu de Couro e Sanfoneiro Lêla, todos conhecidos na cidade por estes apelidos. Vários espaços vão trazer os sabores, artesanato, literatura, folclore, danças e músicas nordestinos. O festival acontece de 11 a 15 de novembro, no Kartódromo de Cubatão.

Texto Original - Clique Aqui

terça-feira, 14 de junho de 2011

Pirateiem meus livros

A "pirataria" é o seu primeiro contato com o trabalho do artista: se essa idéia for boa, você gostará de tê-la; uma idéia consistente dispença proteção

Autor: Paulo Coelho - Escritor e Compositor, membro da Academia Brasileira de Letras
Veiculo: Jornal Folha de São Paulo, edição 29 de Maio de 2011, página A3
Fonte: Sebastião Telles, Florianopolis


Em meados do século 20, começaram a circular na antiga União Soviética vários livros mimeografados questionando o sistema político.
Seus autores jamais ganharam um centavo de direitos autorais.

Pelo contrário: foram perseguidos, desmoralizados na imprensa oficial, exilados para os famosos gulags na Sibéria. Mesmo assim, continuaram escrevendo.
Por quê? Porque precisavam dividir o que sentiam. Dos Evangelhos aos manifestos políticos, a literatura permitiu que idéias pudessem viajar e, eventualmente, transformar o mundo.
Nada contra ganhar dinheiro com livros: eu vivo disso. Mas o que ocorre no presente? A indústria se mobiliza para aprovar leis contra a "pirataria intelectual". Dependendo do país, o "pirata" - ou seja, aquele que está propagando arte na

Escritor Paulo Coelho
 Rede - poderá terminar na cadeia.
E eu com isso? Como autor, deveria estar defendendo a "propriedade intelectual". Mas não estou. Piratas do mundo, uni-vos e pirateiem tudo que escrevi!
A época jurássica, em que uma idéia tinha dono, desapareceu para sempre. Primeiro, porque tudo que o mundo faz é reciclar os mesmos quatro temas: uma história de amor a dois, um triângulo amoroso, a luta pelo poder e a narração de uma viagem. Segundo, porque quem escreve deseja ser lido - em um jornal, em um blog, em um panfleto, em um muro.
Quanto mais escutamos uma canção no rádio, mais temos vontade de comprar o CD. Isso funciona também para a literatura: quanto mais gente "piratear" um livro, melhor.
Se gostou do começo, irá comprá-lo no dia seguinte - já que não há nada mais cansativo que ler longos textos em tela de computador.
1 - Algumas pessoas dirão: você é rico o bastante para permitir que seus textos sejam divulgados livremente.
Ê verdade: sou rico. Mas foi a vontade de ganhar dinheiro que
me levou a escrever?
Não. Minha família, meus professores, todos diziam que a profissão de escritor não tinha futuro. Comecei a escrever - e continuo escrevendo - porque me dá prazer e porque justifica minha existência. Se dinheiro fosse o motivo, já podia ter parado de escrever e de aturar as invariáveis críticas negativas.
2 - A indústria dirá: artistas não podem sobreviver se não forem pagos.
A vantagem da internet é a divulgação gratuita do seu trabalho.

Em 1999, quando fui publicado pela primeira vez na Rússia (tiragem de 3.000 exemplares), o país logo enfrentou uma crise de fornecimento de papel. Por acaso, descobri uma edição "pirata" de "O Alquimista" e postei na minha página.
Um ano depois, a crise já solucionada, eu vendia 10 mil cópias.

Chegamos a 2002 com 1 milhão de cópias; hoje, tenho mais de 12 milhões de livros naquele país. Quando cruzei a Rússia de trem, encontrei varias pessoas que diziam ter tido o primeiro contato com meu trabalho por meio daquela cópia "pirata" na minha página.

Hoje, mantenho o "Pirate Coelho” colocando endereços (URLs) de livros meus que estão em sites de compartilhamento de arquivos. E minhas vendagens só fazem crescer - cerca de 140 milhões de exemplares
no mundo.

Quando você come uma laranja, precisa voltar para comprar outra. Nesse caso, faz sentido cobrar no momento da venda do produto.

No caso da arte, você não está comprando papel, tinta, pincel, tela ou notas musicais, mas, sim, a idéia que nasce da combinação desses produtos.

A "pirataria" é o seu primeiro contato com o trabalho do artista.
Se a idéia for boa, você gostará de tê-la em sua casa; uma idéia consistente não precisa de proteção.

O resto é ganância ou ignorância.

http://www.livronautas.com.br/
Comente essa idéia!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

POETAS DA AMÉRICA DE CANTO CASTELHANO. Seleção, tradução e notas de THIAGO DE MELLO

Se estivéssemos na abertura de um espetáculo, com plateia, palco e cenário, o discurso seria mais ou menos assim: "A Global Editora orgulhosamente apresenta a obra que, segundo o próprio organizador e tradutor, o poeta Thiago de Mello, coroa todo o seu trabalho no campo da poesia. Falamos do livro Poetas da América de canto castelhano, uma antologia inédita, que permeou a men-te do poeta da floresta por vinte anos. O livro chega para preen-cher uma imensa lacuna em nosso acervo bibliográfico e vem para cumprir um importante papel na integração cultural da América Latina.".

Poetas da América de canto castelhano reúne cerca de 400 poemas de 120 poetas, representantes de 18 países mais Porto Rico, dentre os quais estão Pablo Neruda, Jorge Luis Borges, Cesar Vallejo, Rubén Darío, Gabriela Mistral, Nicolás Guillén, José Asun-ción Silva, Jaime Sabines, Ernesto Cardenal, Mario Benedetti e muitos outros.

"A publicação de uma obra deste porte, como é fácil imagi-nar, implica enormes dificuldades. Não apenas por sua amplitude, do ponto de vista da produção editorial propriamente dita, mas, sobretudo, pelas questões relacionadas com a cessão de direitos autorais em condições excepcionais, indispensável à concretização do projeto. As negociações finais com autores, herdeiros e agentes literários — na maior parte das quais Thiago de Mello se empenhou pessoalmente e com paixão — tomaram cerca de dois anos. Ao longo dessa longa jornada, houve baixas", diz o editor Quartim de Moraes, em sua nota introdutória.

Algumas dessas baixas se devem a surpreendentes dificul-dades de comunicação e a reivindicações impossíveis de serem atendidas; outras, talvez, à incompreensão do significado da obra. Para tristeza de Thiago de Mello, acabaram ficando de fora algu-mas dezenas de autores, cujos poemas já estavam selecionados e traduzidos.

Ao leitor, cabe degustar o livro página por página, poema por poema, nota por nota e, enfim, aplaudi-lo. Certamente, de pé. reúne cerca de 400 poemas de 120 poetas, representantes de 18 países mais Porto Rico, dentre os quais estão Pablo Neruda, Jorge Luis Borges, Cesar Vallejo, Rubén Darío, Gabriela Mistral, Nicolás Guillén, José Asun-ción Silva, Jaime Sabines, Ernesto Cardenal, Mario Benedetti e muitos outros.

"A publicação de uma obra deste porte, como é fácil imagi-nar, implica enormes dificuldades. Não apenas por sua amplitude, do ponto de vista da produção editorial propriamente dita, mas, sobretudo, pelas questões relacionadas com a cessão de direitos autorais em condições excepcionais, indispensável à concretização do projeto. As negociações finais com autores, herdeiros e agentes literários — na maior parte das quais Thiago de Mello se empenhou pessoalmente e com paixão — tomaram cerca de dois anos. Ao longo dessa longa jornada, houve baixas", diz o editor Quartim de Moraes, em sua nota introdutória.

Algumas dessas baixas se devem a surpreendentes dificul-dades de comunicação e a reivindicações impossíveis de serem atendidas; outras, talvez, à incompreensão do significado da obra. Para tristeza de Thiago de Mello, acabaram ficando de fora algu-mas dezenas de autores, cujos poemas já estavam selecionados e traduzidos.

Ao leitor, cabe degustar o livro página por página, poema por poema, nota por nota e, enfim, aplaudi-lo. Certamente, de pé.

Título: POETAS DA AMÉRICA DE CANTO CASTELHANO
Organização e tradução: THIAGO DE MELLO
Autores: 120 poetas da América Latina mais Porto Rico
Editor: A. P. QUARTIM DE MORAES
Páginas / preço: 496 / R$ 79,00
Formato / acabamento: 18 x 23 cm / capa flexível
Lançamento: Junho de 2011
Público-alvo: Amantes da boa poesia

terça-feira, 7 de junho de 2011

Livro Lendo Lolita em Teerã de Azar Nafisi

A história de sete ex-alunas que a professora-autora Azar Nafisi reunia em sua casa para fazerem a leitura de obras proibidas na Universidade de Teerã. As reuniões eram semanais e no início as alunas eram muito tímidas, demonstravam medo e angustia pelo que estavam fazendo, mas ao longo do tempo elas passam a falar de suas vidas pessoais, seus sonhos, suas tristezas.


