segunda-feira, 2 de maio de 2011

Livro: Antes Que Anoiteça de Reinaldo Arenas

Na Livronautas o leitor se depara com a autobiografia do cubano Reinaldo Arenas, que se suicidou em dezembro de 1990 na cidade de Nova York. A historia dele é um relato minucioso e rico das transformações sociais em Cuba antes e depois da tomada do poder por Fidel Castro em 1959. O livro resulta numa crítica contundente à ditadura castrista, porque o autor reunia as condições essenciais para se tornar uma vítima do regime de Fidel Castro. Ele era escritor, homossexual e dissidente político.

Autor Reinaldo Arenas
Reinaldo Arenas nasceu em 1943, na cidade de Holguim, Cuba, e suicidou-se aos 47 anos, em 1990, na cidade de Nova York.
Cursou Filosofia e Letras na Universidade de Havana, sem graduar-se. Foi poeta, escritor e teatrólogo.
Em janeiro de 1959 apoiou a derrubada do governo do ditador Fulgêncio Batista, através do Movimento 26 de Julho, liderado por Fidel Castro.
Logo após a instalação do governo Fidel, quando este se declarou adepto do regime comunista Reinaldo Arenas tornou-se um dissidente político e passou a combater o governo.
Permaneceu combatendo e desafiando o Governo Fidel Castro, na condição de escritor e militante do movimento gay, mesmo após a sua expulsão, juntamente com mais 10 mil outros cubanos, que em 1980 invadiram a embaixada do Peru e pediram asilo político. Nessa ocasião o Governo Fidel Castro forneceu salvo-conduto para quase todos os invasores da Embaixada, principalmente aos desocupados, deficientes físicos e mentais, pobres e gays.
Seus livros sempre foram contrabandeados para fora de Cuba e editados na Europa ou EUA.
A história de Reinaldo começa na década de 50, na infância passada na roça, comendo terra, cantando sozinho pelo mato, vivendo numa família de mulheres abandonadas, morando em uma casa minúscula. Permeia, na juventude, por vivências com revolucionários, escritores e poetas que marchavam diante de Fidel, extremamente viris e leais, embora também adotassem práticas homossexuais. Segue por passagens de prisões e torturas até a saída da Ilha promovida por Fidel, quando da invasão da embaixada do Peru. Depois vem a fase de Miami e Nova Iorque, até quando a noite chega e ele termina sua obra. Reinaldo Arenas, escritor de talento não consagrado, foi um dos poucos que conseguiu gritar ao mundo as mazelas do regime castrista, assim como os mitos e mentiras deslavadas que cercam qualquer revolução. Seu livro é um pungente protesto pela miséria material, intelectual, econômica, financeira, social, cultural, política e tecnológica que Fidel Castro impôs ao povo cubano. Ao longo da leitura se percebe que os governantes de Cuba bem poderiam figurar no livro a Marcha Insensatez, da Barbara Tuchman, onde os imperadores dos EUA têm lugar de destaque. Livro que vira filme geralmente é bom, mesmo sob o efeito midiático.

Leia este pequeno trecho do livro: O capitão dos rebeldes teve uma conversa comigo; chamava-se Eddy Sufíol e estava ferido; levara um tiro à chegada de Sosa Blanco, conforme ele mesmo me explicou. Também tinha um curativo enorme e bastante rústico de um lado do corpo; acho que uma das suas costelas estava quebrada. Aquele homem era um camponês de Velasco; olhou-me com certa admiração, mas não me aceitou; eu era muito jovem e não tinha arma. "O que temos de sobra são guerrilheiros, o que nos falta são armas", disse ele. Fiz todo o possível para ficar, e Cuco também me ajudou; assim, acabamos convencendo Sufíol, que disse que eu podia permanecer com eles por uma semana; depois, um grupo iria para Sierra Maestra e me levaria junto; se lá iriam aceitar-me ou não já não era mais da sua responsabilidade. Mas eu podia ficar por uma semana, ajudando em tudo o que fosse preciso: cozinhando, carregando água, indo buscar lenha.
Ao final de dez dias esperando a ordem de partir para Sierra Maestra chegaram de lá 45 homens e sete mulheres que Sufíol havia mandado como guerrilheiros; no entanto, como não tinham armas, foram expulsos, porque Castro não precisava deles. Eu não podia mais ficar; tinha de voltar para Holguín, matar um guarda, pegar seu fuzil e retomar. "Se você trouxer uma arma, será aceito na hora", disse-me Sufíol. Um dos rebeldes, um jovem de 18 anos aproximadamente, deu-me de presente sua única faca, explicando que eu não podia andar por aí sem arma; devia enfiar a faca nas costas de um guarda de Batista e voltar. "Vou ficar à sua espera aqui", disse o rapaz. Talvez tenha falado para me dar coragem, para que eu partisse com algum ânimo; e assim voltei para Holguín.
Agora eu me encontrava num caminhão com várias pessoas que tinham autorização para viajar até Águas Claras, um lugarejo perto de Holguín. Essas pessoas eram conhecidas dos soldados de Batista, mas eu, não; o motorista já me dissera que corria um grande risco pelo fato de me levar; na verdade, se descobrissem que eu era um dos alistados ou que não pertencia àquela região, todos seriam mortos.

Um trecho bem maior se encontra no site http://www.livronautas.com.br/

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