sexta-feira, 22 de abril de 2011

Livro Deus um delírio de Richard Dawkins

A dica www.livronautas.com.br é o livro, de conceito excelente, que traz a demonstração inteligente e quase científica de Richard Dawkins num texto sagaz, sarcástico e as vezes divertido que ensina, com invejável simplicidade e muito fundamento, o que ele considera um dos grandes equívocos da humanidade: a fé em qualquer entidade divina ou sobrenatural, seja Alá, seja o Deus católico, evangélico ou judeu.

Richard Dawkins foi estrela de primeira grandeza na FLIP em 2009. Ele não tem nenhum parentesco com o também cientista Charles Darwin. Delirantemente aplaudido quando se apresentou na FLIP, é um enérgico defensor do ateísmo e do ceticismo. Deus Um Delírio é um de seus best-sellers.

Autor Richard Dawkins
Richard Dawkins, ou Clinton Richard Dawkins, africano, nasceu em Nairobi, Quênia em 1941. Criado na Inglaterra graduou-se zoologia, com mestrado e doutorado em biologia e etologia. Professor em Oxford, recebeu prêmios científicos e literários, entre eles: Silver Madal, Michel Faraday, Shakespeare, Kelvin Medal e Kistler Prize.

Em biologia Dawkins estabeleceu um postulado ligado ao código genético do organismo, chamado de fenótipo estendido.
Intelectual polêmico, cientista e ateu, é defensor do evolucionismo do gênero humano. Ao respeito sua mais famosa frase: “Para não acreditar na evolução você deve ser ignorante, estúpido ou insano.”

Seus principais livros publicados no Brasil, são:
1 - A Escalada do Monte Improvável
2 - A Grande História da Evolução
3 - Desvendando o Arco-íris
4 - Deus Um Delírio - Clique para Ler
5 - O Capelão do Diabo
6 - O Fenótipo Estendido
7 - O Gene Egoísta
8 - O Maior Espetáculo da Terra
9 - O Relojoeiro Cego
10 - O Rio que Saía do Éden

Ainda existe vida inteligente no planeta. O biólogo Richard Dawkins, respeitado intelectual de Oxford, em Deus Um Delírio demonstra a irracionalidade de se acreditar em Deus, e os terríveis danos que as religiões causam à humanidade e como têm alimentado guerras e fanatismos. Sabe-se que discutir com pessoas religiosas não dá certo. Simplesmente não funciona.

Elas não conseguem ouvir uma argumentação lógica que busque a verdade dos fatos. Talvez a leitura, calma, tranqüila e didática de Dawkins possa – ao menos – fazer raciocinar ao leitor de Deus Um Delírio, embora sabendo o leitor, que a verdade em si não é absoluta, e que cada um tem sua verdade, ou, cada um busca a verdade que lhe convém.

No seu brilhante livro, Dawkins usa a teoria de memes, que são idéias que agem como os genes. Usa, também, a teoria darwinista – mais palatável aos líderes religiosos - para explicar a tendência das pessoas de acreditarem num ser superior. E com base na teoria das probabilidades, vai desmoronando cada um dos argumentos que defendem a perniciosa existência de Deus.
Não se sabe como o autor, um respeitado cidadão inglês, passou incólume à ira dos muçulmanos que anteriormente condenaram Salman Rushdie à morte e o caçaram durante muito tempo por toda a Europa, porque em muitas passagens a narrativa parece agressiva. Uma que pode parecer agressividade é o trecho que compara a educação religiosa nas escolas ao abuso sexual de crianças. Para Darwkins, falar de criança católica, muçulmana, evangélica, ortodoxa, protestante ou espírita é como falar de “criança neoliberal” — não faz sentido. Desde Nietzsche, provavelmente, que filósofos, cientistas e escritores não atacavam a figura de Deus com tanta veemência, tanta lógica e tanta inteligência.

O livro tem passagens espetaculares, em compensação, em alguns trechos a leitura é cansativa, porque repetitiva. Ao final se descobre que limites não existem, pois ainda vemos e vivemos em muitas partes do mundo, a selvageria dos ataques terroristas por motivações religiosas. A sociedade ainda considera o ateísmo uma prática de “exóticos infiéis condenados ao fogo do inferno”. O autor é excelente e o livro também, apesar de polêmico.