Azar Nafisi nasceu no Irã em 1947. Doutora em literatura inglesa pela Universidade de Oklahoma. É escritora e jornalista do New York Times, The Washington Post e The Wal Street Jornal. Em 1979, com a derrubada da ditadura do Xá Reza Pahlevi e a instituição da Republica Islâmica do Irã retornou ao país e conseguiu a função de professora de literatura na Universidade de Teerã, de onde - mais tarde - foi expulsa por se recusar a usar o véu.
Lendo Lolita em Teerã é seu grande sucesso, traduzido para 32 idiomas e constante, durante 30 meses consecutivos, da lista “dos mais vendidos” do New York Times.


Trecho do Livro: Fiquei esgotada depois da aula. Saí rapidamente, como se tivesse um compromisso importante. Não tinha nada para fazer. Coloquei meu casaco, chapéu e luvas e saí. Não tinha nenhum lugar para onde ir. Nevara muito naquela tarde, e depois o sol iluminara os montes de neve branca, fresca e limpa. Quando eu era criança, antes de me mandarem para a Inglaterra, eu tinha uma amiga, uma amiga de infância que eu amara muito, bem mais velha que eu. De vez em quando, nós caminhávamos por um longo tempo pela neve. lamos até nossa confeitaria predileta, na qual havia deliciosos sonhos de creme. Comprávamos os sonhos e voltávamos para a neve, nós os devorávamos enquanto conversávamos bobagens e caminhávamos e caminhávamos.

Saí da universidade e fui caminhar pela rua das livrarias. Com chapéus de lã enfiados sobre as orelhas, os vendedores de rua haviam aumentado o volume dos seus aparelhos de som e balançavam o corpo para se manterem aquecidos. Caminhei pela rua até que as livrarias deram lugar a outras lojas e a um cinema que frequentávamos quando éramos crianças, mas que agora estava fechado. Tantos cinemas foram incendiados durante aqueles dias gloriosos da revolução! Continuei minha caminhada até chegar à praça Ferdowsi, assim nomeada em homenagem ao nosso maior poeta épico. Teria sido neste lugar que eu e minha amiga paramos para rir naquele dia, enquanto saboreávamos nossos sonhos de creme?

Com o tempo, a neve ficou suja pela poluição de Teerã; minha amiga foi para o exílio e eu voltei para casa. Até então, a ideia de pátria tinha sido amorfa e ilusória; ela se apresentava em relances torturanntes, com a familiaridade impessoal de velhas fotografias de família. Mas todos esses sentimentos pertenciam ao passado. A pátria se transformava constantemente bem diante dos meus olhos.

Senti que perdia alguma coisa naquele dia, que lamentava uma morte que ainda não tinha acontecido. Senti como se tudo fosse essmagado, como pequenas flores selvagens, para dar lugar a um jarrdim mais elaborado, onde tudo seria controlado e organizado. Nunca tivera essa sensação de perda quando estudava nos Estados Unidos. Naqueles anos, meu anseio estava certamente ligado àquele lar, àquela pátria que era minha, para a qual eu poderia voltar na hora que quisesse. Só depois que retomei foi que compreendi o verrdadeiro significado do exílio. Enquanto caminhava por aquelas amadas ruas, ternamente relembradas, senti que esmagava as memórias que jaziam no caminho.

Fiquei esgotada depois da aula. Saí rapidamente, como se tivesse um compromisso importante. Não tinha nada para fazer. Coloquei meu casaco, chapéu e luvas e saí. Não tinha nenhum lugar para onde ir. Nevara muito naquela tarde, e depois o sol iluminara os montes de neve branca, fresca e limpa. Quando eu era criança, antes de me mandarem para a Inglaterra, eu tinha uma amiga, uma amiga de infância que eu amara muito, bem mais velha que eu. De vez em quando, nós caminhávamos por um longo tempo pela neve. lamos até nossa confeitaria predileta, na qual havia deliciosos sonhos de creme. Comprávamos os sonhos e voltávamos para a neve, nós os devorávamos enquanto conversávamos bobagens e caminhávamos e caminhávamos.

Saí da universidade e fui caminhar pela rua das livrarias. Com chapéus de lã enfiados sobre as orelhas, os vendedores de rua haviam aumentado o volume dos seus aparelhos de som e balançavam o corpo para se manterem aquecidos. Caminhei pela rua até que as livrarias deram lugar a outras lojas e a um cinema que frequentávamos quando éramos crianças, mas que agora estava fechado. Tantos cinemas foram incendiados durante aqueles dias gloriosos da revolução! Continuei minha caminhada até chegar à praça Ferdowsi, assim nomeada em homenagem ao nosso maior poeta épico. Teria sido neste lugar que eu e minha amiga paramos para rir naquele dia, enquanto saboreávamos nossos sonhos de creme?

Com o tempo, a neve ficou suja pela poluição de Teerã; minha amiga foi para o exílio e eu voltei para casa. Até então, a ideia de pátria tinha sido amorfa e ilusória; ela se apresentava em relances torturanntes, com a familiaridade impessoal de velhas fotografias de família. Mas todos esses sentimentos pertenciam ao passado. A pátria se transformava constantemente bem diante dos meus olhos.

Senti que perdia alguma coisa naquele dia, que lamentava uma morte que ainda não tinha acontecido. Senti como se tudo fosse essmagado, como pequenas flores selvagens, para dar lugar a um jarrdim mais elaborado, onde tudo seria controlado e organizado. Nunca tivera essa sensação de perda quando estudava nos Estados Unidos. Naqueles anos, meu anseio estava certamente ligado àquele lar, àquela pátria que era minha, para a qual eu poderia voltar na hora que quisesse. Só depois que retomei foi que compreendi o verrdadeiro significado do exílio. Enquanto caminhava por aquelas amadas ruas, ternamente relembradas, senti que esmagava as memórias que jaziam no caminho.

Mais informações sobre o Livro Livro Lendo Lolita em Teerã - Clique Aquí
Briografia da autora Azar Nafisi - Clique Aquí

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Editora Gente - Gente fazendo livros, livros fazendo Gente

Gente fazendo livros, livros fazendo Gente
Fundada em 17 de maio de 1984, a Editora Gente ocupa um espaço destacado no mercado editorial brasileiro, com grande reconhecimento no segmento e também entre nossos consumidores como uma empresa profissional, inovadora, dinâmica, e, sobretudo, humana.

Segundo informações constantes do site da Editora, seu maior objetivo é contribuir com o desenvolvimento humano. Por isso, optou por se dedicar a três linhas editoriais: auto-ajuda, educação e gestão.

A primeira, mais abrangente, abriga temas como espiritualidade, bem-estar, relacionamento, sexualidade, saúde, comportamento e finanças pessoais. A segunda aborda temas que atendem os interesses de pais, professores e pedagogos. Já a linha de gestão trata de questões de carreira, negócios, administração, gestão de recursos humanos e treinamento.

O ser humano é a nossa fonte de inspiração da editora. A parceria com seus autores busca sempre o objetivo da empresa: compartilhar conhecimentos e estimular o desenvolvimento de pessoas. Para isso, conta também com uma equipe que tem a função de transformar conhecimento em produtos atraentes e de qualidade que agreguem valor aos nossos clientes.

Sempre atenta à evolução do mercado editorial e às tendências sociais e de comportamento no Brasil e no exterior, a Editora Gente está presente nos principais eventos do calendário literário nacional, e freqüentemente busca novidades em feiras internacionais. Sabemos que não há limites para o conhecimento e nossos livros vêm ultrapassando fronteiras. Muitos deles já foram publicados em diversos países.

É por tudo isso que cada vez que uma pessoa lê um dos nossos livros e consegue mudar algo em sua vida, estamos cumprindo nossa missão: ajudar o Brasil a se tornar um país de campeões.

Livronautas buscou este texto no site da editora: http://www.editoragente.com.br/

No acervo Livronautas constam alguns livros editados pela Gente. Entre eles se destacam: Nas Ondas do Futuro, do autor Marco Aurélio Ferreira Vianna, é um livro de sociologia, considerado “ótimo”. Talento Para Ser Feliz, autora Leila Navarro, é livro de auto-ajuda, também considerado “ótimo”. Acesse http://www.livronautas.com.br/ e veja ainda os livros: O Homem de Hoje, de Patrick M. Morley; Sucesso Com Estilo de João Dória Junior e Grandes Idéias, de Alexandre Garrett.

Veja os livros comentados da Editora Gente: Clique aquí

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Livro Quem Mexeu no Meu Queijo? de Spencer Johnson


Os ratos Sniff e Scurry
 O debate sobre a importância de aprender a lidar com as mudanças no trabalho e na vida é o fio condutor de Quem Mexeu no Meu Queijo.O livro expressa isso, numa linguagem simpática e gostosa, com dois ratinhos  e dois homenzinhos – que são os personagens principais - vivendo em um labirinto. Os ratinhos têm facilidade para enfrentar as mudanças, adaptando-se facilmente a elas. Enquanto que os homenzinhos sofrem a terrível ameaça do medo. Medo de fracassar, medo da incapacidade, medo de errar, medo de se perder, medo de sofrer. São tantos os medos que os homenzinhos acabam ficando presos aos velhos hábitos. Dois comentários sobre o livro o consideram “excelente”, tanto pela simplicidade da leitura, como pela beleza da narrativa.

