terça-feira, 29 de janeiro de 2013

1968 O Ano Que Não Terminou

Uma historia romanceada dos acontecimentos políticos e sociais que aconteceram no Brasil, durante e após o ano 1968. Ano célebre, marcado na Europa pelo movimento estudantil de Paris, liderado por Daniel Coen Benedict , foi o ano do recrudescimento do golpe de estado, que os militares brasileiros chamavam de revolução de 64. Aqui, o ditador Marechal do Exército Arthur da Costa e Silva, pressionado pelo Alto Comando das Forças Armadas, editou o AI-5, que endureceu a vida política, fechou o Congresso, demitiu juízes, permitiu prisões arbitrárias, praticou vergonhosas torturas e perseguição implacável dos inimigos da revolução, também chamados de subversivos, ou comunistas.

Assim é o novo livro do acervo Livronautas. Seu titulo: 1968 O Ano Que Não Terminou conta como fora 1964 – ano do golpe de estado que os militares brasileiros chamaram de revolução. Em 68 recrudesceu a raiva, a vingança, a ignorância, a prepotência, a arrogância e a estupidez dos militares. 
Foi na esteira dos acontecimentos do mês de maio de 68, em Paris, onde Daniel Coen Benedict liderava ruidosas e agressivas passeatas de estudantes que bradavam por mudanças sociais, políticas e estudantis. Os estudantes franceses conseguiram. Os estudantes brasileiros, no mesmo ano, foram presos e muitos torturados.

Segundo o livro de Zuenir Ventura - 1968 começou embalado numa festa de réveillon na antológica mansão carioca de Heloísa Buarque de Holanda. E não teve mais fim. Zuenir, testemunha da festa e de tudo o mais, relata o início dos anos de chumbo.

O autor mistura – com estilo e competência – as entrevista com os protagonistas, documentos, com suas próprias memórias, sem mágoas das vivências nem o ranço dos sofrimentos que passou quando preso.

Além da política propriamente dita, o livro trata com muita propriedade das evoluções, involuções, conquistas, avanços e atrasos sociais, culturais e educacionais como as discussões sobre sexo nas salas de aula, o avanço da moda que era reflexo da rebeldia dos jovens, as discussões sobre as artes, o uso da pílula anticoncepcional, que provocou mudanças extremas no comportamento da mulher brasileira; o uso da maconha na classe média alta, muitas vezes até como forma ideológica, os inconvenientes da religião, embora determinadas alas da igreja católica tenham optado pelas estranhas comunidades eclesiais de base, a necessidade cultural da leitura dos comunistas consagrados Karl Marx, Trotsky e Guevara.

De resto, Zuenir conta muito sobre a censura, punição, cassação, tortura, exílio e repressão dos inimigos da revolução.
A leitura, embora por vezes romanceada (e bem) é indispensável para se entender a vida de políticos, de militares, de professores, empresários, estudantes, funcionários públicos, artistas, trabalhadores privados, profissionais liberais, a mídia como um todo e cidadãos comuns no Brasil entre os anos 1964 – 1985.

O livro é excelente. O autor num livro anterior "Pecado da Inveja", romancinho mediano, não teve nenhum sucesso. Todavia, neste "1968 O Ano Que Não Terminou" esbanjou talento de repórter, de escritor e muita competência.

Este livro está esgotado nas principais livrarias do Brasil. Quando se consulta o preço no Buscapé, as livrarias informam que é livro esgotado. Por certo, foi editado em 2008. Mas pode ser encontrado nos sebos que vendem através da internet, o preço varia de
R$ 5,00 a R$ 40,00 mais frete.

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