quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Livro Enquanto Água de Altair Martins


De quando em vez surgem livros de crônicas ou de contos. Geralmente são ruins. O gênero "conto" ou "crônica" é como "estágio" de universitário ou como a "residência" dos que estudam medicina. Bons contistas ou cronistas, muitas vezes, viram excelentes escritores. Por óbvio. Ninguém é escritor se não for um bom contador de casos e de histórias. Conto e crônica são histórias breves. Livros apresentam histórias grandes, muitos personagens e muitos cenários. Escritor de romance precisa de talento. Ao cronista basta saber manipular bem o idioma. Talvez, por isso os melhores e mais festejados escritores escrevem romances. Histórias inteiras, completas, não necessariamente longas ou compridas. Aliás, nunca se viu um contista ou um cronista receber o prêmio Nobel, o Pulittzer ou o Premio da Academia Francesa de Literatura.

"Enquanto Água", como livro de crônicas é uma das raras e caras exceções. Altair Martins tem talento (além de preparo) e demonstra isso na construção de seus personagens com finuras leves, inteligentes, movimenta-os com emoção. Rubem, o auxiliar de Pastor que se apaixona e dorme e foge com a mulher do pescador e o cachorro Mundinho, são personagens do conto "margem futura" e transitam muito bem no primeiro conto. O livro é bom. O autor melhor que o livro.

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