SOBRE O AUTOR
Spencer Johnson é norte-americano e nasceu em 1949. Ele se graduou em Psicologia pela Universidade de Califórnia. É escritor de sucesso reconhecido e aplaudido nas palestras motivacionais que faz pelos auditórios do mundo inteiro desde o lançamento de Quem Mexeu no Meu Queijo. Os seus outros livros, lançados aqui no Brasil, embora bem vendidos, não tiveram o mesmo sucesso. Os outros livros são: O Gerente-Minuto, O Pai-Minuto, A Mãe-Minuto, o Professor-Minuto e Um Minuto Para Mim. Não adiantou lançar tanto livro de minuto. Nenhum igualou nem chegou perto dos ratinhos. Fica a lição: mesmo para escrever livro de auto-ajuda o autor tem que ter uma história boa e muito talento.


TRECHO DO LIVRO
O labirinto era um emaranhado de corredores e divisões, algumas contendo um queijo delicioso. Mas também havia cantos escuros e becos sem saída. Era um lugar fácil para se perder.

Contudo, para aqueles que encontravam seu caminho, o labirinto tinha segredos que lhes permitiam ter uma vida melhor.

Os ratos, Sniff e Scurry, usavam o método simples, porém ineficiente, das tentativas de encontrar queijo. Eles corriam por um corredor e, se o encontrassem vazio, viravam-se e corriam por outro.

Sniff farejava a direção do queijo, usando seu grande focinho, e Scurry corria na frente. Como se poderia esperar, eles se perdiam, seguiam pelo corredor errado e freqüentemente se chocavam nas paredes.

Mas os dois duendes, Hen e Haw, usavam um método diferente e confiavam em sua capacidade de pensar e aprender com suas experiências, embora às vezes ficassem confusos com suas crenças e emoções.

Finalmente, usando seus próprios métodos, todos eles descobriram o que estavam procurando – um dia, encontraram seu próprio tipo de queijo no final de um dos corredores no Posto C de Queijo.

Depois disso, todas as manhãs os ratos e os duendes vestiam suas roupas de correr e seus tênis e se dirigiam ao Posto C.

Não demorou muito para uma rotina ser estabelecida.

Sniff e Scurry continuaram a acordar cedo todos os dias e correr pelo labirinto, seguindo sempre o mesmo caminho.

Quando chegavam a seu destino, os ratos tiravam os tênis, amarravam o cadarço de um dos pés no do outro e os penduravam nos pescoços – para ser possível calçá-los rapidamente sempre que necessário. Então comiam o queijo.

Uma rotina diferente foi estabelecida pelos duendes. Hem e Haw acordavam todos os dias um pouco mais tarde, vestiam-se sem muita pressa e caminhavam até o Posto C. Afinal de contas, agora sabiam onde o Queijo estava e como chegar lá.

Eles não tinham idéia de onde o Queijo vinha. Simplesmente presumiam que estaria naquele lugar.

Todas as manhãs, logo que chegavam ao Posto C, eles se instalavam ali sem a menor cerimônia. Penduravam as roupas de correr e tiravam os tênis, porque achavam que não precisariam deles de novo, agora que haviam encontrado o Queijo.

- Isso é ótimo – dizia Hem. – Há Queijo suficiente aqui para nos alimentar para sempre. – Os duendes sentiam-se felizes e bem-sucedidos, e achavam que agora estavam seguros.

Logo Hem e Haw passaram a considerar o Queijo que encontravam no Posto C seu Queijo. O estoque era tão grande, que eles acabaram se mudando para mais perto do Posto C, e criaram uma vida social ao seu redor.

Para se sentir mais em casa, decoraram as paredes com frases e até mesmo as contornaram com desenhos do Queijo, que os faziam sorrir.

Este livro está disponivel na Livronautas e até esta data esta classificado como um livro excelente. Clique Aqui

terça-feira, 17 de maio de 2011

Livro Ligue o Foda-se e Seja Feliz de Fabio Lemos

Embora o título adotado pelo autor seja inusual e, bastante chamativo para efeito de vendas, “Ligue o Foda-se e Seja Feliz”, é livro chatinho, vazio e nem traz nada de novo. No site livronautas o conceito é de livro péssimo. Um festival de lugar-comum usado por um palestrante inteligente que trilhou a enorme avenida da “auto ajuda”, mais exatamente no segmento das palestras motivacionais. Com certeza o autor possui os três requisitos básicos para o sucesso desse negócio: bem-falante, simpático e comunicador. Mas como escritor Fabio Lemos ainda precisa comer muita poeira nas avenidas da escrita. Aliás, a ausência de uma boa editora para a edição do livro, pode resultar em erros gramaticais que os revisores das boas editoras não costumam deixar passar. A história do personagem Zé, nem sequer é uma história legal. Pelo contrário é ruim e bobinha. Por vezes parece aquela arengada de pastor de igreja evangélica. A leitura é cansativa e o conteúdo do livro não passa de um monte de obviedades, mal ordenadas.

Autor Fabio Lemos
Fabio Lemos é goiano, embora não tenhamos conseguido saber a cidade e o ano de seu nascimento. Consultor de Vendas é palestrante na área de motivação, empresário e escritor. Seus livros conhecidos são: Ligue o Foda-se e Seja Feliz; Ouse Ser Feliz; e Profissão Vendedor.

Acompanhe um trecho do livro...”Agradeça constantemente pelas bênçãos na sua vida, mas continue na busca dos seus sonhos, procurando prosperar sempre. Não confunda ser grato com ser acomodado, são duas coisas muito diferentes. Seja grato, mas perseverante. Todos na vida vão experimentar, em algum momento, o sabor do fracasso, pois fracassar faz parte do processo de aprendizado. Só erra aquele que tenta, que se lança no caminho do fazer.

Erra aquele que tenta acertar. O fracasso nada mais é que a incapacidade, a falta de experiência, de conhecimento e de habilidade do ser humano na tentativa de empreender, criar, projetar ou realizar algo, seja o que for. Quando você fracassa é porque você ainda não encontrou a forma certa de fazer, o fracasso é um sinal que você precisa melhorar, adaptar-se, fazer melhor. Hoje, temos a nossa disposição um leque enorme de exemplos de homens e mulheres que alcançaram o ápice do sucesso, mas, antes, amargaram fracassos em algum momento da vida. Pense em figuras como Thomas Edson: quantas experiências acabaram em fracasso antes de invenções como o telefone ou a lâmpada elétrica? ...É claro que existem pessoas maravilhosas, amigos, parentes, indivíduos que nos amam e nos querem bem. Tenho certeza de que eles sempre estarão interessados em tudo que nos envolve, escutando-nos com carinho e amor....”

Veja se isso não parece preleção de pastor evangélico, antes do culto dominical???

Mais informações sobre o Livro Ligue o Foda-se e seja Feliz. Clique Aqui

Acesse também http://www.livronautas.com.br/

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Livro A Guerra de Clara de Clara Kramer

A história de Clara Kramer, que tinha 13 anos quando os nazistas invadiram a Polônia. Ela e sua família eram judias. Uma resenha sensacional o leitor encontra no site www.livronautas.com.br Para não serem assassinados pelos nazistas, eles se esconderam no subsolo da casa do Senhor Beck, um anti-semita convicto, que decidiu desafiar as autoridades e manteve a família Kramer perigosamente escondida em sua casa até o final da guerra. A mãe de Clara a obrigava a anotar no diário tudo o que eles faziam no esconderijo. Este livro não é uma obra ficcional, a começar pela dedicatória da autora: “Aos meus pais, que me ensinaram compaixão e decência; a minha irmã caçula, que me mostrou a verdadeira bravura; e aos Beck, que me salvaram a vida e me devolveram a fé na humanidade.” Leitura fácil, emoção do início ao final.

Autora Clara Kramer
Folha de São Paulo, Globo e Valor Econômico teceram compridos elogios à Guerra de Clara, sempre destacando que se tratava de uma história real da família judia salva do holocausto por um anti-semita. O fato de um jornalista e roteirista de cinema - Stephen Glantz - ter auxiliado a autora, só contribui positivamente para a leitura deste livro.
Clara Kramer, polonesa, em 2010 tem 81 anos de idade. Tinha 13, quando em 1942 os nazistas invadiram a polônia.
A Guerra de Clara, seu único livro, foi escrito após o término da 2ª Guerra Mundial. O livro foi baseado em anotações de seu diário. O jornalista americano Stephen Glantz foi co-autor.