Trecho do livro: “Se Deus não existe porque ser bom?
Apresentada assim, a pergunta soa realmente ignóbil. Quando uma pessoa religiosa dirige-a desse jeito para mim (e muitas fazem isso), minha tentação imediata é lançar o seguinte desafio:
"Você realmente quer me dizer que o único motivo para você tentar ser bom é para obter a aprovação e a recompensa de Deus, ou para evitar a desaprovação dele e a punição? Isso não é moralidade, é só bajulação, puxação de saco, estar peocupado com a grande câmera de vigilância dos céus, ou com o pequeno grampo de dentro da sua cabeça que monitora cada movimento seu, até seus pensamentos mais ordinários". Como disse Einstein, "se as pessoas são boas só porque temem a punição, e esperam a recompensa, então nós somos mesmo uns pobres coitados". Michael Shermer, em The science of good and evil, acha que a pergunta encerra o debate. Se você acha que, na ausência de Deus, "cometeria roubos, estupros e assassinatos", revela-se uma pessoa imoral, "e faríamos bem em nos manter bem longe de você". Se, por outro lado, você admite que continuaria sendo uma boa pesssoa mesmo quando não estiver sob a vigilância divina, você destruiu fatalmente a alegação de que Deus é necessário para que sejamos bons. Suspeito que boa parte das pessoas religiosas realmente ache que a religião é o que as motiva a serem boas, especialmente se elas pertencem a uma daquelas crenças que exploram sistematicamente a culpa pessoal.

A mim me parece que é preciso uma dose muito baixa de auto-estima para achar que, se a crença em Deus desaparecesse repentinamente do mundo, todos nós nos tornaríamos hedonistas insensíveis e egoístas, sem nenhuma bondade, caridade, generosidade, nada que mereça o nome de bondade. Acredita-se que Dostoiévski fosse dessa opinião, supostamente devido a algumas declarações que ele colocou na boca de Ivan Karamázov:
"[Ivan] observou com solenidade que não existia absolutamente nenhuma lei da natureza que fizesse o homem amar a humanidade, e que, se o amor realmente existia e havia existido no mundo até então, não era por causa da lei natural, mas só porque o homem acreditava em sua própria imortalidade. Ele acrescentou, num adendo, que era exatamente aquilo que constituía a lei natural, ou seja, que uma vez que a fé do homem em sua própria imortalidade fosse destruída, não seria só sua capacidade para o amor que se esgotaria, mas também as forças vitais que sustentam a vida neste planeta. Além do mais, nada seria imoral, tudo seria permitido, até a antropofagia. E, por fim, como se tudo isso não bastasse, ele declarou que para cada pessoa, como eu e você, por exemplo, que não acredita nem em Deus nem em sua própria imortalidade, a lei natural está destinada a transformar-se imediatamente no exato contrário da lei baseada na religião que a precedia, e que o egoísmo, mesmo levando à perpetração de crimes, não seria somente permissível, mas seria reconhecido como a raison d'être essencial, mais racional e mais nobre da condição humana.
Talvez por ingenuidade tendi para uma visão menos cínica da natureza humana que a de Ivan Karamázov. Será que realmente precisamos de policiamento - seja feito por Deus ou por nós mesmos - para que não nos comportemos de modo egoísta e criminoso? Quero muito acreditar que não preciso dessa vigilância - nem você, caro leitor. Por outro lado, só para enfraquecer nossa convicção, leia a experiência sobre a desilusão de Steven Pinker numa greve policial em Montreal, descrita por ele em Tábula rasa:
"Quando eu era adolescente, no orgulhosamente pacífico Canadá, durante os românticos anos 1960, era um defensor fiel da anarquia de Bakunin. Ria do argumento de meus pais de que se o governo entregasse as armas o caos tomaria conta de tudo. Nossas previsões concorrentes foram postas à prova às oito horas da manhã do dia 17 de outubro de 1969, quando a polícia de Montreal entrou em greve. Às onze e vinte, o primeiro banco tinha sido roubado. Ao meio-dia a maioria das lojas do centro da cidade havia fechado as portas por causa dos saques. Algumas horas depois, taxistas incendiaram a garagem de um serviço de aluguel de limusines que concorria com eles por passageiros do aeroporto, um atirador assassinou um policial da província, baderneiros invadiram hotéis e restaurantes e um médico matou um ladrão em sua casa, no subúrbio. No fim do dia, seis bancos haviam sido asssaltados, cem lojas haviam sido saqueadas, doze incêndios haviam sido provocados, quilos e quilos de vidros de vitrines haviam sido quebrados e 3 milhões de dólares em prejuízos haviam sido registrados, até que as autoridades da cidade tiveram que chamar o Exército e, é claro, a polícia montada para restabelecer a ordem. Esse teste empírico decisivo deixou minha política em frangalhos [... ]

Talvez eu também seja uma Poliana por acreditar que as pessoas permaneceriam boas se não fossem observadas nem policiadas por Deus. Por outro lado, a maioria da população de Montreal supostamente acreditava em Deus. Por que o medo de Deus não as conteve quando os policiais terrenos foram temporariamente tirados de cena? A greve de Montreal não foi uma ótima experiência natural para testar a hipótese de que a crença em Deus nos torna bons? Ou talvez o sarcástico H. L. Mencken tivesse razão quando disse: "As pessoas dizem que precisamos de religião, mas o que elas realmente querem dizer é que precisamos de polícia".

Acesse www.livronautas.com.br e leia mais trecho do livro Deus Um Delírio.

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