quinta-feira, 28 de abril de 2011

Livro: A Menina Que Roubava Livros de Markus Zusak

Liesel Meminger era uma menina, cuja mãe a abandonou para que ela não morresse na mão dos nazistas, assim como tinha morrido há pouco, o seu irmãozinho.

Foi em 1939 que Hans e Rosa Huberman ficaram sendo os pais adotivos de Liesel. Quatro anos depois, em 1943, Liesel já tinha encontrado a morte e escapado dela, pelo menos três vezes, e ainda assim ela continuava roubando livros...

Assim começa a excelente história da menina que roubava livros, do craque  Markus Zusak, australiano, escritor de sucesso aos 31 anos de idade. No Brasil sua única edição é este A Menina que Roubava Livros ou The Book Tief, no original. No idioma inglês ele publicou, também, Fighting Ruben Wolfe, Getting The Girl e I Am The Messe.

Autor Markus Zusak
 O mais inusitado da "A Menina que Roubava Livros" é que a narrativa é feita pela morte embora não se trate de livro de terror ou suspense. O livro surpreende logo no prólogo, que vai transcrito em seguida.

A história da Liesel guarda certa semelhança com o "Diário de Anne Frank", embora o Markus Suzak seja um talentoso e excelente contador de casos. A semelhança com o Diário de Anne Frank, escrito pelo ghost-writer Meyer Levin, está no fato do personagem central ser uma criança abandonada, que além de sobreviver às angústias, tristezas e miserabilidades próprias da guerra, encontra ânimo e coragem para se alegrar e se divertir com coisas bem simples, do dia-a-dia. Tais fatos, quando contados com talento, emocionam os leitores, porque crianças - mesmo frágeis e dependentes - se divertem e se alegram a despeito das vicissitudes, mesmo quando se encontram nas situações muito adversas.

Aquilo que abala qualquer adulto passa incólume na visão e na vida da criança. Criança é assim mesmo, as vezes ela nem percebe as dificuldades que apavoram os adultos.

Liesel Meminger, órfã de pai e mãe é uma garotinha pré-adolescente, que durante a 2ª Guerra Mundial mora nas proximidades de Munique e tem o hábito de roubar coisas. Livros, por exemplo.

Com a ajuda de seu padrasto ela aprende a ler e dividir os livros - e outros objetos que rouba - com os seus vizinhos. Liesel é muito apegada a um judeu, que perseguido pelos seus próprios amigos "puros alemães", se refugia num sótão, durante os bombardeios que, constantemente, são feitos sobre a cidade.

A Menina que Roubava Livros é história reveladora, simbólica, divertida e abstrata, contada pela morte, mas é também um autentico libelo que o Zusak faz contra a vilania, a moleza, o comodismo, a covardia, o medo e a morte, usando como arma principal a linguagem da veneração pelos livros. As vezes ela usa só a palavra. Encante-se. Leitura fácil e gostosa Na livronautas o livro (fazer link para o livro) tem o conceito máximo: excelente. Não comece a ler se você tiver compromisso no mesmo dia.
Da última capa do livro tiramos esta frase: "Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler"...

Leia este pequeno trecho do livro: (prólogo) "...Morte e Chocolate Primeiro, as cores. Depois, os humanos. Em geral, é assim que vejo as coisas. Ou, pelo menos, é o que tento. Eis um pequeno fato: "Você vai morrer". Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo. Reação ao fato supracitado."Isso preocupa você? Insisto - não tenha medo. “Sou tudo, menos injusta.” - É claro, uma apresentação. Um começo. Onde estão meus bons modos? Eu poderia me apresentar apropriadamente, mas, na verdade, isso não é necessário. Você me conhecerá o suficiente e bem depressa, dependendo de uma gama diversificada de variáveis. Basta dizer que, em algum ponto do tempo, eu me erguerei sobre você, com toda a cordialidade possível. Sua alma estará em meus braços. Haverá uma cor pousada em meu ombro. E levarei você embora gentilmente. Nesse momento, você estará deitado(a). (Raras vezes encontro pessoas de pé.) Estará solidificado(a) em seu corpo. Talvez haja uma descoberta; um grito pingará pelo ar. O único som que ouvirei depois disso será minha própria respiração, além do som do cheiro de meus passos. A pergunta é: qual será a cor de tudo nesse momento em que eu chegar para buscar você? Que dirá o céu? Pessoalmente, gosto do céu cor de chocolate. Chocolate escuro, bem escuro. As pessoas dizem que ele condiz comigo. Mas procuro gostar de todas as cores que vejo - o espectro inteiro. Um bilhão de sabores, mais ou menos, nenhum deles exatamente igual, e um céu para chupar devagarinho. Tira a contundência da tensão. Ajuda-me a relaxar. Uma pequena teoria. " As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas. No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los." Já que aludi a ele, o único dom que me salva é a distração. Ela preserva minha sanidade. Ajuda-me a agüentar, considerando-se há quanto tempo venho executando este trabalho. O problema é: quem poderia me substituir? Quem tomaria meu lugar, enquanto eu tiro uma folga em seus destinos-padrão de férias, no estilo resort, seja ele tropical, seja da variedade estação de inverno? A resposta, é claro, é ninguém, o que me instigou a tomar uma decisão consciente e deliberada - fazer da distração minhas férias. Nem preciso dizer que tiro férias à prestação. Em cores. Mesmo assim, é possível que você pergunte: por que é mesmo que ela precisa de férias? De que precisa se distrair? O que me traz à minha colocação seguinte. São os humanos que sobram. Os sobreviventes. É para eles que não suporto olhar, embora ainda falhe em muitas ocasiões. Procuro deliberadamente as cores para tirá-las da cabeça, mas, vez por outra, sou testemunha dos que ficam para trás, desintegrando-se no quebra-cabeça do reconhecimento, do desespero e da surpresa. Eles têm corações vazados. Têm pulmões esgotados. O que, por sua vez, me traz ao assunto de que lhe estou falando esta noite, ou esta manhã, ou seja lá quais forem a hora e a cor. É a história de um desses sobreviventes perpétuos - uma especialista em ser deixada para trás. É só uma pequena história, na verdade, sobre, entre outras coisas: " Uma menina " Algumas palavras " Um acordeonista " Uns alemães fanáticos " Um lutador judeu " E uma porção de roubos Vi três vezes a menina que roubava livros.

Este, além de muitos outros livros excelentes estão disponiveis no Livronautas através do site: http://www.livronautas.com.br/

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