Capa do Livro
A Guerra de Clara
Zolkiew era a cidadezinha do interior da Polônia onde viviam os Kramer e os Beck. Clara tinha 13 anos de idade. Ela e sua família não foram assassinadas pelos nazistas porque os Beck os esconderam no sub solo de sua casa. Foram 18 meses de agonia, sofrimento, esperança, fome, tristeza, desconforto, doenças, e escuridão. A guerra de Clara é uma história sobre a intolerância e o perdão, escrita por uma adolescente que viu e ouviu milhares a sua volta serem assassinados pelo simples fato de serem judeus. Não há como não comparar A Guerra de Clara, com o Diário de Anne Frank ou a Lista de Schindler. Afinal são histórias verdadeiras, de gente que sobreviveu ao holocausto. Em Zolkiew existiam 5 mil judeus, como os Kramer, pouco mais de 60 se salvaram. A leitura é boa e simples, talvez pela adição do estilo do jornalista e cineasta Stephen Glantz, mas a esperança é a marca mais contundente no viver de cada dia, da autora Clara Kramer. Muito bom.

Mais informações sobre o Livro A Guerra de Clara: Clique Aqui

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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Evento: 3ª Festa Literária de Pirinópolis

O jeito de cidade de interior e os atrativos naturais e históricos que extasiam os turistas abrem espaço para leituras e performances teatrais. De amanhã a domingo (15/5), Pirenópolis (GO), destino obrigatório para quem deseja conhecer o melhor do Centro-Oeste, recebe a terceira edição da Flipiri, festa literária organizada pela prefeitura municipal da cidade e pela Casa de Autores de Brasília. Debates, poesias e espetáculos teatrais vão tomar conta de pontos culturais, como o Cine Pireneus, a Praça da Leitura e o Theatro de Pyrenópolis Sebastião Pompeu de Pina.

Famosa pelo potencial turístico, a região apresenta vocação para a palavra e para o verso, num ano que homenageia a escritora goiana Cora Coralina. A abertura oficial ocorre quinta-feira, às 19h (na quarta-feira tem a Flipiri Itinerante). A atriz Elisa Lucinda, cronista do Correio, fará um recital na Praça Central. Pouco antes, às 16h, cerca de 400 pipas, sendo 100 delas de autoria de adolescentes do programa Pró-Jovem, da Secretaria de Ação Social, vão colorir os céus. Quarenta e sete escritores de Brasília, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro confirmaram presença no evento.

Vivência Bretas Tahan, a mais nova e única ainda viva dos sete filhos de Cora, cuida das obras deixadas pela mãe e prepara material para novos volumes de textos. Recusa dizer a idade: “Sai dessa! Faz 40 anos que não mudo de médico para não ter que fazer nova ficha”, ela brinca. E se diz muito feliz com a honra conferida pela festa. “Só tenho motivos para me orgulhar. Acho justíssimo. Depois de 26 anos da morte dela, ainda é homenageada em tantos lugares”, conta. O legado deixado pela mãe é hereditário: Vivencia também escreve. Mas acredita que a influência vai mais além. “As mulheres nunca devem desistir. Minha mãe começou a escrever aos 14 anos, mas só editou o primeiro livro quando tinha 76. Sempre escrevendo e guardando. Hoje acho que anda mais fácil, acessível você chegar a uma editora. Mas assim mesmo para a mulher ainda é difícil. É um problema cultural”, comenta Vivência, que não tem certeza se vai para Pirenópolis.

Paulo Salles, neto; Marlene Vellasco, presidente da Associação Casa de Cora Coralina; Heitor Rosa, escritor e amigo; e o também escritor goiano Elder Rocha Lima vão fazer leituras coletivas de obras da homenageada, contar histórias e conversar com o público. João Bosco Bezerra Bonfim preparou um cordel sobre a escritora e vai lançar o livreto durante a festa. Gedson Oliveira, secretário de Cultura da cidade, explica que o evento serve para estreitar os laços entre sociedade e produção artística. “É construída com a comunidade. Durante o ano, nós promovemos encontros para traçar o modelo que a gente quer. Não tem objetivo de comercialização do livro. A gente quer mostrar o gosto que a leitura tem”, analisa. “A gente quer que a cidade respire a festa literária”, completa.

Ponto de encontro
A programação de quatro dias promete conectar literatura, educação e passeios pela cidade histórica, com os saraus dos Quintais Poéticos, a Carroça de Leitura, transporte rústico transformado em biblioteca ambulante, e o Bondinho de Poetas, que vai transportar escritores para vários locais da cidade. Amanhã e quinta-feira, 22 escolas de localidades distantes do Centro Histórico de Pirenópolis também participam da festa. A Flipiri Itinerante leva os escritores até as salas de aula. A organização espera atender aproximadamente 230 professores e 5.600 alunos. O poeta Nicolas Behr, matogrossense apaixonado por Brasília, vê nas atividades uma valorização da produção da região e o estabelecimento de contatos entre escritores e público.

“A literatura se desloca para o interior. Acho que sai do eixo de Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. E você atinge um público que não tem muito contato com a poesia, a literatura. Dá uma democratizada e uma oxigenada na poesia. É bom para o escritor, é bom para o público. Não existe escritor sem leitor. E a feira desmistifica o escritor, mostra que ele é de carne e osso. Espero que ocorram em outras cidades”, destaca. Behr viaja o interior de Goiás acompanhado de cinco poetas do coletivo Oi Poema: Cristiane Sobral, Luis Turiba, Angélica Torres, Bic Prado e Amneres Santiago. Eles fazem recital no dia 14 (sábado), às 21h, no Espaço Eco.

» As atrações

Quinta-feira

» 19h às 20h30
Cerimônia de abertura – Theatro de Pyrenópolis

» 20h às 21h
Recital de música sacra goiana – Igreja Nossa Senhora do Rosário

» 21h às 22h
Recital poético e sessão de autógrafos com Elisa Lucinda – Praça Central

Sexta-feira

» 18h30 às 19h
Vila Boa de Goyaz, documentário de Vladimir Carvalho – Cine Pireneus

» 19h às 20h
Cora dentro de mim, performance teatral de Lília Diniz – Cine Pireneus

» 20h30 às 21h30
Opereta com a Graça de Deus – Theatro de Pyrenópolis

» 21h
Seresta com Trovadores dos Pireneus – Café Pireneus

» 21h às 22h
Quintal Poético, com Lília Diniz – Imperium Gastronomia

» 22h
Show com Pádua e Maria Eugênia – Praça Central

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2011/05/10/interna_diversao_arte,251549/festa-literaria-de-pirenopolis-faz-homenagem-a-cora-coralina.shtml

Acesse também: http://www.livronautas.com.br

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Livro O Encontro de Anne Enright

Autora Anne Enright
Anne Enright, no livro O Encontro, fez um texto que incomoda, desconforta e causa aflição ao leitor descuidado. Ela conta sobre a angústia e o sofrimento de toda a família Hegarty, que foi obrigada a se reunir para as cerimônias fúnebres de Liam, o irmão mais próximo de Verônica. Ela, que tem duas filhas, é o personagem narrador do drama que envolve sua avó, Ada, sua mãe, alguns de seus tios, e seus outros irmãos. Nesse clima é que acontece o encontro. O romance, embora um retrato de esperança e dor é ao mesmo tempo irado e vibrante. Mas não é uma leitura fácil. Está mais para prêmio de literatura que para contar uma boa história. Até agora o conceito do livro no site Livronautas é mediano.

Anne Enright é irlandesa de Dublin, nascida em 1962. Graduada em filosofia pelo Trinity College. Jornalista e escritora trabalhou no The Guardiam, New Yorker e London Review Of Books. Ganhou o Booker-Prizze de 2007. Ele já desfilou pela FLIP, sem grandes sucessos.

Livro O Encontro
Acompanhe este trecho do livro copiado do site Livronautas:

Então aqui estão todos, indo à corrida, finalmente. É segunda feira depois da Páscoa e todos os carros de Dublin estão indo à Feira em comboio, há coletivos alinhados pela rua O'Connell e trens partindo a cada vinte minutos da estação de Broadstone.

Os dias sem graça da Quaresma terminaram, a missão da Legião triunfou, os bordéis foram desbaratados pela polícia, aspergidos com água benta, comprados por Frank Duff e fechados. Uma grande procissão religiosa foi realizada e uma cruz levantada na rua Purdon por ele próprio, que subiu numa mesa de cozinha e bateu o prego com um martelo surpreendentemente grande. Vinte garotas foram decantadas no albergue Saneta Maria e desintoxicadas sob todos os aspectos. Todos tinham rezado dia e noite, noite e dia até se encherem, a cidade inteira estava por aqui com aquilo, tinham aceitado as cinzas, beijado a cruz e sentiam-se verdadeiramente, profundamente, espiritualmente limpos: o dia de Páscoa amanhece, damos graças ao Jota, e depois que todos comeram, riram e olharam as flores, vão para a cama e fazem amor (faz um tempão, quarenta dias) e dormem bastante, e aí, na manhã seguinte, saem todos para a corrida.

É a segunda-feira de Páscoa, uma época ainda branda. É o dia em que Cristo diz "Noli me tangere" para a mulher no horto. Não me toque. É cedo demais. Cedo demais para ser tocado.

Ah, Nolly May.

Se bem que talvez Ada faça alguma tentativa. Talvez ela esqueça, por um momento, que é Charlie que ela vai amar para todo o sempre e aproveite ao máximo com Nugent. Foi ele que a convidou, afinal; que ficou depois da missa, que mencionou a possibilidade do passeio. Claro que ela iria de qualquer jeito, portanto não é tanto um encontro amoroso que ele está sugerindo, mas uma carona.

Mais informações sobre este livro e a Autora. Clique Aqui

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Participe da Oficina Literária da Flip 2011

Até dia 13 de maio estão abertas as pré-inscrições para a oficina literária da Flip 2011. Nesta edição o tema será Crítica Literária e as aulas serão ministradas pelo professor Frederico Barbosa, curador da Casa das Rosas, em São Paulo, e autor de diversos livros, entre eles Rarefato, Nada Feito Nada, Contracorrente e Louco no Oco sem Beiras – Anatomia da Depressão.
Como pré-requisito os candidatos não podem ter nenhum livro publicado. Para participar da seleção para a oficina é necessário enviar um currículo para o e-mail oficinaliteraria@flip.org.br.  Serão selecionados 30 candidatos pela curadoria da Flip e o resultado será divulgado no dia 19 de maio, quinta-feira, no site http://www.flip.org.br/ .
Para mais informações, consulte o regulamento.
A oficina de crítica literária acontece em quatro módulos nos dias 7, 8, 9 e 10 de julho na Casa da Cultura, em Paraty, das 13h30 às 15hs.

9a. Festa LiteráriaInternacional de Paraty
6 a 10 de julho de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Livro: Antes Que Anoiteça de Reinaldo Arenas

Na Livronautas o leitor se depara com a autobiografia do cubano Reinaldo Arenas, que se suicidou em dezembro de 1990 na cidade de Nova York. A historia dele é um relato minucioso e rico das transformações sociais em Cuba antes e depois da tomada do poder por Fidel Castro em 1959. O livro resulta numa crítica contundente à ditadura castrista, porque o autor reunia as condições essenciais para se tornar uma vítima do regime de Fidel Castro. Ele era escritor, homossexual e dissidente político.

Autor Reinaldo Arenas
Reinaldo Arenas nasceu em 1943, na cidade de Holguim, Cuba, e suicidou-se aos 47 anos, em 1990, na cidade de Nova York.
Cursou Filosofia e Letras na Universidade de Havana, sem graduar-se. Foi poeta, escritor e teatrólogo.
Em janeiro de 1959 apoiou a derrubada do governo do ditador Fulgêncio Batista, através do Movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro.
Logo após a instalação do governo Fidel, quando este se declarou adepto do regime comunista Reinaldo Arenas tornou-se um dissidente político e passou a combater o governo.
Permaneceu combatendo e desafiando o Governo Fidel Castro, na condição de escritor e militante do movimento gay, mesmo após a sua expulsão, juntamente com mais 10 mil outros cubanos, que em 1980 invadiram a embaixada do Peru e pediram asilo político. Nessa ocasião o Governo Fidel Castro forneceu salvo-conduto para quase todos os invasores da Embaixada, principalmente aos desocupados, deficientes físicos e mentais, pobres e gays.
Seus livros sempre foram contrabandeados para fora de Cuba e editados na Europa ou EUA.
A história de Reinaldo começa na década de 50, na infância passada na roça, comendo terra, cantando sozinho pelo mato, vivendo numa família de mulheres abandonadas, morando em uma casa minúscula. Permeia, na juventude, por vivências com revolucionários, escritores e poetas que marchavam diante de Fidel, extremamente viris e leais, embora também adotassem práticas homossexuais. Segue por passagens de prisões e torturas até a saída da Ilha promovida por Fidel, quando da invasão da embaixada do Peru. Depois vem a fase de Miami e Nova Iorque, até quando a noite chega e ele termina sua obra. Reinaldo Arenas, escritor de talento não consagrado, foi um dos poucos que conseguiu gritar ao mundo as mazelas do regime castrista, assim como os mitos e mentiras deslavadas que cercam qualquer revolução. Seu livro é um pungente protesto pela miséria material, intelectual, econômica, financeira, social, cultural, política e tecnológica que Fidel Castro impôs ao povo cubano. Ao longo da leitura se percebe que os governantes de Cuba bem poderiam figurar no livro a Marcha Insensatez, da Barbara Tuchman, onde os imperadores dos EUA têm lugar de destaque. Livro que vira filme geralmente é bom, mesmo sob o efeito midiático.

Leia este pequeno trecho do livro: O capitão dos rebeldes teve uma conversa comigo; chamava-se Eddy Sufíol e estava ferido; levara um tiro à chegada de Sosa Blanco, conforme ele mesmo me explicou. Também tinha um curativo enorme e bastante rústico de um lado do corpo; acho que uma das suas costelas estava quebrada. Aquele homem era um camponês de Velasco; olhou-me com certa admiração, mas não me aceitou; eu era muito jovem e não tinha arma. "O que temos de sobra são guerrilheiros, o que nos falta são armas", disse ele. Fiz todo o possível para ficar, e Cuco também me ajudou; assim, acabamos convencendo Sufíol, que disse que eu podia permanecer com eles por uma semana; depois, um grupo iria para Sierra Maestra e me levaria junto; se lá iriam aceitar-me ou não já não era mais da sua responsabilidade. Mas eu podia ficar por uma semana, ajudando em tudo o que fosse preciso: cozinhando, carregando água, indo buscar lenha.
Ao final de dez dias esperando a ordem de partir para Sierra Maestra chegaram de lá 45 homens e sete mulheres que Sufíol havia mandado como guerrilheiros; no entanto, como não tinham armas, foram expulsos, porque Castro não precisava deles. Eu não podia mais ficar; tinha de voltar para Holguín, matar um guarda, pegar seu fuzil e retomar. "Se você trouxer uma arma, será aceito na hora", disse-me Sufíol. Um dos rebeldes, um jovem de 18 anos aproximadamente, deu-me de presente sua única faca, explicando que eu não podia andar por aí sem arma; devia enfiar a faca nas costas de um guarda de Batista e voltar. "Vou ficar à sua espera aqui", disse o rapaz. Talvez tenha falado para me dar coragem, para que eu partisse com algum ânimo; e assim voltei para Holguín.
Agora eu me encontrava num caminhão com várias pessoas que tinham autorização para viajar até Águas Claras, um lugarejo perto de Holguín. Essas pessoas eram conhecidas dos soldados de Batista, mas eu, não; o motorista já me dissera que corria um grande risco pelo fato de me levar; na verdade, se descobrissem que eu era um dos alistados ou que não pertencia àquela região, todos seriam mortos.

Um trecho bem maior se encontra no site http://www.livronautas.com.br/

Mais informações sobre o livro Antes Que Anoiteça: Clique Aqui

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Livro: A Menina Que Roubava Livros de Markus Zusak

Liesel Meminger era uma menina, cuja mãe a abandonou para que ela não morresse na mão dos nazistas, assim como tinha morrido há pouco, o seu irmãozinho.

Foi em 1939 que Hans e Rosa Huberman ficaram sendo os pais adotivos de Liesel. Quatro anos depois, em 1943, Liesel já tinha encontrado a morte e escapado dela, pelo menos três vezes, e ainda assim ela continuava roubando livros...

Assim começa a excelente história da menina que roubava livros, do craque  Markus Zusak, australiano, escritor de sucesso aos 31 anos de idade. No Brasil sua única edição é este A Menina que Roubava Livros ou The Book Tief, no original. No idioma inglês ele publicou, também, Fighting Ruben Wolfe, Getting The Girl e I Am The Messe.

Autor Markus Zusak
 O mais inusitado da "A Menina que Roubava Livros" é que a narrativa é feita pela morte embora não se trate de livro de terror ou suspense. O livro surpreende logo no prólogo, que vai transcrito em seguida.

A história da Liesel guarda certa semelhança com o "Diário de Anne Frank", embora o Markus Suzak seja um talentoso e excelente contador de casos. A semelhança com o Diário de Anne Frank, escrito pelo ghost-writer Meyer Levin, está no fato do personagem central ser uma criança abandonada, que além de sobreviver às angústias, tristezas e miserabilidades próprias da guerra, encontra ânimo e coragem para se alegrar e se divertir com coisas bem simples, do dia-a-dia. Tais fatos, quando contados com talento, emocionam os leitores, porque crianças - mesmo frágeis e dependentes - se divertem e se alegram a despeito das vicissitudes, mesmo quando se encontram nas situações muito adversas.

Aquilo que abala qualquer adulto passa incólume na visão e na vida da criança. Criança é assim mesmo, as vezes ela nem percebe as dificuldades que apavoram os adultos.

Liesel Meminger, órfã de pai e mãe é uma garotinha pré-adolescente, que durante a 2ª Guerra Mundial mora nas proximidades de Munique e tem o hábito de roubar coisas. Livros, por exemplo.

Com a ajuda de seu padrasto ela aprende a ler e dividir os livros - e outros objetos que rouba - com os seus vizinhos. Liesel é muito apegada a um judeu, que perseguido pelos seus próprios amigos "puros alemães", se refugia num sótão, durante os bombardeios que, constantemente, são feitos sobre a cidade.

A Menina que Roubava Livros é história reveladora, simbólica, divertida e abstrata, contada pela morte, mas é também um autentico libelo que o Zusak faz contra a vilania, a moleza, o comodismo, a covardia, o medo e a morte, usando como arma principal a linguagem da veneração pelos livros. As vezes ela usa só a palavra. Encante-se. Leitura fácil e gostosa Na livronautas o livro (fazer link para o livro) tem o conceito máximo: excelente. Não comece a ler se você tiver compromisso no mesmo dia.
Da última capa do livro tiramos esta frase: "Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler"...

Leia este pequeno trecho do livro: (prólogo) "...Morte e Chocolate Primeiro, as cores. Depois, os humanos. Em geral, é assim que vejo as coisas. Ou, pelo menos, é o que tento. Eis um pequeno fato: "Você vai morrer". Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo. Reação ao fato supracitado."Isso preocupa você? Insisto - não tenha medo. “Sou tudo, menos injusta.” - É claro, uma apresentação. Um começo. Onde estão meus bons modos? Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente. Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos. A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu? Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo - o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar. Uma pequena teoria. " As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas. No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los." Já que aludi a ele, o único dom que me salva é a distração. Ela preserva minha sanidade. Ajuda-me a agüentar, considerando-se há quanto tempo venho executando este trabalho. O problema é: quem poderia me substituir? Quem tomaria meu lugar, enquanto eu tiro uma folga em seus destinos-padrão de férias, no estilo resort, seja ele tropical, seja da variedade estação de inverno? A resposta, é claro, é ninguém, o que me instigou a tomar uma decisão consciente e deliberada - fazer da distração minhas férias. Nem preciso dizer que tiro férias à prestação. Em cores. Mesmo assim, é possível que você pergunte: por que é mesmo que ela precisa de férias? De que precisa se distrair? O que me traz à minha colocação seguinte. São os humanos que sobram. Os sobreviventes. É para eles que não suporto olhar, embora ainda falhe em muitas ocasiões. Procuro deliberadamente as cores para tirá-las da cabeça, mas, vez por outra, sou testemunha dos que ficam para trás, desintegrando-se no quebra-cabeça do reconhecimento, do desespero e da surpresa. Eles têm corações vazados. Têm pulmões esgotados. O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando esta noite, ou esta manhã, ou seja lá quais forem a hora e a cor. É a história de um desses sobreviventes perpétuos - uma especialista em ser deixada para trás. É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre outras coisas: " Uma menina " Algumas palavras " Um acordeonista " Uns alemães fanáticos " Um lutador judeu " E uma porção de roubos Vi três vezes a menina que roubava livros.

Este, além de muitos outros livros excelentes estão disponiveis no Livronautas através do site: http://www.livronautas.com.br/

terça-feira, 26 de abril de 2011

Livro: Comprando Ações e Vendendo Opções de Alexandre Wolwacz

Comprando Ações e Vendendo Opções é um livro que explica o que é uma opção e como surgiu esse papel na Bolsa de Valores, destinado ao trader que objetiva aprender táticas e operações para maximizar suas oportunidades e minimizar os riscos no mercado financeiro.

O autor deste livro, que trata do mercado financeiro é Alexandre Wolwacz conhecido nos fóruns online pelo nick Stormer, Alexandre atua como trader e analista técnico há 10 anos, sendo fundador e diretor da Leandro & Stormer. Autor do livro Táticas Operacionais de Posição em Ações, já na segunda edição, é professor de cursos avançados de análise técnica. Ele é médico cirurgião-plástico formado pela UFRGS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Isto é para provar que você pode ter qualquer profissão: médico, dentista, jornalista, artista, administrador, padre, industriário, comerciário ou político mas sempre poderá aplicar dinheiro em ações na bolsa de valores. Livronautas é assim: tem livros comentados sobre quase todos os assuntos. 

Autor Alexandre Wolwacz
Comprando Ações e Vendendo Opções é mais um, entre centenas de cursos à distância que o leitor pode fazer para entrar no mercado de ações, funcionando como uma apostila de estratégias para investir bem o capital na Bolsa de Valores. Nada muito sofisticado, nem nada muito fácil de entender para os não iniciados. Bom livro.

Para encontrar mais informações sobre este livro e autor e muitos outros, acesse o site http://www.livronautas.com.br

Lista de livros muito bons - Clique Aqui

Biografia de Alexandre Wolwacz e seus livros - Clique Aqui

domingo, 24 de abril de 2011

Livro John Lennon - A Vida de Philip Norman

A vida completa, ou em partes, do beatle John Winston Lennon foi exageradamente falada, escrita, discutida, filmada e comentada durante sua curta existência de 40 anos, e muito mais depois de 1980, quando morreu assassinado.

Agora, a editora Companhia das Letras , pelas mãos de Roberto Muggiati, traduziu John Lennon – The Life, escrito com o talento do jornalista Philip Norman.

Num livrão de 839 páginas o autor narra a biografia de Lennon de uma forma razoavelmente equilibrada sem grandes dramas, nem sensacionalismo e menos ainda, sem o endeusamento de fã, comum em qualquer biografia, memória ou reportagem sobre os Beatles.

Neste livro John Lennon não virou bonzinho porque morreu. Norman vai passando a infância, a adolescência e a fase adulta de Lennon com um incrível detalhismo, que – por vezes – torna a leitura monótona. Ele praticamente disseca o talento do compositor e do cantor, assim como disseca os motivos que o levaram a compor com Paul MacCartney, ou individualmente toda a imensa discografia, detendo-se em minudências sem fim.

Na vida pessoal descreve cada baseado, cada ácido ou porre que Lennon tenha usado. Na vida sexual fala dos arranjos amorosos ou apenas dos encontros casuais, em cada cama, beco ou lugar que tenha acontecido, tanto com as mulheres conhecidas como Cynthia ou Yoko, sem poupar alusões de incesto ou de homossexualismo. Chega a enjoar. O mesmo acontece na vida familiar e social onde Norman escancara as taras, as manias, as idiossincrasias, as manifestações de amor, as besteiras e até os atos de pequenez ou de grandeza.

O leitor fica com a impressão de que Norman tivesse acompanhado tudo de muito perto, inclusive seu assassinato à queima-roupa por um rapaz seriamente perturbado. Mas em qualquer circunstância o autor ilumina a personalidade as vezes surpreendentemente insegura e contraditória de Lennon. Não sobrou nenhum demônio íntimo que Philip Norman não tivesse perpassado. O resultado é bom, a leitura flui como um romance grande. Ao final fica a certeza de que John Lennon era autoritário, grosseiro, soberbo, machista, egoísta, doce, violento, egocêntrico, antipático, sarcástico, pedante, inseguro, carente, caseiro, inteligente, rebelde e criativo. Tudo ao mesmo tempo. Como compositor e cantor, simplesmente gênio. Gênio, e como todo gênio, imortal.

John Lennon - A Vida
 O autor, Philip Norman é britânico, nascido em 1943.
Jornalista famoso trabalhou no Sunday Times e Daily Mail. Nos EUA já publicou livros sobre a vida de Rolling Stones e Elton John.
No Brasil seu livro de estréia é: John Lennon - A Vida

Se voce desejar poderá mandar seu comentário sobre este livro para http://www.livronautas.com.br/ . O conceito do livro – até aqui – é Muito Bom. Em seguida confira um trecho do livro.

As várias ondas de misticismo da década de 1960 exerceram profunda influência sobre COX. Durante sua estada conjunta na Dinamarca, ele apresentou a John e Yoko o americano Don Hamrick, uma das principais luzes de um culto intitulado Os Arautos. Os dois se submeteram a hipnose com Hamrick numa tentativa de curar seu pesado hábito do fumo e, secundariamente, reviver suas existências anteriores. Ele também alegava estar em comunicação com outros mundos e, com um companheiro de culto, havia proposto trazer óvnis genuínos ao Festival da Paz de Toronto. Embora permanecesse amigo de Hamrick, Cox havia desde então avançado espiritualmente, convertendo-se, entre todas as coisas, ao movimento da Meditação Transcendental, do Maharishi Mahesh Yogi. No decorrer do tempo, sua opinião sobre John mudou radicalmente, de "grande sujeito" e apoiador em potencial este passou a ser um viciado em drogas e ameaça ao bem-estar moral de sua filha (embora ele tenha ficado satisfeito em filmar John e Yoko fumando maconha com Michael X enquanto Kyoko brincava na mesma sala). Cox passou então a dificultar cada vez mais o acesso à menína e, por fim, em meados de abril, sem qualquer aviso, abandonou com Melinda e Kyoko o apartamento londrino em que viviam.


Inicialmente não houve nenhuma pista sobre seu paradeiro ou suas íntenções. Então, seu amigo Arauto Don Hamrick deixou escapar que ele estava freeqüentando um curso de Meditação Transcendental na ilha espanhola de Maiorca, onde o Maharishi agora tinha uma casa. Com Dan Richter e o advogado espanhol Cesar Lozano, John e Yoko voaram em jato fretado até Maiorca e tiraram Kyoko do jardim-de-infância em Cala Ratjada onde Cox a havia matriculaado. Antes que pudessem escapar, Cox soube do ocorrido e chamou a polícia. John e Yoko foram detidos na sua suíte no Hotel Meliá, em Palma de Maiorca, de novo separados de Kyoko, e levados à delegacia de polícia.
Kyoko ainda relembra com nitidez o ciclo de suas emoções naquele dia entre o sol e as flores: do choque de ser arrancada da sala de aula ao prazer de rever John e Yoko, ao medo do que seu pai poderia dizer e ao temor de que os adultos tivessem outra de suas brigas aos gritos. Uma audiência sumária sobre o caso foi convoca da no tribunal de Palma, começando à meia-noite e prosseguindo quase até o amanhecer. O juiz ordenou que Kyoko fosse levada à sala onde estavam detidos John e Yoko e depois à outra sala onde seu pai injuriado aguardava com Melinda.


John com Paul McCartney
 Num eco arrepiante do que acontecera com John mais ou menos à mesma idade, pediram a ela então que dissesse com quem preferia ficar. Acostumada com os cuidados de Cox, Kyoko o escolheu. Cox deixou o tribunal às pressas com ela nas costas e os dois foram levados embora de carro a toda velocidade. Poucos dias depois, os adversários deram uma entrevista coletiva e anunciaram que todo o episódio havia sido um infeliz mal-entendido. Kyoko teve até a permissão de voltar com sua mãe a Tittenhurst Park.
John e Yoko foram liberados, mas sob a condição de voltarem a Maiorca no fim do mês para responder novas interrogações sobre o "seqüestro". A data da audiência, porém, conflitava com a do Festival de Cinema de Cannes, onde iriam estrear os filmes Apotheosis e Fly (o primeiro debaixo de vaias, o segundo sob uma ovação do público em pé). Depois, tiveram de honrar uma promessa feita meses antes, de visitar Michael X no seu exílio em Trinidad. Assim, enquanto Richter ia tentar resolver as coisas em Palma, eles passaram uma semana lealmente na companhia do demagogo em desgraça e de sua família no condomínio fechado perto de Port of Spain onde ele planejava agora - com o patrocínio de John - fundar uma "universidade alternativa".
Em 24 de maio foi lançado no Reino Unido o segundo álbum solo de Paul McCartney. Intitulado Ram, era creditado a "Paul e Linda McCartney" em uma aparente imitação de John e Yoko. A capa mostrava Paul como um tosador escocês, agarrando os chifres torcidos de um carneiro lanoso. Embora mal recebido pela crítica, alcançou o primeiro lugar na parada americana e o segundo na Grã-Bretanha, gerando ainda um single de sucesso, "Uncle Albertl Admiral Hallsey". Incluía também uma faixa intitulada "Too Many People", claramente uma alusão ao fato de John ter ficado com Yoko em detrimento dos Beatles. "Aquele foi o seu primeiro erro", dizia o refrão. ''Você pegou sua chance e a rompeu pelo meio."
Por mais suave e oblíquo que fosse o comentário, pareceu atingir John em cheio no coração. Somado ao questionário enviado junto com o álbum McCarttney e o processo legal, era como o ponto sem volta de um casal que se divorciava, assinalando a transformação do amor numa hostilidade selvagem e sem limites. De fato, a raiva magoada de John mais parecia a de um ex-cônjuge que a de um ex-colega, reforçando as suspeitas de Yoko de que os sentimentos dele por Paul fossem bem mais intensos do que em geral se supunha. A partir de comentários casuais que ele fizera, ela depreendeu que houve um momento em que - segundo o princípio de que os boêmios deviam tentar de tudo -, ele até havia considerado a possibilidade de um caso com Paul, mas fora dissuadido pelos irredutíveis sentimentos heterossexuais deste. Nem, aparentemente, fora Yoko a única a ter detectado isso. Na Apple, pelo que ela ouvira, Paul às vezes era chamado de a "princesa" de John. Ela ouvira certa vez uma fita de ensaio em que a voz de John chamava "Paul... Paul..." de maneira estranhamente suplicante e subserviente. "Eu sabia que havia alguma coisa ocorrendo ali", lembra ela. "Da parte dele, não de Paul. E ele ficou tão furioso com Paul, não pude deixar de pensar o que haveria de fato naquilo."

Naquele momento, porém, o acerto de contas com Paul tinha de ficar em segundo plano diante da continuação da saga de Tony Cox e Kyoko. Depois de uma pequena trégua logo após o episódio de Maiorca, Cox sumiu de novo com a filha e Melinda, mais uma vez sem deixar vestígios. Em junho, os advogados de John receberam informação de que o trio estava agora nos Estados Unidos. Ele e Yoko voltaram a Nova York, na expectativa de retomar a pista de Cox, mas a missão foi infrutífera. Ironicamente, naquela semana a mãe aflita de Kyoko e John subiram ao palco com os Mothers of Invention, que gravavam um álbum ao vivo no auditório do Fillmore East.
De volta a casa, também, outra convocação urgente mobilizava a linha de ajuda "agitprop" de John e Yoko. Em maio de 1970, a revista underground Oz publicara um "número infantil", editado por estudantes do primário, cujo elemento mais chocante era uma tira de quadrinhos pornográficos com cabeças do ursinho Rupert superpostas aos personagens. Em conseqüência, Richard Nevillle,Jim Anderson e Felix Dennis, os três editores da Oz, foram acusados de "conspiração para corromper a moral pública", dando início ao mais longo e hilariante julgamento por obscenidade na história da Justiça britânica. John divulgou uma declaração em apoio à Oz, e ele e Yoko participaram de uma manifestação de protesto contra o absurdo rigor da acusação.

Por volta de julho, enquanto os "Três da Oz" estavam no banco dos réus, John ansiava por fazer um novo álbum. Para acicatá-lo, havia mais agora do que o álbum de George, All Things Must Pass, e o de Paul, Ram. Em abril, Ringo connseguira um êxito maciço com o single "It Don't Come Easy", co-escrito e produzido por George, que também tocou a guitarra principal, com Klaus Voormann no baixo e Stephen Stills no piano. Ninguém ficou mais feliz do que John ao ver Ringo começar a obter sucesso sozinho, mas ainda assim não podia reprimir uma ponta de competição. Havia feito sua terapia; agora era a hora de buscar o êxito comercial.

O estúdio em Tittenhurst Park fora afinal concluído, permitindo-lhe trabalhar como sempre quisera, livre das perturbações burocráticas de Abbey Road e da Apple, com todo o conforto caseiro à mão, perto de seus amados jardins. Uma vez mais, o álbum seria creditado conjuntamente para ele e a Plastic Ono Band, e co-produzido por Yoko, ele e Phil Spector. Mas, desta vez, a antiga formação espartana de Klaus Voormann e um baterista foi acrescida de músicos estelares, entre os quais George Harrison, o pianista Nicky Hopkins e o lendário saxofonista King Curtis, que havia tocado com Buddy Holly. Para dar a "camada de chocolate" que John desejava, havia até uma seção de cordas, intitulada os Flux Fiddlers.

As sessões de gravação foram filmadas como parte de um diário cinematográfico que ele e Yoko vinham mantendo desde alguns meses antes. Estas filmagens em cores, rodadas no estúdio, na casa e no terreno da propriedade, mostram um senhor e uma senhora Lennon muito diferentes de seus hirsutos quase-sósias de seis meses antes.John mergulhou de corpo e alma na moda da década de 1970, raspando a barba (embora mantendo costeletas longas para esconder a cicatriz do seu acidente de carro), adotando um corte de cabelo espigado, trocando as túnicas militares de brim por suéteres de lã curtos, calças com bocas de sino bem larrgas, e sapatos com salto-plataforma. Yoko passou a prender o cabelo, desnudando o rosto, e a usar jaquetas e calças justas, boinas francesas vistosas e extravagantes botas de salto alto. Ambos, na verdade, pareciam dez anos mais jovens. O único detalhe inalterado é a nuvem da fumaça de cigarro os envolvendo.
Enquanto servia de lar provisório para os músicos e o pessoal técnico participantes da gravação, Tittenhurst voltou a se tornar um santuário para oprimidos políticos. Os três acusados da Oz a essa altura tinham sido condenados e sentenciados a penas de prisão exageradamente severas. Enquanto aguardavam o resultado de seus recursos (que seriam bem-sucedidos), dois deles, Richard Neville e Jim Anderson haviam voado para o exterior, deixando seu colega menos abonado, Felix Dennis, para encarar sozinho o rescaldo da mídia. Quando souberam de suas dificuldades, John e Yoko ofereceram-lhe acomodações junto a Les Anthony no chalé da portaria.

À medida que as novas canções tomavam forma, Klaus Voormann via pouuca semelhança deste com o John "despirocado" que havia desabafado no berro a angústia e fúria de sua infância um ano antes. Ele parecia feliz e descontraído e, como todo mundo que está emergindo da terapia, ansioso para falar da confuusão que costumava ser. Em ''Jealous Guy", ele admitia o lamentável ciúme de que havia sofrido desde o início do namoro com Cynthia e a baixa auto-estima que estava por trás disso: "Eu me sentia inseguro ... Você poderia deixar de me amar ... Eu estava tremendo por dentro ... Eu engolia minha dor". Na metade da canção, o solo que assobiava, quase ofuscado pelo acompanhamento, era de certo modo ainda mais pungente do que suas palavras. "Oh My Love" era um novo hino de gratidão para com Yoko, cantado com sua voz de julia, porque "pela primeira vez em minha vida ... minha mente é capaz de sentir". "Oh, Yoko" admitia sua necessidade de estar constantemente perto dela ("no meio de um banho", até "enquanto faço a barba") em uma canção country-and-western de alegria contagiante e com um vibrante solo de gaita-de-boca. "Yoko teve uma incrível influência positiva em todo o álbum", lembra Dan Richter. "Ela ficava apenas sentada ao fundo, uivando de vez em quando. Ela era capaz de ler e escrever partitura musical. Se houvesse algum problema, digamos, em relação à harmonia, Yoko muito provavelmente vinha com a solução."

Aqui e ali, a camada de chocolate mal ocultava um cerne rançoso. Um pequeno número esperto ao estilo caipira, por exemplo, era chamado "Crippled Inside" ('Aleijado por dentro"). O tristonho e acusatório "I Don't Wanna Be a Soldier" era um rock, com um baixo à la Link Wray e um "We-ell" eco ante como se fosse Gene Vincent em "Be-Bop-a-Lula". "Gimme Some Truth" escolhia um estilo quase de canção de show da Broadway para zombar dos "políticos cabeça-de-porcos neuróticos e psicóticos", e até mencionava o presidente americano Richard Nixon através de seu velho apelido de Tricky Dick ("Dick truqueiro").
Uma faixa, porém, não fazia nenhum esforço para dourar a pílula. "How Do You Sleep?" era uma réplica a Paul McCartney por aquele afrontoso comentário no álbum Ram. Seu título sinalizava a violenta reação que viria, pois embora Paul possa ter sido egoísta e desleal do ponto de vista de john, na verdade nada fizera que tirasse o sono de alguém. Enquanto seu ataque fora suave e indireto, o de John era brutal e direto, um míssil nuclear em resposta a uma alfinetada. Acusava Paul de se cercar de "quadrados" bajuladores e de ser dominado por Linda ('Jump when your Mamma tell you anything" ["Pule quando a Mãezona lhe der uma ordem"]). Chamava-o de "rostinho bonito" e inconseqüente, e fustigava suas músicas como "Muzak para os meus ouvidos". Insistia em referências
ao rumor de "Paul está morto" veiculado em Sgt. Pepper (''Those freaks was nght when they said you was dead" ['Aqueles doidaços estavam certos quando disseram que você estava morto"]) e, mais injustamente do que tudo, provocava "The only thing you done was Yesterday" ['A única coisa que você fez foi Yesterday"].

Felix Dennis, que estava por perto quando a letra adquiriu forma, lembra que os colegas músicos de John, incluindo Ringo, ponderaram que ele estava indo longe demais. Na versão original, o verso que vinha após a referência a 'Yesterday'' era ''Você provavelmente roubou essa porra também". Foi só quando o álbum estava sendo masterizado em Nova York que Allen Klein o convenceu a eliminar o verso, argumentando que Paul provavelmente o processaria. Em vez disso, Klein sugeriu "And since you're gone you're just another day" ("E desde que foi embora você não passa de outro dia") numa referência ao recente single solo de Paul. Até mesmo o arranjo de "How Do You Sleep" era sutilmente insultuoso, um soul-funk melodramático sugerindo que algum risível Gênio do Mal poderia aparecer através de um alçapão a qualquer momento. George Harrison tocou guitarra-slide, endossando assim cada palavra.
O insulto final tinha como alvo a nova vida rústica de Paul e Linda. Parodiando a capa de Ram, John se fez fotografar numa pose idêntica mas montado num porco. A foto foi transformada num cartão postal a ser inserido em cada exemplar do álbum. "Na época não me pareceu um exagero", diria mais tarde. "Não era uma vendeta terrível, cruel, horrível... Aproveitei meu ressentimento, e o distanciamento em relação a Paul e aos Beatles, e a relação com Paul para compor uma canção. Não fico pensando nessas coisas o tempo todo ... Na realidade estou atacando a mim mesmo. Mas lamento a associação - ora, o que há para lamentar? Ele sobreviveu àquilo."
É parte do incessante paradoxo de John que ele podia se permitir tais baboseiras pueris num instante e, no momento seguinte, criar uma canção encarada para todo o sempre como sua obra-prima. Graças ao diário filmado do álbum, podemos acompanhar tal desenvolvimento, desde uma versão-rascunho falada ao redor da mesa da cozinha ("Imagine no possessions ... da-da-de-dah...") até a primeira demo da banda e, afinal, à interpretação filmada na comprida sala de estar branca de Tittenhurst - uma transição sem esforço, porque inconsciente, do ridículo ao sublime.
"Imagine" é, em muitos aspectos, uma de suas menos inventivas canções.
Conforme admitiria, ela nasceu dos "poemas instrutivos" que Yoko vinha compondo desde o início dos anos 1960 - muitas vezes uma exortação com uma única palavra, como o "Respire" que o havia transfixado na exposição da galeria Indica. Ele também partiu para compor algo assumidamente "espiritual" em resposta ao "My Sweet Lord" de George e, também, ao "Let it Be" de Paul.
A visão que ele elaborou pode ser facilmente descartada como banal e mal pode ser considerada atraente. Somos convocados a imaginar um mundo dessprovida de sua antiga crença tanto no céu como no inferno e livre da religião organizada, da guerra e da fome, com todas as fronteiras nacionais abolidas para criar "uma irmandade do Homem"- um panorama de brandura purgatorial que, na verdade, teria provavelmente deixado o próprio John morto de tédio em cinco minutos. Tampouco a letra se aproxima do nível que alcançou em, por exemplo, "Norwegian Wood". Com Paul ainda olhando por cima do seu ombro, não podemos imaginá-lo rimando "isn't hard to" com "no religion, too", ou repetindo a mesma palavra no refrão (not the only one ... world will be as one"). O pequeno falsete "You-hoo" que usa como transição para o refrão parece pop demais - Beatle demais - para um tema tão elevado.
No final, contudo, nada disso importa. "Imagine" comoveria milhões enquanto ele estava vivo, e bilhões depois de sua morte, com sua paixão melancólica, seu otimismo e sua completa falta de pretensão, presunção ou pregação. E também o faria o clipe de John interpretando a canção em seu piano de cauda branco - os acordes esfuziantes, a jaqueta tão anos setenta cravejada de estrelas e os óculos com lentes amareladas, aqueles lábios finos cuidadosamente modelando "Imagine all the pee-pul", enquanto Yoko vai abrindo uma a uma as cortinas que vão do teto ao chão e pouco a pouco a sala é inundada pela luz do dia. À medida que a canção termina, ela se senta ao lado dele, os dois trocam um sorriso irônico e, no momento final, um pequeno beijo casto. O rock nunca foi tão poderoso, simples ou triste.
Mesmo lidando com esse tipo de tema, John ainda resistia a todas as tentativas de tratá-lo como um líder ou um visionário. O filme Imagine também o mostra conversando com um fã americano que foi apanhado dormindo no seu terreno e levado à sua presença como um invasor diante do grande proprietário rural. Dessa vez, o fã é totalmente inofensivo, um remanescente dos hippies da década anterior, com um estranho ar de Cristo, o que torna ainda mais patética a sua crença messiânica em John. "Sou só um cara, amigo, que escreve canções", protesta John. "Você pega palavras e as junta umas às outras para ver se fazem algum sentido ... Estou dizendo 'tive um lance legal hoje e foi o que me ocorreu hoje de manhã e eu amo você, Yoko'." Por fim, quando a exasperação se transforma em piedade, podíamos quase ouvir a severa e hospitaleira tia Mimi. "Está com fome? Mm?" o garoto abaixo das costeletas do homem acena tristemente com a cabeça. "oK, vamos dar-lhe alguma coisa para comer."